Introdução: o fibrinogênio é um biomarcador inflamatório determinante da viscosidade sanguínea e da agregação plaquetária, e tem sido associado ao declínio da função pulmonar. apesar disso, poucos estudos têm investigado as consequências de níveis altos de fibrinogênio na alteração da função pulmonar e seus impactos na mortalidade. objetivo: investigar a influência da interação dos níveis alterados de fibrinogênio e função pulmonar sobre a mortalidade e a relação entre a mudança dos níveis de fibrinogênio ao longo do tempo com o declínio da função pulmonar em uma coorte de envelhecimento. métodos: estudo longitudinal com população proveniente do the english longitudinal study of ageing (elsa), coorte representativa de indivíduos com idade igual ou superior a 50 anos que residem na inglaterra. foram incluídos os participantes das ondas 2, 4 e 6, realizadas no período de 2004-13, que possuíam as análises dos níveis de fibrinogênio e testes de função pulmonar. a sobrevivência foi estimada pela função de sobrevida de kaplan-meier e o teste de log-rank, estratificada pelas categorias criadas da interação entre fibrinogênio e função pulmonar. o efeito de fatores de risco foi avaliado pelo modelo de regressão de cox bruto e ajustado. para verificar a relação entre as variáveis de desfecho da onda 6 – volume expiratório forçado no primeiro segundo (vef1), percentual do valor previsto do vef1, capacidade vital forçada (cvf) e percentual do valor previsto da cvf – e a mudança dos níveis de fibrinogênio entre as ondas 2 e 4 foi utilizada regressão linear bruta e ajustada. foi considerado o nível de significância de 5%. as análises foram conduzidas no programa estatístico stata se 14.0. resultados: os tercis superiores da interação entre aumento de fibrinogênio e diminuição da função pulmonar obtiveram maior incidência de óbitos para vef1 (24,0%; ic95%:22,1;26,0), cvf (23,0%; ic95%:21,1;25,0), percentual do valor previsto do vef1 (19,6%; ic95%:17,8;21,5) e percentual do valor previsto da cvf (19,8%; ic95%:17,9;21,7). após o ajuste, apenas os tercis superiores da interação foram associados ao maior risco de óbito para a função pulmonar, hr:1,92 (ic95%:1,49;2,48), hr:1,83 (ic95%:1,43;2,35), hr:1,75 (ic95%:1,42;2,15) e hr:1,75 (ic95%:1,40;2,18), respectivamente. ao relacionar a mudança dos níveis de fibrinogênio ao longo do tempo com a função pulmonar, foi demonstrado declínio desta com a manutenção dos níveis alterados de fibrinogênio para o valores previstos do vef1 (¿:-2,92; ic95%:-5,26;-0,57) e cvf (¿:-2,25; ic95%:-4,42;-0,80), além dos valores absolutos em litros do vef1 (¿:-0,09; ic95%:-0,15;-0,04) e da cvf (¿:-0,10; ic95%:-0,16;-0,03). a relação entre o declínio da função pulmonar e a mudança dos níveis normais para alterados de fibrinogênio foram observados para os valores previstos da cvf (¿ -2,56; ic95%:-4,96;-0,15) e dos valores absolutos de vef1 (¿:-0,08; ic95%:-0,14;-0,02) e da cvf (¿:-0,08; ic95%:-0,15;-0,01). conclusão: a interação entre o aumento dos níveis de fibrinogênio e a diminuição da função pulmonar obteve maior incidência de óbitos durante o seguimento, menor probabilidade de sobrevivência e foi associada ao maior risco de óbito. a alteração dos níveis de fibrinogênio demonstrou estar relacionada com o declínio da função pulmonar ao longo do tempo em uma coorte de envelhecimento