A perpetração da violência pelos agentes do est...a perpetração da violência pelos agentes do estado em santa catarina segue a tendência nacional de altos índices de violações de direitos humanos. o sistema carcerário brasileiro é reconhecido internacionalmente como produtor de tortura, além de ser sabido o fato de que mesmo quando não encarcerados, determinados grupos sociais são alvos de violações sistemáticas de seus direitos fundamentais sob a égide do estado. casos de tortura, morte, discriminação e maus tratos são denunciados pela pastoral carcerária de santa catarina, que aponta um quadro de perpetuação destas violações tanto pela impunidade aos seus agente, quanto pela nomeação direta, destes mesmos sujeitos à cargos estratégicos dentro do sistema de segurança pública do estado (bispo, 2016; bispo & lambranho, 206; lima, sinhoretto, & bueno, 2015). para quem sofre tais violações, fica evidente que a lei que rege a garantia às suas vidas opera em uma lógica na contramão da proteção. a falta de responsabilização por parte dos perpetradores fere os princípios jurídicos, mas acima de tudo, tem graves efeitos na vida daqueles atingidos, silenciados em seu sofrimento. o desenvolvimento de um dispositivo clínico específico para o trabalho com casos desta complexidade é relevante, pois a escuta dos casos de violência extrema no cotidiano das práticas clínicas é realmente desafiadora. a dificuldade de promover esta escuta nos moldes da clínica individual se dá no sentido das resistências de ambos os lados deste trabalho, a saber: do terapeuta e do paciente. para o primeiro, a dificuldade reside no que a estrutura da clínica tradicional remete à situação traumática da tortura, onde um sujeito se põe frente a ele, em uma sala privada, dizendo-lhe: “fale tudo que lhe vier à cabeça”. para o segundo, a dificuldade é a escuta mesmo dos relatos de violência extrema, pois o sofrimento e o trauma são transmissíveis e a partir do momento que a história é compartilhada ela passa a pertencer ao outro também. objetivos objetivo geral • oferecer atendimento psicológico às vítimas de violência de estado. objetivos específicos • promover um espaço de escuta e reparação psíquica para os afetados pelas violências perpetradas pelo estado; • capacitar estudantes e profissionais para a escuta dos efeitos psíquicos decorrentes da exposição à violência; • contribuir para o debate e produção científica acerca das violações de direitos humanos, seus efeitos psicológicos e sociais.