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Universidade Federal de Santa catarina (UFSC)
Programa de Pós-graduação em Engenharia, Gestão e Mídia do Conhecimento (PPGEGC)
Detalhes do Documento Analisado

Centro: Filosofia e Ciências Humanas

Departamento: História/HST

Dimensão Institucional: Pesquisa

Dimensão ODS: Institucional

Tipo do Documento: Projeto de Pesquisa

Título: MÉXICO: UMA NAÇÃO DESTROÇADA EM SEU TERRITÓRIO

Coordenador
  • WALDIR JOSE RAMPINELLI
Participante
  • WALDIR JOSE RAMPINELLI (D)

Conteúdo

O méxico chega ao início da década de 1850 com ...o méxico chega ao início da década de 1850 com sua nação destroçada; com metade de seu território usurpado; com a região da mesilla vendida à força; com seu palácio nacional tomado, em setembro de 1847, pelas tropas invasoras; e com a bandeira estadunidense tendo tremulado no zócalo, sua principal praça na capital, durante nove longos meses. manifestações populares contra esta intervenção aconteceram, enquanto que a elite, na sua imensa maioria, lavava as mãos. o primeiro soldado que tentou hastear a bandeira “das estrelas e das barras” foi morto por um mexicano nacionalista, que do alto de um prédio o alvejou. o presidente da municipalidade entregou a cidade aos cuidados do general estrangeiro e, simultaneamente, choveu pedras contra os intrusos dos telhados das casas. o poeta guillermo prieto fala em quinze mil homens, que "sem armas, desordenados e frenéticos, se lançaram contra os invasores". o tratado guadalupe-hidalgo (1848), nomes profundamente ligados a história mexicana nos campos religioso-político, assinado pelo ditador antonio lópes de santa anna, formalizou a entrega de uma parte significativa do país, isto é, 2.400.000 km². os estados do texas, do novo méxico, do arizona, do utah, de nevada e da califórnia foram arrebatados pela voracidade de washington por ser esta região muito rica em petróleo e ouro. a história do méxico sofre um verdadeiro trauma, uma violenta ruptura, uma sentida ausência. parecera ter sido inutil todas as batalhas travadas no pós independência (1821) para a construção de uma nação livre e soberana; todo o sangue derramado de um povo na manutenção de suas fronteiras, ao norte; todos os personagens surgidos na defesa do país, como os meninos hérois de chapultepec, que enrolados na bandeira mexicana morreram enfrentando o exército invasor dos estados unidos; todo o apoio internacionalista recebido, como o do batalhão de são patrício, composto por soldados irlandeses que abandonaram o exército imperial de washington e se passaram ao lado dos mexicanos; enfim, todas as lutas contra as garras da doutrina do destino manifesto, que avançava para o oeste do território estadunidense praticando um genocídio contra os povos originários, e para o sul, se apossando dos países. os olhos da águia imperial, devoradora e expansionista, viam mais longe; buscavam todo o caribe dentro da concepção de mare nostrum, defendendo falsas teorias, como a da fruta madura e a da espera paciente; ansiavam pela amazônia e por sua sua riqueza vegetal e mineral, projetando a emigração forçada de negros como garantia de um colonialismo usurpador; queriam, por fim, a américa, até a terra do fogo, se possível. para tanto, os dominadores julgavam-se civilizados, enquanto os demais eram bárbaros; diziam-se possuidores de história, enquanto alguns careciam dela; pensavam ser guiados pela luz divina, enquanto os outros viviam nas trevas. ao méxico de 1850 falta-lhe uma parte significativa de sua história. é um corpo fraturado que será visualizado nos mapas estampados nos seus museus, que vai encolhendo a cada década que passa, desde 1810. a pergunta recorrente das crianças do ensino fundamental às professoras, quando de visita a estes locais, é sempre a mesma: quién nos há robado tanto? foram tantas as invasões armadas, que possivelmente o méxico seja o único país do mundo que tenha o seu “museu das intervenções”, em churubusco, zona sul da cidade, local em que deu uma grande batalha contra os invasores estadunidenses, em 20 de agosto de 1847. diante do fracasso de uma geração que não soube aprofundar o conceito de pátria que os próceres da independência haviam iniciado – principalmente os sacerdotes miguel hidalgo y costilla e seu continuador, josé maria morelos – surgiu um novo grupo de pessoas que pensou a reconstrução da nação, o estabelecimento de um estado soberano, a criação de uma constituição liberal que assegurasse os direitos individuais, o controle da igreja e de todos os seus tentáculos, a limitação da classe oligárquica, enfim, a estruturação das bases para a formação de um capitalismo moderno. os povos originários, com mais de 50 mil anos de história na mesoamérica, não estavam incluídos neste projeto. pelo contrário, deveriam perder suas terras ancestrais, quer em forma de ejido ou comunal, já que as mesmas seriam postas em subastas públicas e seus ocupantes estariam destinados a vender sua força de trabalho aos novos proprietários. era a divisão internacional do trabalho em marcha. o processo de expansão das grandes potências na américa latina, no século xix, não pôs em perigo a existência dos países ao longo do continente, com exceção do méxico, em dois momentos históricos específicos: quando da guerra dos estados unidos, em 1846-1847; e, quando da intervenção francesa, entre 1863-1867. enquanto muitos mexicanos defendiam a estratégia de guerras de guerrilhas contra os intrusos, outros apostavam em salvar o que havia sobrado e terceiros apoiavam os que chegavam. o impacto mais direto da intervenção estadunidense foi o surgimento de uma categoria de pensadores liberais, que responsabiliza a igreja católica e o grupo dos conservadores pela derrota diante de washington. dai a necessidade de eliminar a igreja como força política, econômica, financeira e cultural e, ao mesmo tempo, derrotar os conservadores como partido para transformar o méxico em um país moderno. por sua vez, a consequência imediata da intervenção francesa possibilitou que os liberais vitoriosos em sua guerra de guerrilhas lograssem mobilizar e armar as classes subalternas, dando-lhes novos poderes e fazendo com que as mesmas tomassem consciência de sua força; ao mesmo tempo, a guerra suscitou a reconciliação da classe latifundiária, antes dividida entre liberais e conservadores, e agora unida contra os de baixo, desembocando no longo período do porfiriato. os liberais, vencedores da revolução de ayutla e da guerra de reforma, podem ser classificados, por sua ideologia, em três grupos distintos. primeiramente, os jacobinos, que defendem, por meio de medidas legislativas e econômicas, a divisão da grande propriedade da terra que estava concentrada nas mãos da igreja e de alguns fazendeiros; somente por meio da reforma agrária poderia surgir uma agricultura produtiva e consequentemente um mercado interno que absorvesse a produção da indústria local. em segundo lugar, os liberais moderados, que foi a tendência majoritária, capitaneada por benito juárez. pregavam a redução do poder da igreja e um maior controle dos poderes civis sobre o exército, mas se opunham a uma reforma agrária. na verdade, queriam uma expropriação das grandes propriedades religiosas, as quais deveriam constituir as bases da modernização capitalista. o “capital morto” da igreja deveria ser transformado em “capital vivo”, na expectativa de que surgisse uma classe de camponeses médios produtivos e ascendentes. esperavam, também, que o término do monopólio da igreja atraísse imigrantes europeus, fazendo surgir uma classe média. por fim, na terceira posição, apareciam os liberais fazendeiros, que defendiam a abolição das propriedades da igreja para poder compra-las e aumentar, deste modo, seu poder no país. alguns princípios uniam estas três categorias de liberais, tais como a expropriação das terras da igreja e de seu poder político, econômico, financeiro e ideológico; a extinção das terras comunais e dos ejidos; e a implantação de um estado capitalista moderno com um mercado aberto. objetivos: - entender as razões do "destino manifesto" que levaram os estados unidos a se apossar do méxico; - descrever as vantagens obtidas por washington pela conquista territorial; - pesquisar as crises internas mexicanas geradas pela perda de metade de seu território; - analisar as consequências refletidas, ao longo da história mexicana, com a fratura de seu país; - mostrar como os museus refletem em seus espaços estas perdas. metas: - mostrar, como o nacionalismo, nos países dependentes, é um mecanismo de defesa territorial; - expor, como revoluções surgem por conta de uma auto consciência nacional; metodologia: - a metodologia a ser empregada vai ser a da história comparada entre dois países distintos, isto é, um desenvolvido e outro subdesenvolvido; - analisar os documentos de ambos os países e como eles se manifestam oficialmente; - pesquisar, em alguns jornais de ambos países, como se deram as coberturas destes eventos;

Índice de Shannon: 3.83063

Índice de Gini: 0.918499

ODS 1 ODS 2 ODS 3 ODS 4 ODS 5 ODS 6 ODS 7 ODS 8 ODS 9 ODS 10 ODS 11 ODS 12 ODS 13 ODS 14 ODS 15 ODS 16
4,06% 5,51% 6,57% 3,93% 5,91% 4,38% 5,61% 6,49% 5,47% 6,35% 11,82% 3,80% 4,09% 4,23% 4,35% 17,44%
ODS Predominates
ODS 16
ODS 1

4,06%

ODS 2

5,51%

ODS 3

6,57%

ODS 4

3,93%

ODS 5

5,91%

ODS 6

4,38%

ODS 7

5,61%

ODS 8

6,49%

ODS 9

5,47%

ODS 10

6,35%

ODS 11

11,82%

ODS 12

3,80%

ODS 13

4,09%

ODS 14

4,23%

ODS 15

4,35%

ODS 16

17,44%