A fenomenologia hermenêutica se caracterizou po...a fenomenologia hermenêutica se caracterizou por rejeitar a pretensão de um conhecimento objetivo, independente da experiência humana, justificando essa pretensão com base nas camadas implícitas da experiência, sejam elas tomadas como a priori em sentido forte, sejam elas historicamente condicionadas. alega-se que a descrição deve substituir a construção intelectual, presente até no empirismo. a dificuldade maior consiste no caminho de volta, que remonta das camadas constitutivas básicas até as estruturas fácticas da percepção ou da ocupação. em todas as disciplinas o passo da reconstrução é o que tem demandado maiores esforços. no caso das artes, que em tese já se libertaram da comparação desfavorável com a ciência e já não tem compromisso com o mimetismo, pareceria que a análise fenomenológica não se faz necessária. ao contrário, é desejável suceder a psicologia da visão e da audição, que dominaram a teoria da arte no século retrasado, de modo a ancorar os parâmetros das artes em modos de recepção e, portanto, criação de obras de arte. com heidegger, o ponto de vista do receptor é recusado em prol de uma ontologia da arte. apesar de esta ser a doutrina oficial de heidegger sobre a arte –a saber, que a obra de arte instala os significados existenciais primeiros de uma comunidade—seria possível buscar algo como as estruturas existenciais constitutivas da arte. considerando a importância crucial da temporalidade para a analítica existencial, pergunta-se se é possível fazer uma análise existencial que embase as diferentes decisões sobre como tratar o tempo na música. o pensamento que já não é analítico-existencial também será considerado, pois concentra os usos pré-técnicos e o sentido originário das palavras musicais.