A pesquisa se debruça na política criminal de drogas brasileira durante o período da ditadura militar. as inovações legislativas, por meio de leis e decretos-lei, são analisadas nas discussões políticas, de onde se extraem outras fontes históricas, principalmente literatura jurídica e médica, e para que direção apontam os debates. no início do regime militar, a legislação penal sobre drogas mantinha-se inalterada desde o código penal de 1940. um movimento encampado pela classe médica, iniciado nas primeiras décadas do século xx, leva a uma persecução criminal especificamente voltada à maconha em 1964. o aumento do controle sobre novas substâncias sintéticas acarreta um movimento da nova psiquiatria para ampliar o rol de psicoativos criminalizados, ainda que não previamente descritos em lei ou mesmo em normativas administrativas, o que ocorre em 1967. no ano seguinte, a tensão do regime político e o fechamento do congresso nacional aproximam a cúpula militar de um jurista que instrumentaliza na lei penal a repressão de usuários de drogas a traficantes. a reação da classe jurídica culmina em discussões sobre prevenção e tratamento de doentes, positivadas na lei antitóxicos, de 1971, que dava início à descodificação da matéria. a partir das discussões da cpi dos tóxicos, que em 1973 montou grupo de trabalho para preparar uma reforma legislativa, origina-se um projeto de lei, que em 1976 consagra a máxima repressão penal e uma estrutura dogmática de criminalização cujos pilares se mantêm até hoje erguidos.