O presente trabalho tem como objetivo compreender como se estrutura o circuito espacial de produção e comercialização da pesca artesanal na ilha de santa catarina, florianópolis, brasil para subsidiar a interpretação dos reflexos da implementação do selo de inspeção municipal (sim) pela prefeitura municipal, e, do programa de proteção jurídico sanitária dos consumidores de produtos de origem animal pelo mp/sc neste circuito espacial produtivo. para alcançar tal objetivo, foi realizada uma revisão da agenda das políticas públicas para o setor nos séculos xx e xxi, e, como as mesmas se relacionam diretamente com a legislação territorial, sanitária e previdenciária correlatas. estas legislações refletem diretamente no circuito espacial produtivo da pesca artesanal, no território pesqueiro e na construção de uma territorialidade em rede. além disso, foi realizada uma revisão bibliográfica sobre circuitos alternativos de comercialização de pescado existentes em alguns países europeus e no canadá. metodologicamente, fizemos a opção de utilizar a teoria do ator rede que identifica e descreve os atores e suas relações, considerando a agência dos humanos e também dos não-humanos (peixes, legislações, infraestrutura, políticas públicas, entre outras). para a operacionalização da pesquisa foram realizadas 13 entrevistas, levantamento de notícias e análise documental. foi possível concluir que a forma como foi estruturada, ao longo dos séculos xx e xxi, a política pesqueira brasileira e suas áreas correlatas, ou seja a política ambiental-territorial e a sanitária, que privilegiou os sistemas técnicos da pesca industrial e da aquicultura, contribuiu nas diferentes escalas administrativas para a formação e manutenção de um mercado informal, que ora é ligado a tradição e ao frescor dos alimentos, ora é criminalizado por suas práticas tradicionais.