O envelhecimento populacional aconteceu de forma exponencial nos últimos anos, e com ele ocorreram mudanças significativas no padrão de morbimortalidade da população, as quais incluem o aumento na carga de doenças crônicas, presença de declínio cognitivo e limitações físico-funcionais. a presença de declínio cognitivo e limitações são condições comum entre os idosos e estão associados a outros desfechos negativos em saúde tais como quedas, depressão, incapacidades, hospitalizações e mortalidade. dentre os fatores que contribuem para a ocorrência de declínio cognitivo e limitação físico-funcional encontram-se as características percebidas do ambiente construído, as quais são passíveis de intervenção. o objetivo deste estudo foi avaliar a associação entre as características percebidas do ambiente construído com a presença de declínio cognitivo e de limitação físico-funcional em idosos comunitários residentes em balneário arroio do silva– sc. foi realizada análise transversal em estudo de base domiciliar, incluindo amostra idosos (=60anos) residentes em balneário arroio do silva, extremo sul do brasil. a presença de declínio cognitivo foi avaliada pelo mini exame de estado mental (meem), sendo utilizado o ponto de corte 23/24 para idosos com escolaridade e ponto de corte 19/20 entre os idosos sem escolaridade. a limitação físico-funcional foi avaliada por meio dos testes de desempenho físico-funcional: timed get up and go (tgug) (=10 segundos), teste de sentar e levantar de 5 repetições (tsl5rep) (=13,6 segundos) e o tandem stance (ts) (= segundos) que avaliam mobilidade, força de membros inferiores e equilíbrio estático, respectivamente. a percepção do ambiente construído foi obtida através do neighborhood environment walkability scale (a-news), que avalia a percepção dos indivíduos em relação aos diferentes aspectos do ambiente próximo a sua residência, tais como infraestrutura (presença de calçadas, áreas verdes e de lazer, morros, lixo e esgoto no céu aberto); tráfego na vizinhança (segurança e poluição) e segurança geral no bairro (iluminação e segurança para caminhada). foram realizadas análises de regressão logística multivariada com modelos de ajuste para variáveis individuais. foram avaliados 308 idosos, sendo a maioria na faixa etária de 60 a 69 anos (54,7%) 9 e do sexo feminino (57,8%). a prevalência declínio cognitivo foi de 28,3%, limitação de mobilidade foi de 33,0%, a fraqueza muscular de membros inferiores foi de 57,1% e 17,8% de déficit de equilíbrio. idosos que residiam próximos a estabelecimentos alimentícios e com ruas planas apresentaram menores probabilidades de ter declínio cognitivo (or: 0,52; ic95%: 0,27;0,97 e or: 0,39 ic95%: 0,18; 0,86), respectivamente. houve associação entre as características percebidas do ambiente construído e a limitação física, sendo que idosos que residiam próximos a parada de ônibus tiveram menores probabilidades de apresentar limitação de mobilidade (or: 0,27; ic95%: 0,12; 0,61) e fraqueza muscular de membros inferiores (or: 0,17; ic95%: 0,06; 0,49). os idosos que referiram presença de parques, quadras, pistas de caminhada (or: 0,49; ic95%: 0,29; 0,92) e segurança para caminhar durante o dia (or: 0,31; ic95%: 0,14; 0,68) tiveram menores probabilidades de limitação de mobilidade, enquanto que a alta criminalidade no local de moradia refletiu em maiores chances de limitação de mobilidade (or: 2,50; ic95%: 1,38; 4,52).além disso, idosos que tinham acesso a academias ao ar livre da terceira idade (or: 0,45; ic95%: 0,21; 0,97) e que relatavam boa iluminação das ruas (or: 0,41; ic95%: 0,17; 0,97) apresentaram menores probabilidades de déficit de equilíbrio. em conclusão, foram observadas associações significativas entre as características percebidas do ambiente construído e a presença de declínio cognitivo e limitação física nos idosos amostrados. dessa forma, ações interdisciplinares devem ser direcionadas à redução das disparidades nas características construídas no município, proporcionando maiores segurança e acessibilidade às comunidades, visando a promoção da longevidade da população idosa com independência funcional