Tenho investigado a questão da humanização no j...tenho investigado a questão da humanização no jornalismo desde os anos 1990. nesta trajetória, meus estudos perpassam pela construção de narrativas, pelas questões da cidadania e dos direitos humanos. os projetos de pesquisa mais recentes estiveram dedicados justamente à relação entre jornalismo e direitos humanos, com especial atenção nos conflitos sociais causados pela violação de direitos às populações minorizadas, como os povos originários, negros, pessoas em situação de rua. também foram minhas preocupações as tensões causadas pelo desrespeito à dignidade humana, como a violência contra a mulher, à criança e ao adolescente, às pessoas lgbtia+. ao analisar coberturas jornalísticas de tantos casos, está cada vez mais evidente que a humanização do jornalismo tem uma dependência crucial: para humanizar o jornalismo, há que se humanizar o jornalista. tratar deste desafio constitui o primeiro ponto a ser problematizado neste projeto pesquisa: - como pensa um jornalista? como lê uma pauta? o que leva em conta no trabalho de apuração, escolha de fontes, seleção de dados, argumentos, para então redigir? - que modelos jornalísticos são mais recorrentes em sua práxis? tem consciência sobre modelos, políticas, linhas editoriais? a que ou a quem serve? - qual sua percepção sobre cidadania e direitos humanos? conhece minimamente dos direitos civis, políticos, sociais, os direitos econômicos ou o direito a um ambiente saudável? estas e outras inquietações permeiam esta proposta de investigação. parto da suspeita de que as heranças eurocêntricas (ou nortecêntricas) têm determinado uma forma de pensar colonizada (epistemologia) e, por consequência, uma prática apreendida do colonizador. ao concordar com alberto dines (2008), a imprensa é fatia do mesmo bolo social que ela serve e, por isso, reflete o pensamento de expressiva parcela desta sociedade. assim, muitos de seus profissionais pensam e atuam por esse pensamento eurocêntrico. portanto, mantenho como objeto de estudo neste projeto de pesquisa os direitos humanos, como também conservo preocupações com as coberturas jornalísticas dos conflitos sociais. o olhar, no entanto, estende-se ao aspecto “ético epistemológico” (silva, 2014), ou seja, averiguar e compreender quais as percepções de jornalistas sobre os direitos humanos, o que nos permite entender e criticar este componente ético-epistemológico inerente aos modelos jornalísticos em prática. ao admitir o potencial do pensamento eurocêntrico na sociedade e no jornalismo, carece vislumbrar alternativas para a decolonização do pensar e do fazer jornalísticos.