Ouriços-do-mar atuam como moduladores da abundância, composição e riqueza de macroalgas nos sistemas bentônicos rasos. em comunidades que abrigam mais de uma espécie, a compreensão de fatores como a utilização e compartilhamento de recursos tróficos são aspectos centrais para o entendimento da dinâmica dos ecossistemas em que elas estão inseridas. na ilha de santa catarina, no sul do brasil, as espécies echinometra lucunter e paracentrotus gaimardi ocupam a mesma faixa de habitat, onde são encontradas principalmente nas áreas mais rasas dos costões rochosos (1-3 metros). para identificar se um dos fatores que permite a coexistência dessas espécies é o particionamento de recursos tróficos, esse trabalho se propôs a investigar o conteúdo estomacal de vinte (20) indivíduos de cada espécie, provindos de dois locais diferentes (costões do gravatá e matadeiro), de modo a verificar se o particionamento alimentar das espécies se modificaria em relação a diferenças na composição dos ambientes. utilizando análises de nível taxonômico e morfológico na identificação do conteúdo estomacal, e o índice de pianka para verificar o grau de sobreposição trófica entre as espécies em cada local, averiguou-se que, apesar dos costões apresentarem diferenças na composição bentônica, a aquisição de recursos se manteve similar entre as espécies nos dois locais com ambas sendo classificadas como herbívoras generalistas, apresentando baixo grau de dissimilaridade na obtenção de recursos tróficos. os resultados encontrados indicam que as espécies possuem como principal fator modulador da dieta a disponibilidade de recursos. e a alta sobreposição trófica ocorre pelo comportamento generalista das espécies, que utilizam e compartilham os recursos disponíveis no ambiente.