Esta pesquisa, em nível de doutorado, está inserida nos estudos históricos da educação infantil, com ênfase na formação. seu objetivo foi investigar representações sobre a formação de professoras para jardins de infância em santa catarina entre os anos 1920 e 1960, período da expansão do número de jardins de infância e da profusão de reformas educacionais. tomando por base a investigação em três instâncias – estado, congregações femininas católicas e associações femininas luteranas –, parte da análise documental de variada tipologia de fontes (leis, anais, atas, relatórios, crônicas, fontes orais). a opção pela nova história cultural, como aporte teórico-metodológico, levou a operar, em especial, com o conceito de representação dado por roger chartier, em diálogo com os estudos sobre saberes docentes de maurice tardif e sobre a cultura empírica de agustin escolano benito, os quais sustentam a análise da formação de professoras para os jardins de infância no período. outra frente foi a história oral, tendo os estudos de alessandro portelli e verena alberti contribuído no trato das fontes orais. a 1ª conferência estadual do ensino primário, em 1927, em especial a tese do inspetor escolar joão dos santos areão, conclama pela criação de jardins de infância públicos e pela formação especializada de professoras no curso normal e na prática em jardim de infância. nas décadas seguintes, leis deliberaram sobre a criação de jardins de infância anexos aos institutos de educação, sobre um curso de especialização para professoras pré-primárias e sobre um programa para jardins de infância. os dados da pesquisa permitem afirmar que em santa catarina a frente da formação de professoras para o exercício da docência nessas instituições foi assumida pela iniciativa confessional feminina católica e luterana, igualmente responsáveis por sua criação. o estado catarinense, em paralelo, acompanhou, na letra da lei, as deliberações nacionais sobre a criação de jardins de infância e, posteriormente, sobre a formação de professoras; contudo, não as efetivou prontamente. neste sentido, há uma evidente defasagem entre o anunciado e o concretizado, o que não impediu de apreender representações do estado catarinense sobre a formação de professoras imbricada na educação moral cristã das mulheres, nos conhecimentos científicos sobre o desenvolvimento infantil e nos métodos específicos para atuar em jardins de infância, sendo imprescindível a formação na prática. a formação de professoras para atuar em jardins de infância católicos e luteranos aconteceu de modo singular, em especial no âmbito de congregações femininas católicas e associações femininas luteranas. por diferentes espaços de sociabilidades, dentre os quais casa, igreja, escola, associação, a formação deu-se no domínio de saberes curriculares e saberes experienciais. no contexto da religião cristã, da cultura, do associativismo feminino, da comunidade étnica, e permeada por códigos e princípios que regiam a vida dessas mulheres no período, a representação da formação de professoras de jardim de infância deu-se sob a tríade mulher-mãe-professora, em que pese a importância dada à especialização diante das especificidades da faixa etária e métodos. princípios de froebel estiveram presentes nas três instâncias investigadas, assim como, seguindo o contexto do período analisado, princípios vinculados à escola nova e a seus educadores, como decroly e maria montessori, evidenciados nos jardins de infância catarinenses.