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Universidade Federal de Santa catarina (UFSC)
Programa de Pós-graduação em Engenharia, Gestão e Mídia do Conhecimento (PPGEGC)
Detalhes do Documento Analisado

Centro: Ciências da Saúde

Departamento: Nutrição/NTR

Dimensão Institucional: Pesquisa

Dimensão ODS: Social

Tipo do Documento: Projeto de Pesquisa

Título: RELAÇÃO ENTRE SENSIBILIZAÇÃO CENTRAL, MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS GASTROINTESTINAIS E COMPORTAMENTO ALIMENTAR DISFUNCIONAL: UM ESTUDO EXPLORATÓRIO

Coordenador
  • LUCIANA DA CONCEIÇÃO ANTUNES
Participante
  • DEBORA KURRLE RIEGER VENSKE (D)
  • JULIA DUBOIS MOREIRA (D)
  • KARLA PRISCILLA CARVALHO DE AZEVEDO ARAUJO
  • LUCIANA DA CONCEIÇÃO ANTUNES (D)
  • MARY DE PAULO IRMÃO

Conteúdo

A síndrome do intestino irritável (sii) é um tr...a síndrome do intestino irritável (sii) é um transtorno gastrointestinal funcional caracterizado por dor, distensão, desconforto abdominal e alterações na evacuação. apresenta um curso crônico, marcado por crises intermitentes, avaliações diagnósticas repetidas, culminando na exposição do paciente a complicações relacionadas a procedimentos. apesar de muitos mecanismos patogênicos propostos, a fisiopatologia da sii ainda não foi completamente elucidada. embora não haja anormalidades estruturais, anatômicas ou fisiológicas conhecidas que expliquem os sintomas da sii, a sua natureza funcional vem sendo contestada por estudos recentes, que sugerem existir vários mecanismos fisiopatológicos subjacentes. acredita-se que fatores genéticos e ambientais, hipersensibilidade visceral, microbiota intestinal, alterações no cross-talk intestino-cérebro e fatores psicológicos estejam envolvidos. frequentemente, muitos pacientes com sii relatam problemas com alguns alimentos específicos, como leite e derivados, trigo, cafeína, certas carnes, repolho, cebola, ervilha / feijão, temperos quentes, frituras, produtos defumados e bebidas alcoólicas. no entanto, a importância dos fatores alimentares na sii é controversa. estudos detalhados das relações entre dieta e sintomas na sii são limitados e conflitantes. propõe-se que a dor abdominal na sii esteja relacionada à hipersensibilidade visceral, devido à sensibilização anormal do sistema nervoso periférico e central. estudos de neuroimagem evidenciaram que pacientes com sii demonstram uma maior ativação de regiões cerebrais associadas às vias de processamento da dor (mertz et al. 2000; bonaz et al. 2000), não somente ao que tange a nocicepção per se, mas também aos domínios cognitivo-avaliativo e afetivo-motivacionais, os quais constituem a neuromatriz da dor (elsenbruch, rosenberger, bingel, et al. 2010; elsenbruch, rosenberger, enck, et al. 2010; larsson et al. 2012). a causa dessa hipersensibilidade sensorial tem sido atribuída ao fenômeno denominado sensibilização central (sc), cujo processo central consiste na desregulação dos sistemas que modulam a excitabilidade cortical. a síndrome de sensibilização central (ssc) é uma constelação de sintomas, associados a processos de plasticidade mal adaptativo marcado pelo aumento da responsividade dos neurônios e da neuroglia do sistema nervoso central aos estímulos dolorosos, desregulação dos neurotransmissores e receptores envolvidos nos processos de sinalização da dor, reduzida inibição e alterações estruturais que perpetuam o estado de hiperexcitabilidade. (mense and gerwin 1989; clauw 2015). sendo assim, além do aumento na prevalência de manifestações psicológicas coexistentes, como ansiedade e depressão (henningsen, zimmermann, and sattel 2003; patel et al. 2015), tais observações levaram alguns a autores a propor que a sii é um distúrbio cerebral da função intestinal (tanaka et al. 2011), cujo efeito top-down medeia as manifestações intestinais. por outro lado, as evidências epidemiológicas demonstram que, em pelo menos um subconjunto de pacientes, os sintomas da sii surgem primeiro e somente mais tarde os sintomas psicológicos manifestam-se, sugerindo que, nesses indivíduos, os distúrbios gastrointestinais podem ser os fatores subjacentes ao transtorno de humor (nicholas a. koloski et al. 2012). o fator neurotrófico derivado do cérebro (bdnf) é reconhecido como um importante modulador do processo nociceptivo no snc (bhave, ghoda, and hoffman 1999; teng and hempstead 2004). notavelmente, células não neuronais, como células epiteliais intestinais, também secretam bdnf (lommatzsch et al. 1999). de fato, o bdnf está associado na modulação de diversas síndromes dolorosas, sobretudo naquelas associadas a um maior grau de sensibilização central (lommatzsch et al. 1999). no intestino, o bdnf atua no aumento do reflexo peristáltico, promovendo motilidade (boesmans et al. 2008; grider et al. 2006). já foi demonstrado que pacientes com sii apresentam significativo aumento nos níveis de bdnf na mucosa colônica em relação a controles saudáveis. a exacerbada expressão do bdnf colônico pode ser induzida pela alta atividade da protease serina nas fezes de pacientes com sii, tipo diarreica e está significativamente correlacionado com a severidade e a frequência da dor abdominal (p. wang et al. 2015; yu et al. 2012). achados prévios demonstraram que o bdnf parece não atuar diretamente na excitabilidade dos nervos entéricos, mas que pode aumentar sua sensibilidade química (boesmans et al. 2008; chen et al. 2012). com base nesses achados, a influência do bdnf na mecanossensibilidade do nervo entérico foi investigada, confirmando que o aumento do bdnf colônico pode contribuir para a hipersensibilidade visceral em pacientes com sii, cujo mecanismo, provavelmente, dê-se através da interação com a unidade nervosa egc-entérica. ainda, a sobreposição entre depressão e afecções funcionais gastrointestinais (afg) é estimada ocorrer em cerca de 30% dos casos, sendo que os transtornos de ansiedade são as comorbidades psiquiátricas mais comuns em pacientes com afg (van oudenhove et al. 2016; s. p. lee et al. 2015; c. lee et al. 2017). sabe-se que fatores psicológicos influenciam os sintomas da sii, modificando o curso da doença e contribuindo para desfechos clínicos insatisfatórios (douglas a. drossman 2016). muitos pacientes com sii consideram que a comida é a causa ou um importante gatilho de seus sintomas intestinais (böhn et al. 2013) e que o desconforto intestinal percebido está relacionado à intolerância alimentar. de fato, essa possível relação muitas vezes promove significativas mudanças na dieta usual dos indivíduos afetados, gerando um padrão alimentar bastante restritivo. sabe-se ainda que, em alguns pacientes, a restrição aumenta o risco de desnutrição (hayes et al. 2014). além disso, o risco de restrição alimentar é provavelmente maior no subgrupo de pacientes com sii nos quais os sintomas de sii estão associados a sintomas gastrointestinais superiores (gi), principalmente dispepsia funcional, mas também doença do refluxo gastroesofágico (hayes et al. 2014). contudo, na prática clínica, às vezes é desafiador determinar se essa restrição alimentar se relaciona apenas ao papel desencadeador da ingestão de alimentos no início dos sintomas da sii ou se também se relaciona a um transtorno alimentar (ta) subjacente associado à sii. de fato, os sintomas gastrointestinais são frequentemente relatados por pacientes com ta (abraham and kellow 2013; salvioli et al. 2013). se considerarmos especificamente a sii, estudos epidemiológicos demonstraram que 41% a 52% dos pacientes com ta também apresentam o diagnóstico de sii (boyd, abraham, and kellow 2005; x. wang et al. 2014). ademais, a gravidade da sii foi associada a uma pior qualidade de vida em pacientes com (abraham and kellow 2011). apesar de não haver uma estabelecida relação direcional entre os dois transtornos, nesses casos os pacientes pareciam desenvolver ta antes da sii, sugerindo que o ta pode aumentar o risco de desenvolver sii (perkins et al. 2005). considerando que existem dados sobre a prevalência de sintomas de sii em pacientes tratados para ta, por outro lado, a frequência de um ta subjacente em pacientes com sii permanece mal documentada. a sii é comumente associada a altos níveis de ansiedade e depressão (fond et al. 2014). o ta também está associado à ansiedade, à depressão e a outros transtornos do humor (marucci et al. 2018). a presença combinada de sii e ta associou-se a piores prognósticos (fewell, levinson, and stark 2017), enquanto o tratamento psicológico associou-se à melhora nos sintomas da sii, bem como na qualidade de vida desses pacientes (marucci et al. 2018; fewell, levinson, and stark 2017). o conhecimento da associação entre sii e transtornos psiquiátricos viabiliza não só a compreensão, mas também o tratamento de pacientes com sii, uma vez que o sofrimento psicológico pode exacerbar os sintomas, afetando negativamente resultados do tratamento e afetando a relação profissional de saúde-paciente. considerando que tanto a síndrome do intestino irritável quanto a síndrome de sensibilização central concorrem com elevados níveis de ativação dos sistemas que fazem o ajustamento ao estresse, dados adicionais poderão auxiliar na compreensão de possíveis conexões fisiopatológicas entre as complexas vias neurobiológicas destas patologias, as quais, parecem perder mecanismos de resiliência frente às demandas internas e externas. isto inclui o estudo da relação entre marcadores de plasticidade (bdnf), mediadores da resposta inflamatória (pcr), bem como de variáveis clínicas, como comportamento alimentar disfuncional, dor, catastrofismo e severidade dos sintomas. portanto, o objetivo desse estudo é avaliar a associação entre níveis de sensibilização central e manifestações clínicas gastrointestinais em mulheres com diagnóstico de síndrome do intestino irritável em comparação a controles saudáveis.

Pós-processamento: Índice de Shannon: 3.20593

ODS 1 ODS 2 ODS 3 ODS 4 ODS 5 ODS 6 ODS 7 ODS 8 ODS 9 ODS 10 ODS 11 ODS 12 ODS 13 ODS 14 ODS 15 ODS 16
2,53% 16,52% 37,29% 3,65% 3,46% 3,24% 3,25% 4,18% 2,27% 2,91% 2,61% 4,19% 5,15% 4,59% 2,51% 1,66%
ODS Predominates
ODS 3
ODS 1

2,53%

ODS 2

16,52%

ODS 3

37,29%

ODS 4

3,65%

ODS 5

3,46%

ODS 6

3,24%

ODS 7

3,25%

ODS 8

4,18%

ODS 9

2,27%

ODS 10

2,91%

ODS 11

2,61%

ODS 12

4,19%

ODS 13

5,15%

ODS 14

4,59%

ODS 15

2,51%

ODS 16

1,66%