Nesta tese são avaliados os entraves que dificultam o surgimento, o desenvolvimento e o fortalecimento de dinâmicas alternativas de desenvolvimento territorial sustentável na zona costeira de santa catarina, sob a ótica das inovações políticas e institucionais; sociais e produtivas; e também culturais. o texto oferece subsídios adicionais para a compreensão das ambivalências do comportamento dos diversos atores envolvidos nessas práticas, mobilizando o potencial heurístico contido no enfoque analítico de co-gestão adaptativa para o desenvolvimento territorial sustentável. os estudos de caso, que englobaram nove iniciativas inovadoras, foram realizados no litoral centronorte e litoral centro-sul catarinense. foram descritas e caracterizadas as dinâmicas territoriais tanto consolidadas quanto ainda emergentes para poder analisar qual a viabilidade de se pensar em uma dinâmica alternativa de desenvolvimento dada a atual conjuntura socioeconômica, políticoinstitucional e cultural instaurada na região. a metodologia utilizada baseou-se em três modelos de análise: o pano de fundo está no chamado modelo de oakerson, que tem norteado as investigações contemporâneas sobre modos de apropriação e sistemas de gestão de recursos de uso comum. para compreender e analisar as inovações e as dinâmicas territoriais, foi utilizado o modelo de análise de experiências inovadoras (cerdan; vieira, 2011). para a análise do jogo de atores e a situação de ação em que estão inseridos, o modelo de análise mais adequado para os objetivos da tese foi o modelo iad de ostrom (2011). como resultados, constatou-se a dependência da existência de agentes de desenvolvimento, em sua maioria externos à comunidade, para a negociação dos diferentes interesses existentes entre os diversos atores e para firmarem compromissos entre eles. por este motivo, atualmente não há ainda um processo efetivo e em curso de construção de territórios, mas, estas inovações podem ser consideradas processos de ativação dos recursos territoriais conduzidos por diferentes categorias de atores territoriais que mobilizam recursos e instrumentos de políticas para resolver um problema particular, ou responder à uma oportunidade dada. constatou-se também: i) a persistência de uma representação essencialmente utilitarista das complexas inter-relações sociedade-natureza; ii) a carência de espaços adequados de coordenação das ações coletivas e de mediação de conflitos de interesse envolvendo múltiplos atores sociais; e iii) a omissão do estado no que diz respeito ao cumprimento eficaz do seu papel de fiscalizador das condições de acesso e uso de recursos comuns e de articulador de políticas públicas e projetos de desenvolvimento. é feito uso do discurso do desenvolvimento sustentável, mas na prática as políticas públicas, programas e projetos de desenvolvimento acabam reproduzindo a lógica utilitarista da natureza e a lógica de ação individual e economicista dos atores sociais. por fim, por meio da pesquisa de campo foi possível comprovar que as relações estabelecidas entre os diferentes atores têm um papel crescente na estruturação da relação de poder entre eles, na emergência de grupos de atores com maior poder que os outros e na formação de seus discursos e projetos de desenvolvimento. e estas relações estabelecidas reforçam a reprodução de um modelo de dependência política local (clientelismo). para se manterem ou se desenvolverem, estas inovações são frequentemente obrigadas a fazerem parte deste modelo político, limitando assim a emergência de uma maior autonomia entre os atores locais. dessa forma, os arranjos institucionais inovadores são em grande parte os responsáveis pelo surgimento e fortalecimento dos outros tipos de inovações. ao mesmo tempo em que provoca as inovações, acaba sendo o resultado delas. e assim, as inovações, dos seus mais variados tipos, tornam-se um processo, e não um resultado em si – processo que em alguns casos permitem pensar em dinâmicas alternativas de desenvolvimento. mas também favorecem o estabelecimento de relações que se tornam redes de inovação, fontes de troca e de aprendizagem individual e social – permitem a mudança social, a coesão social, podendo levar à construção de um território entendido nos termos do desenvolvimento territorial sustentável.