Estudos epidemiológicos e clínicos vêm demonstr...estudos epidemiológicos e clínicos vêm demonstrando associação entre alterações metabólicas, como hiperglicemia ou resistência à insulina, com o desenvolvimento de demência, como, por exemplo, a doença de alzheimer. recentemente observou-se que elevações pontuais na glicemia (quatro dias de café da manhã hipercalórico) foi capaz de reduzir a aprendizagem dependente de hipocampo em sujeitos saudáveis não obesos. a relação entre disfunções metabólicas e déficits cognitivos teve suas bases moleculares parcialmente entendidas somente nas últimas décadas. a título de exemplo, o encéfalo afetado pela doença de alzheimer apresenta disfunções e alterações na cascata de sinalização da insulina semelhantes àquelas vistas nos tecidos periféricos de pacientes com diabetes mellitus tipo 2 (dm2), isto é, a fosforilação dos irs-1 é predominantemente em resíduos de serina, o que inibe a via de sinalização e explica em termos moleculares a resistência à insulina central vista nessa patologia. sabe-se que, na patogênese da dm2, a intolerância à glicose é geralmente precedida por um estado periférico de resistência à insulina que pode estar associado ou não ao comprometimento da secreção de insulina. nesse sentido, um efeito deletério de dietas ricas em gordura (hf, do inglês high fat) na homeostase da glicose e predisposição ao diabetes tem sido demonstrado em vários modelos. a título de exemplo, camundongos c57bl/6, quando alimentados com uma dieta hf, apresentaram aumento de colesterol, da glicemia em jejum, insulina plasmática, ganho de peso e intolerância à glicose. não obstante, camundongos c57bl/6 alimentados com dieta hf apresentaram significativa redução de um fenômeno conhecido como potenciação de longa duração (ltp, do inglês long term potentiation), prejudicando a formação de memórias, evidenciado pelo desempenho prejudicado desses animais em testes de memória, quando comparados aos animais alimentados com dieta padrão. recentemente, nosso grupo demonstrou que o paradigma do enriquecimento ambiental é capaz de prevenir déficits cognitivos induzidos por uma dieta rica em colesterol em camundongos. no entanto, o mecanismo exato pelo qual isso ocorreu não foi esclarecido. especula-se sobre a potencial conexão entre os efeitos do enriquecimento ambiental na glicemia periférica e seus efeitos sobre a cognição, uma vez que o enriquecimento ambiental reverteu significativamente a intolerância à glicose nos animais submetidos a dieta hipercolesterolêmica. não obstante, dados não publicados do nosso grupo sugerem que, cronologicamente, os déficits metabólicos surgem antes dos déficits cognitivos. observamos que camundongos tratados com dieta hf apresentam intolerância à glicose após um mês de dieta, mas não prejuízos cognitivos, os quais surgem posteriormente. suspeitamos que as disfunções metabólicas precedem os déficits cognitivos e que a prevenção ou atenuação de tais disfunções possa ter efeito protetor sobre as alterações cognitivas e comportamentais. assim, a hipótese do presente trabalho é que a exposição à dieta hf resultará em prejuízos metabólicos e comportamentais em camundongos c57bl/6 e que o tratamento com metformina (fármaco amplamente utilizado para amenizar a glicemia dos quadros de dm2) será capaz de atenuar tais prejuízos.