O processo de produção de um jornal escolar pela via do jornalismo independente e sua relação com o ensino e a aprendizagem críticos de língua portuguesa é o tema desta tese. a pesquisa procura contribuir para o desenvolvimento de possibilidades de trabalho pedagógico com os gêneros da esfera jornalística para além daquelas possibilidades postuladas pela mídia dominante. entende-se que tais gêneros precisam ser pensados por distintas vias na escola para que se solidifique um ensino crítico do texto jornalístico, que busque por meio de diferentes práticas sociais e gêneros discursivos desvelar as relações de poder presentes na esfera do jornalismo. assim, a pesquisa aqui relatada objetivou analisar o processo de produção de um jornal escolar desenvolvido a partir do jornalismo independente em uma turma dos anos finais do ensino fundamental de uma escola estadual da rede pública de florianópolis. o estudo se guiou pela seguinte questão: “como um jornal escolar produzido a partir do jornalismo independente pode favorecer uma experiência de ensino e aprendizagem crítica de língua portuguesa?”. o conceito de transitividade, ou consciência crítica, é tomado a partir de freire (1967) e pode ser entendido como uma forma de educação dialogal e ativa, voltada para a responsividade social e política. a presente pesquisa tem como embasamento teórico-metodológico a análise crítica de gênero (acg) (bonini, 2010; 2013; 2017), aporte que promove uma investigação crítica de gêneros do discurso a fim de elucidar de que maneira os gêneros, como os midiáticos, são mobilizados para legitimar discursos particulares e representações ideológicas, segundo interesses de instituições e grupos (rechetnicou; lima; bonini, 2016). para tanto, nessa abordagem são considerados: os gêneros discursivos como as formas relativamente estáveis do enunciado (bakhtin, 1997 [1952/53]); as práticas sociais como formas habituais de agir no mundo (chouliaraki; fairclough, 1999; fairclough, 2003); e a transitividade crítica (freire, 1967) como forma de constituição da consciência social e política. a orientação etnográfica e a pesquisa participante (pp) foram eleitas como metodologias do estudo em questão. como resultados, foram levantados indicativos que permitem apontar um deslocamento da transitividade das/dos estudantes durante as atividades de produção do jornal escolar. também pode ser observado que o jornal escolar inspirado pelo jornalismo independente e não dominante favorece uma formação crítica de mundo. conclui-se ainda que a colaboração entre jornais independentes e a escola viabiliza experiências significativas para alunos e alunas em termos de educação crítica.