
Universidade Federal de Santa catarina (UFSC)
Programa de Pós-graduação em Engenharia, Gestão e Mídia do Conhecimento (PPGEGC)
Detalhes do Documento Analisado
Centro: Não Informado
Departamento: Não Informado
Dimensão Institucional: Pós-Graduação
Dimensão ODS: Social
Tipo do Documento: Tese
Título: TÉCNICA, ESTÉTICA, EDUCAÇÃO: OS USOS DO CORPO NA GINÁSTICA RÍTMICA
Orientador
- ALEXANDRE FERNANDEZ VAZ
Aluno
- PATRICIA LUIZA BREMER BOAVENTURA
Conteúdo
O presente trabalho propõe desvendar o entrelaçamento entre técnica e estética a partir dos usos do corpo na ginástica rítmica e revelar subjetividades que conformam as trajetórias de vida das ginastas. partindo de uma perspectiva antropológica e sociológica de corpo, formulamos questões sobre as representações dos corpos das ginastas a partir da percepção delas, em uma tentativa de mais bem entender os modelos corporais vigentes nessa modalidade. para a realização desse estudo, utilizamos a etnografia como perspectiva metodológica. foram realizados um conjunto de observações de treinamentos e competições de uma equipe de ginástica rítmica, entrevistas com ginastas e treinadoras e envio de questionários para algumas atletas que participaram da seleção brasileira. os resultados indicam que: 1) o aperfeiçoamento da técnica exige muito esforço físico, controle do corpo, alimentação e da dor; 2) a ginasta precisa ter um corpo magro para executar uma boa técnica e estética e, por conta disso, há um exaustivo controle do peso corporal, podendo, em alguns casos, prejudicar a própria performance; 3) a presença da glorificação da dor está relacionada à produtividade do corpo, ao maior conhecimento dos seus limites, porém, dependendo do seu nível de naturalização, pode resultar em lesões; 4) toda a aparência da ginasta (vestimentas, maquiagem, aparelhos, objetos em geral, movimentos e gestos técnicos) é minuciosamente pensada e fabricada para a sua apresentação; cada detalhe influencia na nota, direta ou indiretamente; 5) elementos de diferentes práticas corporais (danças, circo, esportes) valorizam o lado artístico da coreografia e podem ser incluídos, conforme a música inspirar; contudo, devem ser executados de uma maneira particular para garantir uma boa apresentação; 6) se durante a montagem coreográfica a treinadora permitir à ginasta atualizar o projeto coreográfico, colocando seu caráter pessoal, sua experiência e memória corporal, a construção será de sua corpografia ginástica; 7) a performance aproxima a ginástica rítmica das artes performáticas (dança, ballet clássico, teatro, música) por apresentar alguns elementos em comum: estetização do corpo, contingência [imprevisibilidade], criação, racionalização do corpo por meio do treinamento para chegar à obra esportiva ou artística; 8) há um forte entrelaçamento entre técnica e mimese na produção de movimentos considerados belos na ginástica rítmica, na qual não há criação sem técnica, especialmente nas montagens das séries e em sua comunicação; mas tampouco somente a técnica é suficiente para a elaboração do inesperado e emocionante; 9) na busca pela eficácia em técnica e estética, a educação do corpo ganha espaço de destaque, impondo um dever ser inscrito nos corpos; 10) a dinâmica esportiva conforma o corpo da ginasta, seu habitus, transformando sua subjetividade, o modo de ler e perceber o mundo; 11) o esporte e a escola fazem parte dos projetos de vida das ginastas e de seus familiares e, por conta disso, aumentam as possibilidades de reconversão profissional; 12) a partir das diferentes socializações vivenciadas (família, escola, esporte), as ginastas adquirem um conjunto de saberes que deixa marcas em seus corpos de forma singular, heterogênea e plural, podendo influenciar suas escolhas profissionais futuras; 13) a graduação em educação física é uma importante possibilidade de reconversão do capital (corporal, econômico, social) investido pelas ginastas; 14) a permanência da ginasta no subcampo, a partir de sua recolocação como docente, possibilita a ressignificação das práticas corporais e discursos presentes nesse esporte. por fim, a partir dos usos do corpo, observamos que, ao mesmo tempo em que a ginástica rítmica pode ser uma prática educativa disciplinar e rígida, pode também dimensionar a ginasta para uma experiência lúdica e estética, imbricada com as coisas do sensível e de outros fazeres humanos, desenvolvendo a autonomia, a compreensão de si e o conhecimento de seus limites. concluímos, assim, que nesse esporte há diferentes formas de ser corporalmente, o que permite ampliar os debates sobre os corpos contemporâneos.
Índice de Shannon: 3.67325
Índice de Gini: 0.892344
ODS 1 | ODS 2 | ODS 3 | ODS 4 | ODS 5 | ODS 6 | ODS 7 | ODS 8 | ODS 9 | ODS 10 | ODS 11 | ODS 12 | ODS 13 | ODS 14 | ODS 15 | ODS 16 |
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3,10% | 6,60% | 5,67% | 26,21% | 6,54% | 4,32% | 3,80% | 6,62% | 5,87% | 3,71% | 6,01% | 4,31% | 2,99% | 4,28% | 3,48% | 6,49% |
ODS Predominates


3,10%

6,60%

5,67%

26,21%

6,54%

4,32%

3,80%

6,62%

5,87%

3,71%

6,01%

4,31%

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4,28%

3,48%

6,49%