O presente trabalho dá continuidade à pesquisa de mestrado “criando gente no alto rio negro: um olhar waíkhanã”, que abordou os processos de compartilhamento de conhecimentos na criação de gente na região do alto rio negro. nesta tese, apresento os principais cuidados no desenvolvimento de saberes e habilidades em relação às atividades das crianças no manejo do ambiente. as análises partiram de leituras teóricas na universidade, do meu acervo pessoal (diários, anotações gravações de entrevistas, caderno de campo) da experiência e vivência com meus familiares waikhanã e arapaço, conforme demonstro nas genealogias. com foco na aprendizagem das narrativas curtas (kirtí) e narrativas míticas (kirtí ukuse), que nos acompanham desde infância, nas atividades na roça, pesca, caça, coleta entre outros afazeres, apresento modos próprios de aprendizagem e construção dos conhecimentos das crianças indígenas que se dão de forma coletiva e na relação com o ambiente. a convivência das crianças indígena com os pais, e temporadas com as avós e outros membros de parentesco são fundamentais. as diversas formas de contato com o mundo não-indígena também são analisadas e trazem reflexões sobre como a criança aprende e faz interlocuções junto às famílias indígenas. como contribuição da tese, argumento que a circulação temporária das crianças permite diferentes vivências através das quais fortalecem saberes existentes e aprendizados próprios para viver no alto rio negro, os conhecimentos construídos e circulados entre os grupos familiares que mantem viva a ciência indígena no alto rio negro.