
Universidade Federal de Santa catarina (UFSC)
Programa de Pós-graduação em Engenharia, Gestão e Mídia do Conhecimento (PPGEGC)
Detalhes do Documento Analisado
Centro: Filosofia e Ciências Humanas
Departamento: Sociologia e Ciência Política/SPO
Dimensão Institucional: Pesquisa
Dimensão ODS: Institucional
Tipo do Documento: Projeto de Pesquisa
Título: GRUPOS ECONÔMICOS, FINANÇA E POLÍTICA NO BRASIL (2002-2014)
Coordenador
- RODOLFO PALAZZO DIAS
Participante
- RODOLFO PALAZZO DIAS (Di)
Conteúdo
O objetivo da pesquisa é realizar um mapeamento...o objetivo da pesquisa é realizar um mapeamento das relações acionárias e diretivas de cinco grandes grupos financeiros brasileiros: itaú, unibanco, bradesco, safra e votorantim, nos anos 2002 e 2014, além da análise das redes elaboradas a partir desse conjunto de relações.
trabalhando com marcos teórico tanto marxistas (o estudo da fração financeira da burguesia) como da economia (grupos econômicos), farei a identificação dos elementos constituintes desses agentes financeiros, analisando suas características e dinâmicas.
no debate sobre o processo de organização e alteração dos sistemas corporativos capitalistas contemporâneos, é tradicional a discussão acerca das disputas de poder entre o grupo burocrático dirigente e os proprietários das companhias.
este foi um debate inaugurado por berle e means (1984) em seu livro lançado em 1932, e desenvolvido pela corrente chamada “revolução dos managers” (grynszpan, 1996). a suposição de que o processo de criação de grandes corporações produziria uma separação entre posse e gestão, e que este processo beneficiaria os encarregados do segundo elemento, é um argumento sustentado pela corrente.
como a perspectiva tecnocrática (termo cunhado por kenneth galbraith) não se sustentou nem no mainstream científico (considerando a importância da teoria da propriedade e principalmente da teoria da agência) nem na realidade das empresas (com a governança corporativa e o empoderamento dos acionistas) (aglietta & rebérioux, 2005), é possível perceber como inválida a suposição de que os “donos” teriam sua importância reduzida dentro da realidade econômica face aos gestores, afinal, mecanismos institucionais complexos foram desenvolvidos com o intuito de manter o controle dos gestores pelos proprietários. ainda que a corporação contemporânea tenha se transformado, o empoderamento dos proprietários foi mantido com o desenvolvimento de determinados modelos institucionais de organização econômica.
diversas categorias foram desenvolvidas para compreender essa realidade institucional, sendo a mais difundida o conceito de firma. mesmo mobilizando um conceito de firma bastante sofisticado como o de alfred chandler (1962) (firma multidivisional), existe uma realidade econômica mais complexa que necessita de conceituação própria para a sua devida compreensão: falo aqui dos “grupos econômicos”.
mais do que uma organização que torna-se juridicamente e operacionalmente complexa por suas divisões departamentais, os grupos econômicos são agentes (portanto, possuem uma unidade estratégica) que possuem uma multiplicidade jurídica menos concatenadas operacionalmente. diferenciando-os das firmas multidivisionais, reinaldo gonçalves define grupos econômicos assim:
o grupo econômico é definido como o conjunto de empresas que, ainda quando juridicamente independentes entre si, estão interligadas, seja por relações contratuais, seja pelo capital, e cuja propriedade (de ativos específicos e, principalmente, do capital) pertence a indivíduos ou instituições, que exercem o controle efetivo sobre este conjunto de empresas. (gonçalves, 1991, p. 494).
e como enfatizam tanto portugal jr. (1994) como gonçalves (1991), essas organizações possuem uma grande importância nas economias capitalistas contemporâneas. tanto enquanto agentes de acumulação (são executores importantes de fases do ciclo de acumulação de capital) como enquanto lócus de poder (exercem um poder significativo, tanto sobre o estado como sobre as outras instituições sociais).
apresentar o conceito dessa maneira sintética não expõe as dificuldades existentes ao aplicá-lo na análise empírica. como mark granovetter coloca (1994), a aplicabilidade do conceito para pesquisas empíricas possuí o desafio de tornar o termo mais definido.
considerando o debate nacional e internacional sobre o assunto, bibliografia mais extensamente desenvolvida em minha tese (dias, 2018), assim como as necessidades postas pelo objeto de estudo durante a realização da pesquisa, uma definição operacional de grupo econômico deve levar em conta duas dimensões: 1) o processo de formação de unidade da agência, com a formação de um centro de controle em sua estrutura organizacional; e 2) uma diversidade econômica, marcada pela presença de um grande número de pessoas jurídicas sem fortes conexões operacionais entre si, distinguindo tal agente das firmas multidivisionais.
na pesquisa proposta no projeto trabalhei com um tipo de grupo econômico específico, o financeiro. por isso, seguimos a proposta de ary minella, identificando um grupo financeiro pela posse de instituições financeiras conjuntamente com instituições de outros setores econômicos (minella, 1996, p. 83). e nessa pesquisa, o critério central para essa definição foi a posse de uma instituição bancária por parte do grupo estudado. foi através desse critério aplicado no ano de 2002 que selecionei os grupos econômicos listados no início do resumo, e mantivemos essa seleção em 2014 por finalidades comparativas. apesar dessa especificidade da linha de pesquisa individual realizada no pós-doutorado, outros grupos econômicos foram estudados no âmbito do dta.
além do conceito de “grupos econômicos”, a pesquisa precisou lidar com a conexão desse conceito com o de “classe social”, típico em abordagens marxistas. existe um risco teórico de iniciar uma análise sobre um setor específico e finalizar com considerações sobre a burguesia como um todo sem estabelecer um mínimo de transição (cruz, 1995), erro presente na literatura sobre empresariado no brasil segundo o autor.
para a pesquisa não ter tal problema, desenvolvi o debate teórico que distingue o conceito de grupo e classe, seguindo a distinção que marx faz da mercadoria e do capital (marx, 2013; cruz, 1979; harvey, 2013). utilizando uma abordagem thompsoniana de classe social (thompson, 2001), em que classe é um acontecimento, e não uma coisa, enfatizamos no debate teórico o caráter substancial dos grupos econômicos, e o aspecto diacrônico das classes. por nosso recorte temporal selecionar os anos de 2002 e 2014 como momentos específicos para identificar as redes dos grupos, foi possível observar elementos estáveis dentro da “fração financeira da burguesia” como também suas dinâmicas, elementos esses observáveis na dimensão substancial dos grupos econômicos.
o principal resultado a ser alcançado na pesquisa é a identificação de relações acionárias e diretivas entre os grupos. a posse compartilhada de empresas e a presença simultânea de diretores de vários grupos em empresas comuns pode apontar para o questionamento da visão da agência econômica isolada, típica das abordagens neoclássicas (granovetter, 2007).
a hipótese a ser testada é a de que os grupos financeiros estabelecem relações entre si já no nível acionário, momento objetivo de constituição da agência econômica. esse não isolamento dos agentes já fundamenta a plausibilidade da noção de classe, e impele à reformulação do conceito de concorrência, que cruz de maneira muito interessante define como elemento fundamental da constituição da solidariedade da classe burguesa (1979).
a metodologia principal a ser aplicada na pesquisa é a análise de redes sociais (ars), que através de métricas de centralidade e clusterização permitirá identificar atores relevantes e agrupamentos nas "estruturas relacionais" (wasserman, faust; 1994). para a coleta das informações, será realizada pesquisa documental das empresas e também prosopografia dos diretores pesquisados.
Índice de Shannon: 3.44666
Índice de Gini: 0.858506
ODS 1 | ODS 2 | ODS 3 | ODS 4 | ODS 5 | ODS 6 | ODS 7 | ODS 8 | ODS 9 | ODS 10 | ODS 11 | ODS 12 | ODS 13 | ODS 14 | ODS 15 | ODS 16 |
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ODS Predominates


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