O presente projeto intitula-se “o papel do cine...o presente projeto intitula-se “o papel do cinema como ferramenta de literacia publicitária e de leitura crítica da sociedade de consumo em geral em escolas de florianópolis e região”. seu objetivo geral é compreender como o cinema pode ser utilizado no processo de educação crítica de alunos, professores e da população em geral quanto aos impactos sócio-ambientais-econômicos e subjetivos dos processos que formam e alimentam as sociedades de consumo contemporâneas, entre eles, a publicidade, o consumismo e as engrenagens dos sistemas capitalista de consumo e neoliberal. com objetivos específicos do projeto, tem-se: a) estudar as bases do sistema capitalista de consumo neoliberal predominante atualmente, destacando suas engrenagens industriais, suas ideologias, suas ferramentas gerais, e seus impactos sócio-ambientais-histórico-econômicos e subjetivos; b) delimitar, em seguida, estas análises para o território específico do projeto, ou seja, os cenários econômico, ambiental, cultural, entre outros aspectos, de florianópolis e região, especificamente das populações das escolas públicas estudadas; c) estudar os padrões de comportamento de consumo que auxiliam na perpetuação destes sistemas; d) compreender amplamente os conceitos de cinema e educação, mídia-educação, educomunicação, literacia publicitária e leitura crítica de mídias; e) compreender a função transformadora da arte, incluindo a aqui, o cinema; f) verificar se as escolas públicas brasileiras, em especial as de florianópolis e região, possuem alguma aproximação com atividades de leitura crítica da sociedade de consumo, incluindo literacia publicitária, envolvendo, também, o cinema em suas abordagens; g) levantar filmes críticos sobre a sociedade de consumo, em seus mais diversos aspectos. o eixo amplo de pesquisa em que se enquadra pode ser definido como “indústrias criativas, capitalismo e ética”. o projeto amplo, ou guarda-chuva que o abarca pode ser entendido como “as violências do capital nas sociedades de consumo e suas implicações éticas: estratégias de dominação e resistência através do cinema”. este projeto específico de pesquisa visa combater tais atravessamentos e hegemonia do capital, não apenas denunciando violências como estas no cinema, mas, sobretudo, estudando e visibilizando certos formatos de cinema que se configuram como resistência a tal hegemonia, sobretudo pelas narrativas que propagam. trata-se, concretamente, de levantar e publicizar filmes de crítica às sociedades de consumo e neoliberais, bem como, compreender a fundo de que forma o cinema pode ser utilizado como ferramenta de leitura crítica à sociedade de consumo, e, especificamente, de literacia publicitária como etapa desta formação de pensamento crítico, já que a publicidade é um dos principais instrumentos de propagação e sustentação do estilo de vida capitalista contemporâneo, bem como de valores neoliberais. uma das justificativas mais evidentes deste projeto de pesquisa é a urgente necessidade de desnaturalizar o estilo de vida consumista e os modelos de produção capitalista como meios únicos e necessários para o curso da vida. um dos cenários que escancaram essa necessidade é nítido, doloroso e ainda presente: a pandemia de covid-19 deflagrada no ínicio de 2020 e que perdura até hoje. gouvêia (2020, p. 21) aponta enfaticamente a relação entre as bases do sistema capitalista e o cenário pandêmico ao registrar que “é imprescindível lembrar que a própria covid-19 não é um ‘agente externo e não existiria e/ou não teria as mesmas consequências fora do sistema capitalista’”. esse modo de produção resulta de um processo de destruição ambiental: “é bastante provável que a expansão territorial do capitalismo tenha levado ao contato com vírus presentes em outras espécies e com os quais não teria havido contato em outras circunstâncias”. é por isso que, “a reprodução da vida no capitalismo está sobredeterminada pela mercantilização”: há uma “contradição entre as relações sociais de produção de tipo capitalista e o desenvolvimento das forças produtivas [a vida]” (gouvêia, 2020a, p. 22). um quadro que permite entender bem essa reflexão de gouvêia é o desmatamento, enquanto resultado capitalista de se obter mais “meios de produção”, como terras e matérias-primas para a produção massiva e lucrativa de mercadorias (catani, 1982). biólogos, médicos, biomédicos e outros pesquisadores explicam com clareza essa relação: ao desmatar, a biodiversidade tende a diminuir; com isso, espécies portadoras de agentes patógenos diversos ficam sem predadores naturais e se multiplicam descontroladamente; assim, maior a chance de terem contato com humanos, o que é propiciado pelo fato da criação de pastos e cultivos em áreas florestais geralmente ser acompanhada de aumento de densidade populacional no entorno. diante disso, nota-se que consumismo e capitalismo estão atrelados não só a desigualdades sociais, e outros problemas psicossociais, mas também a uma ameaça latente (ou já clara) de preservação da vida humana e ambiental em geral. neste contexto, desnaturalizar ambos os cenários como (anti)ética da vida moderna faz-se mais do que urgente e utilizar o cinema e alunos e professores da rede pública de ensino para esta desnaturalização e pensamento crítico pode ser um importante caminho a ser traçado. as áreas institucionais-acadêmicas de pesquisa nos o projeto se encaixa consistem na “economia política da comunicação e da cultura” (ou economia política do cinema, e teoria crítica do cinema) e também “cinema e educação”. esta pesquisa estará diretamente ao projeto de extensão “contraplano: repensando o consumo através do cinema”, que prevê a realização de cineclubes em escolas públicas, especialmente com alunos e professores contemplando filmes que suscitam um debate crítico a respeito da centralidade do consumo na contemporaneidade, bem como a produção de audiovisuais, por alunos e professores, voltados à disseminação de histórias em que os sujeitos e a sociedade não tenham sua felicidade pautada centralmente na renovação de desejos de consumo.