As ilhas oceânicas se destacam por não apresent...as ilhas oceânicas se destacam por não apresentarem os típicos impactos causados pela urbanização crescente na zona costeira e por possuírem ainda os melhores indicativos de cadeias tróficas intactas. os fatores que contribuem para tal padrão no caso das ilhas oceânicas brasileiras são: o isolamento (alta taxa de endemismos), a densidade populacional reduzida e algum nível de proteção. duas estão sob controle do icmbio (fernando de noronha = parque nacional; atol das rocas = reserva biológica) e outras duas com programas de pesquisa continuada, apoio logístico da marinha do brasil e financiamento do cnpq (arquipélago de são pedro e são paulo - aspsp e trindade). deste modo, as ilhas constituem um cenário único para serem caracterizadas como um sítio de monitoramento a longo prazo, permitindo antecipação de possíveis alterações futuras. os componentes bióticos a serem monitorados incluem compartimentos do plâncton, do bentos e do nécton, juntamente com fatores oceanográficos, e diversidade genética e funcional dos sistemas recifais. esses componentes se integram de modo a incluir os melhores indicadores frente aos impactos antropogênicos, já identificados para as ilhas oceânicas, bem como possíveis mudanças globais. o caranguejo aratu da rocha grapsus grapsus ocorre no atlântico sul ocidental apenas nas ilhas oceânicas brasileiras (atol das rocas, fernando de noronha, arquipélago de são pedro e são paulo e ilha da trindade). g. grapsus é uma espécie chave no costão rochoso e a sua distribuição restrita deixa a espécie vulnerável as mudanças ambientais globais. a conectividade de suas populações ocorre através da dispersão das larvas pelas correntes marinhas, estando os caranguejos de trindade relativamente isolados. a análise da série temporal integrando dados de captura- recaptura de curto prazo (2019), de fecundidade e de monitoramento populacional de longo prazo (2003-2019), coletados no aspsp, atol das rocas (ra) e ilha da trindade (tri) em relação a aumento de ondas de calor marinho (ocm) e anomalias de temperatura superficial do mar (tsm) mostrou que apesar das tendências semelhantes de aumento de ocms e anomalias da tsm em aspsp e ra, a população abundante de aspsp foi fortemente afetada, enquanto a população de ra, pouco abundante, não foi afetada por nenhuma variável. portanto, tanto processos denso-independentes quanto denso-dependentes atuam como agentes na dinâmica populacional do caranguejo-aratu nas ilhas oceânicas. em um cenário de aumento da temperatura do oceano e de eventos extremos, compreender os fatores determinantes da dinâmica populacional é essencial para avaliar a vulnerabilidade climática de espécies marinhas com larga distribuição latitudinal. além disso, o monitoramento de suas populações sinaliza a saúde de uma zona crítica de transição entre o ambiente terrestre e recifal. trabalhos recentes mostram que a interação biológica é responsável por grande parte da explicação da variabilidade das comunidades biológicas, e como o zooplâncton de forma geral, apresenta um ciclo de vida curto, esses organismos podem responder rapidamente a variabilidade ambiental e não são capturados como recurso pesqueiro. assim, o zooplâncton é uma boa variável resposta às mudanças climáticas em séries temporais. a grande maioria dos animais marinhos depende do zooplâncton como alimento em alguma fase da vida e a grande maioria dos invertebrados e peixes recifais tem um estágio de vida planctônico. um aspecto de grande relevância no estudo a longo prazo do zooplâncton consiste no monitoramento das taxas de mortalidade desta parcela, em virtude de prever a real contribuição da parcela viva para os elos das teias alimentares das ilhas oceânicas. considerando o fato de que os consumidores de primeira e segunda ordens do plâncton têm grande importância na transferência de matéria e energia para os níveis tróficos superiores nas teias alimentares oceânicas, fazer referência aos valores de densidade do zooplâncton na ocasião da estimativa da biomassa viva disponível para elos superiores, pode superestimar tal participação. análises de biomassa sestônica do zooplâncton que foram amostrados durante três anos interanuais (2010, 2012 e 2014) no atol das rocas, fernando de noronha e aspsp indicaram uma menor biomassa no ano de maior estresse termal (2010). dessa forma, estudos de longo prazo podem refinar esses resultados, e com interpretações mais acuradas quando realizados em conjunto com o estudo da composição e mortalidade dos grupos. com essas abordagens, será possível um melhor entendimento dos compartimentos pelágicos ao redor dessas áreas oceânicas. outro aspecto importante para esse ambiente foi que os autores associaram uma maior biomassa de zooplâncton ao redor do aspsp, quando comparadas às outras ilhas, mostrando um dos motivos pelo qual esse ambiente apresenta notáveis as agregações de peixes pelágicos. existem vários estudos sobre a comunidade planctônica ao redor das ilhas oceânicas brasileiras, como os realizados para os grupos de larvas de invertebrados e peixes para aspsp, e com comunidades de zooplâncton e zooneuston em fernando de noronha. esses estudos ainda são pontuais, fazendo a necessidade de realizar o monitoramento e a produção de larvas de crustáceos, ovos e larvas de peixes pela comunidade recifal. a partir da nova edição do peld-iloc, e com a possibilidade de trabalhar nas ilhas com a suavização da pandemia de covid 19, as amostragens de plâncton foram iniciadas. espera-se associar os dados de plâncton a produtividade do ambiente recifal, abundância de peixes planctivoros e ciclo de vida do bentos, devido a produção de larvas planctônicas.