Esta tese é sobre as narrativas da migração e das trajetórias laborais dos refugiados sírios no brasil, que chegaram ao país em decorrência da guerra na síria, eclodida no ano de 2011 e que perdura até o atual momento. analisamos a complexidade desses percursos de vida e trabalho como dimensões intimamente imbricadas, as quais se desdobram no cenário global dos movimentos migratórios atuais e no âmbito da realidade multifacetada do brasil, onde à precarização da vida e do trabalho se somam as diversas dificuldades oriundas da integração em um novo país. a exploração dessas dimensões se faz em interpelação com as seguintes questões: a xenofobia contra os grupos árabes (sírios) no brasil, parcialmente intensificada em função da polarização política dos últimos anos; a questão do reconhecimento e da precarização da vida (judith butler) ou a precarização vital (tejerina et al., 2013) dos refugiados; os processos transnacionais de migração do grupo étnico. para pensar a questão da xenofobia contra os sírios no brasil, problematizamos a noção de orientalismo de edward said. aplicamos a metodologia das narrativas biográficas para cunhar os testemunhos e as representações sociais dos refugiados sobre seus percursos migratórios e para registrar como se desenvolveram suas trajetórias laborais (desde a saída da síria até a chegada ao brasil). a tese encontra-se estruturada em sete partes. na introdução apresentamos as questões norteadoras da pesquisa e, na sequência, ilustramos nossa abordagem com o caso emblemático de um refugiado sírio, visando introduzir cedo no texto o tom da ambivalência nos percursos de integração, ora a vivência da agressão, ora a da acolhida solidária. a segunda parte apresenta o estado da arte dos estudos relacionados à presença dos refugiados sírios no brasil e o método das entrevistas narrativas utilizado para a pesquisa de campo. na terceira parte problematizamos a categoria refúgio e as migrações internacionais. na quarta, analisamos os processos de migrações transnacionais do grupo pesquisado. a quinta parte foi elaborada a partir do marco jurídicoinstitucional do refúgio no brasil (a legislação sobre migração e refúgio, lei nº 9.474/1997, e o novo marco legal, a nova lei de migração, nº 13.445/2017). a sexta parte aborda a questão da xenofobia no brasil e expõe o debate político sobre as migrações: se, de um lado, se produzem atitudes xenófobas e racistas no brasil contra imigrantes e refugiados, por outro também são produzidas redes de acolhimento e ações de solidariedade. na sétima e última parte analisamos as trajetórias laborais dos refugiados sírios por meio de suas narrativas biográficas.