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Universidade Federal de Santa catarina (UFSC)
Programa de Pós-graduação em Engenharia, Gestão e Mídia do Conhecimento (PPGEGC)
Detalhes do Documento Analisado

Centro: Tecnológico

Departamento: Arquitetura e Urbanismo/ARQ

Dimensão Institucional: Pesquisa

Dimensão ODS: Econômica

Tipo do Documento: Projeto de Pesquisa

Título: UM PANORAMA DA ARQUITETURA E CULTURA URBANA CONTEMPORÂNEAS A PARTIR DA OBRA DE REM KOOLHAAS

Coordenador
  • PAOLO COLOSSO
Participante
  • PAOLO COLOSSO (D)

Conteúdo

as frentes de atuação do arquiteto holandês ... as frentes de atuação do arquiteto holandês rem koolhaas multiplicam-se, ao longo de sua trajetória, entre investigações urbanas, atividade projetual, ensino universitário, escrita de ensaios, curadorias e, ainda, parcerias com o mundo da moda. desde sua formação o arquiteto aposta em trabalhos coletivos. essas inserções ramificadas, controversas, fazem de koolhaas uma figura paradigmática, que encarna as possibilidades e contradições da cena arquitetônica e da cultura urbana dos últimos trinta anos. nesse sentido, o objetivo deste projeto de pesquisa é reconstituir um panorama da arquitetura e cultura urbana contemporâneas a partir dessa figura paradigmática, em suas relações com as metrópoles ditas “globais”. a produção de koolhaas-oma-amo é, portanto, objeto de análise, mas também mediação para compreendermos uma série de práticas partilhadas entre esta geração de arquitetas/os e artistas atuais, além de processos histórico-culturais mais gerais. para tanto, dividimos a pesquisa em dois momentos. num primeiro momento, reconstituiremos a trajetória capilarizada de koolhaas e seus escritórios oma-amo, tendo em vista três questões: 1) compreender redefinições no campo disciplinar nas ultimas duas décadas do século xx até os dias de hoje, do ponto de vista dos métodos de projeto e da incorporação de tecnologias digitais – de informação e comunicação; 2) analisar de que maneiras o arquiteto reflete e retrata a cultura urbana dita “global”; por isso, analisamos as noções-chave – cidade genérica, bigness e junkspace, bem como seus trabalhos gráficos; 3) entender em que medida koolhaas aposta numa postura de experimentação que combina teoria e prática, reflexão e intervenção. a obra s,m,xl dos anos 1990 é um bom ponto de partida para tratar de tais questões. na tentativa de retratar sua realidade, koolhaas e seu office for metropolitan architecture montam gráficos que traduzem as flutuações de um escritório que ganha feições empresariais com projeção na europa e nos estados unidos, o que significa uma ampla difusão de seus projetos, mas não necessariamente uma consolidação em termos administrativos. entre os projetos, somam-se fotomontagens, fotos de exposições do oma, de cenas de pornografias e de propagandas de roupas íntimas. o livro s,m,l,xl utiliza dispositivos da cultura pop mais subversiva, ressignificando no “romance da arquitetura” imagens da já estabelecida sociedade de informação e consumo. e, além disso, inclui no domínio da disciplina formas recentes de expressão. será importante, ainda nessa etapa, entender a incorporação de outras linguagens e tecnologias nos trabalhos de leitura urbana e projetação de diversos arquitetos que passaram pelo oma-amo e fundam seus próprios escritórios como mvrdv, foa architects, ou então apenas dialogam com esses, como big architects. trata-se de experimentações gráficas e visuais recentes, que se valem dos denominados diagramas e de estratégias ditas “paramétricas”. estes escritórios, de atuação global, em grande medida desdobram e desenvolvem um repertório aberto pelo arquiteto holandês nos anos 1990 e 2000. não menos importante são os mapeamentos e cartografias coletivas, que compreendem tendências sociais e as traduzem em linguagens espaciais. com abordagens diversas, essas experimentações tem sido muito utilizadas nos meios artísticos, em coletivos ativistas e em iniciativas comunitárias. não se trata de modos novos de representação da arquitetura e do espaço urbano, mas de um novo repertório de produção coletiva de propostas urbanas . de volta a koolhaas-oma-amo, devemos perseguir seus projetos dotados de “bigness”, em especial seu conjunto de propostas para bibliotecas. nos anos 1990, os projetos manifesto para a très grande bibliotheque de paris, as duas bibliotecas em jussieu e o projeto executado em seattle. será importante investigar como os elementos destacados anteriormente se apresentam concretamente nessas propostas. no que diz respeito a seus ensaios, merecerão destaque “cidade genérica” e “junkspace”, na medida em que mostram aspectos da modernização/urbanização em escala global, identificados por teorias sociais críticas de autores como fredric jameson, david harvey e otília arantes. na segunda parte da pesquisa, o trabalho desenvolverá a hipótese de que há uma inflexão histórica -- com continuidades e descontinuidades -- em relação aos anos 1990 e 2000, que não é acompanhada por koolhaas, mas sim por diversos outros autores como david harvey, paolo gerbaudo e ermínia maricato. se os anos 1990 e 2000 eram perpassados pela ideia do esvaziamento dos espaços públicos em direção aos espaços de consumo e ao mundo virtual – isso está claro nos ensaios sobre a cidade genérica e o junkspace --, de 2011 em diante o mundo assiste a uma onda de vida urbana insurgente, marcada pela reapropriação de espaços públicos, que, por razões diversas, manifestaram-se nas ruas e praças da turquia à espanha dos indignados, passando pelas praças do occupy, pelas manifestações contra a tarifa em junho de 2013 no brasil e, novamente aqui, por moradia digna no contexto dos megaeventos. estas movimentações muitas vezes tem a cidade como pauta, mas sobretudo como palco e, ainda, valem se dos recuros urbanos em seus repertórios de ação. nesses momentos, a cultura urbana se reaproxima do cotidiano vivido por esses sujeitos que se insurgem, experimentam e demandam por outras formas de organização vida social. com eles, novas categorias são postas em circulação. é das próprias ruas que retorna com força a ideia de “direito à cidade”, forjada por henri lefebvre e bastante utilizada por harvey. circula também entre os movimentos de praças e as redes a necessidade de preservar os bens que nos colocam todos num futuro partilhado, isto é, os “bens comuns”. o circuito das artes não passa incólume a essa onda de transbordamentos. alguns exemplos interessantes são a bienal de arquitetura de são paulo de 2013, que traz diversos elementos dos dias convulsivos e sobre “modos de usar” a cidade. a documenta 13( 2012) , a bienal de berlim(2012), a exposição soulèvements de georges didi-huberman( 2016) . ou mesmo a onda de ocupações artísticas em edifícios urbanos ociosos, de berlim a barcelona, belo horizonte a são paulo . a pesquisa deve compreender as categorias propostas por didi-huberman, pelos autores da tecnopolítica e ligados ao conceito de “comum”, a fim de entender em que medida estes impactam a produção artística contemporânea. do ponto de vista da arquitetura, parece ter havido um certo recuo em relação aos projetos macroesculturais de orçamentos vultosos. estocolmo na suécia abre mão de sua candidatura para jogos olímpicos de inverno em 2022, afirmando que prefere investir em moradia. nesses mesmos anos, ganha o premio pritzker o chileno alejandro aravena(2016) , cuja trajetória é marcada por pesquisas para habitações sociais. o júri lembra, na ocasião, que a “arquitetura deve responder a desafios humanitários”. o quadro de orçamentos reduzidos e “austeridade” parece abrir possibilidade para uma racionalidade mais atenta às necessidades sociais. isto não impede que o empresarialismo da governança urbana siga ampliando seus exemplares, como atestam o museu do amanhã e o museu de imagem e som no rio de janeiro. ainda na chave da ruptura de consensos, vale lembrar que em grandes cidades pioneiras do marketing urbano como barcelona ocorreram recentemente protestos de associações de moradores contra o turismo, que tem pressionado o valor de alugueis, gentrificado bairros e, segundo moradores, recebido parcelas do orçamento público que poderiam ser destinadas a outras áreas. a gestão municipalista de ada colau criou, por sua vez, medidas restritivas para novos empreendimentos hoteleiros e políticas mais efetivas de habitação social. o momento de crise parece ser propício a uma suspensão do espetáculo do empresarialismo urbano. é possível, com isso, voltar-se às contradições das metrópoles e seus reais desafios. até meados da década de 2010, essas insurgências traziam mais esperança do que medo; no fim da mesma, os tempos turbulentos se tornam mais ambíguos e em alguns casos nitidamente regressivos. mas é fato que se trata de um momento de ruptura de consenso, em que todo o esgarçado espectro de forças sociais vêem as ruas e os espaços públicos como lugar de demonstração de suas demandas e inquietações. é nesse momento em que avaliaremos, junto de alunos e alunas, possibilidades de atividades extensionistas junto à sociedade. as questões que devemos nos colocar são as seguintes: como nós arquitetos intervimos nesse caldo de cultura urbana que luta por direito à cidade? como as tecnologias digitais de informação e comunicação, bem como as linguagens visuais usadas recentemente – grafismos, vídeo-ensaios, cartografias colaborativas -- podem disputar narrativas sobre o fenômeno urbano?

Índice de Shannon: 0.703632

Índice de Gini: 0.154269

ODS 1 ODS 2 ODS 3 ODS 4 ODS 5 ODS 6 ODS 7 ODS 8 ODS 9 ODS 10 ODS 11 ODS 12 ODS 13 ODS 14 ODS 15 ODS 16
0,72% 0,44% 0,41% 0,35% 0,51% 0,35% 0,29% 0,83% 0,72% 0,44% 91,93% 0,50% 0,38% 0,30% 0,25% 1,56%
ODS Predominates
ODS 11
ODS 1

0,72%

ODS 2

0,44%

ODS 3

0,41%

ODS 4

0,35%

ODS 5

0,51%

ODS 6

0,35%

ODS 7

0,29%

ODS 8

0,83%

ODS 9

0,72%

ODS 10

0,44%

ODS 11

91,93%

ODS 12

0,50%

ODS 13

0,38%

ODS 14

0,30%

ODS 15

0,25%

ODS 16

1,56%