Atualmente, os compostos organofosforados são o...atualmente, os compostos organofosforados são os pesticidas mais utilizados na agricultura e o seu uso generalizado tem contribuído para a poluição ambiental e risco potencial à saúde, incluindo casos crônicos e agudos de intoxicações, tanto em animais quanto em humanos. estudos prospectivos têm sugerido uma relação entre a exposição direta ou indireta a pesticidas organofosforados, e.g., malathion, com o desenvolvimento de obesidade e diabetes mellitus tipo 2 (dm2) em indivíduos adultos. por outro lado, evidências recentes têm demonstrado que a exposição a insultos diversos (e.g., poluentes ambientais) em períodos críticos do desenvolvimento (e.g., pré- e pós-natal) podem influenciar no excesso de peso e disfunções metabólicas em períodos tardios da vida, fenótipos que podem, ainda, serem transmitidos às gerações subsequentes. neste sentido, destacam-se os disruptores endócrinos (e.g., substâncias derivadas de atividades industriais, químicas, com potencial de causar desequilíbrio, interferência ou alteração no sistema endócrino), entre os quais estão incluídos os pesticidas organoclorados e organofosforados. a exposição à disruptores endócrinos durante períodos críticos do desenvolvimento podem ter efeitos permanentes e irreversíveis, com sérios impactos sobre a saúde durante a infância e a adolescência, e até mesmo para as futuras gerações, por meio de mecanismos epigenéticos. de modo importante, um estudo epidemiológico recente sugeriu uma associação entre exposição a pesticidas organofosforados antes e/ou durante a gravidez e o desenvolvimento de diabetes mellitus gestacional (dmg) em mulheres moradoras de áreas agrícolas. o dmg é um forte fator de risco para o dm2, aumentando em até seis vezes o risco de desenvolvimento desta doença após a gestação. evidências pré-clínicas e clínicas vêm demonstrando uma relação causal direta entre hiperglicemia moderada (equivalente ao presente no dmg) durante a gestação e indivíduos/animais com excesso de peso e disfunções metabólicas como o dm2 em períodos tardios na vida adulta. até o momento, porém, não há nenhum estudo pré-clínico ou clínico que tenha avaliado o impacto da exposição a pesticidas organofosforados sobre a homeostase glicêmica ao longo da gestação com o foco na gestante. assim, desconhecem-se quais as alterações bioquímicas e/ou morfofisiológicas decorrentes da exposição a estes pesticidas no período que antecede à concepção. nossa hipótese é de que a exposição ao pesticida malathion, por um período que anteceda a fecundação (e.g., contexto que mimetizaria a exposição ambiental de mulheres rurais), impactaria negativamente sobre a homeostase glicêmica e lipídica durante a gestação. ainda buscaremos esclarecer se tais impactos serão mantidos por um período pós-parto. por fim, investigaremos desfechos nos fetos e na prole (machos e fêmeas) oriundos deste contexto.