A atenção ao pré-natal, parto e nascimento tem ...a atenção ao pré-natal, parto e nascimento tem sido objeto de diversas políticas públicas no brasil, visando reduzir a morbimortalidade materna e infantil e melhorar a qualidade da atenção à saúde da mulher e da criança. entre os anos de 2011 e 2012 o ministério da saúde e a fundação oswaldo cruz (fiocruz), em articulação com dezenas de pesquisadores de diversas instituições de ensino e pesquisa de todo o país, conduziram o estudo “nascer no brasil”, primeiro estudo nacional de base epidemiológica que descreveu a atenção ao parto e nascimento, cujo caráter inédito proporcionou identificar uma fotografia do processo reprodutivo e da assistência prestada em âmbito nacional. os resultados do primeiro estudo mostraram que persiste o desafio de melhorar a qualidade da atenção pré-natal, tendo em vista os indicadores de saúde e a cobertura praticamente universal em nosso país; e a qualidade da assistência ao parto, pela excessiva exposição de mulheres de todos os grupos socioeconômicos e de risco obstétrico habitual a intervenções desnecessárias, sendo a operação cesariana, a mais destacada dentre elas. este projeto pretende dar continuidade a pesquisa, por meio do estudo “nascer no brasil ii - inquérito nacional sobre perda fetal, parto e nascimento” que teve início no ano 2020, e que permitirá identificar avanços e retrocessos na atenção ao parto e nascimento, em maternidades públicas e privadas do país. acrescido a este tema, o estudo busca ampliar a investigação da morbidade materna grave e near miss materno, bem como ampliar o conhecimento sobre a real magnitude dos óbitos maternos, fetais e neonatais precoces com representatividade nacional, uma oportunidade de trazer conhecimento para a prática e intervenção em tempo oportuno. o “nascer no brasil ii” apresenta diversos objetivos, incluindo estimar a prevalência de agravos e fatores de risco durante a gestação, avaliar a assistência pré-natal, ao parto e às perdas fetais, e verificar a ocorrência de desfechos maternos e perinatais negativos e seus fatores associados. trata-se, portanto, de um estudo multicêntrico, que será desenvolvido em uma amostra nacional representativa das instituições hospitalares do país, que tenham registrado 100 ou mais nascimentos/ano em 2017, e que atendem à população de mulheres hospitalizadas por ocasião de uma perda fetal (aborto) ou nascimento de um recém-nascido vivo ou morto. todos os hospitais foram selecionados por sorteio. nos hospitais com 100-499 partos por ano, foi definida uma amostra de 30 puérperas de parto vaginal ou cesariana. nos hospitais com ?500 partos/ano, a amostra planejada foi de 50 puérperas. em ambos os hospitais, todas as mulheres admitidas por perda fetal precoce durante o período do trabalho de campo serão incluídas no estudo. no total, serão incluídas no estudo 24.255 mulheres atendidas em 465 maternidades, públicas e privadas, localizadas nas cinco macrorregiões do país. em cada estabelecimento de saúde amostrado o período do estudo terá variação de acordo com o número de partos por dia. a dinâmica do trabalho de campo compreenderá a inclusão de todas as mulheres elegíveis admitidas no estabelecimento selecionado, até completar o tamanho da amostra em cada hospital. a coleta de dados se estenderá pelos finais de semanas e feriados. a equipe de trabalho de campo será composta de profissionais de saúde treinados pela coordenação nacional do estudo, sob supervisão de um coordenador estadual. o estudo será realizado em três etapas: uma hospitalar, durante a internação para o parto ou perda fetal precoce, e duas etapas telefônicas, a primeira realizada no período de 45 a 60 após o parto ou perda fetal, e a segunda quatro meses após o parto ou perda fetal. na etapa hospitalar serão realizadas entrevistas com o gestor da maternidade e com as puérperas de partos e perdas fetais, e extraídos dados dos prontuários hospitalares e cartões de pré-natal. para incluir a perspectiva dos profissionais de saúde, será realizado também um estudo sobre conhecimentos, atitudes e práticas relacionadas ao manejo do trabalho de parto, parto e perda fetal. nas etapas telefônicas serão realizadas entrevistas com as puérperas para avaliar a incidência de morbidade materna e neonatal após a alta hospitalar, a utilização de serviços ambulatoriais por puérperas e recém-natos, a prática do aleitamento materno, o vínculo mãe-bebê, e a triagem para depressão, ansiedade e estresse pós-traumático pós-parto. o estudo “nascer no brasil ii” é financiado pelo ministério da saúde e foi aprovado pelo conselho nacional de ética em pesquisa (conep), parecer número 4.104.073 e caae:21633519.5.0000.5240, em 11 de março de 2020. no estado de santa catarina, a coordenação estadual será conduzida pela professora manuela beatriz velho, com amostra composta por 20 instituições de saúde. o trabalho de campo neste estado teve início no segundo semestre de 2020, com a realização de contato com as instituições de saúde amostradas para o convite à participação e fornecimento da carta de anuência. a coleta de dados está prevista para iniciar em março de 2021, dados dos prontuários, sendo que a coleta de dados com as mulheres atendidas será pactuada oportunamente, devido a pandemia de covid19. espera-se que os resultados deste estudo possam contribuir com informações relevantes acerca das condições socioeconômicas das mulheres, seus fatores de risco gestacionais, acesso aos serviços de saúde e a qualidade do atendimento, condições de parto e nascimento, além dos principais desfechos maternos e perinatais. reitera-se que a investigação de importantes indicadores de saúde como a morbimortalidade materna e perinatal, compartilham dos mesmos determinantes, com estreita associação com as condições de vida, acesso e qualidade da assistência pré-natal e ao parto. como retorno para a universidade federal de santa catarina, o desenvolvimento deste projeto trará a oportunidade de estreitar laços de pesquisa na área de saúde da mulher nos diversos temas que serão abordados, entre o departamento de enfermagem e a fiocruz - instituição de reconhecimento nacional - e a possibilidade de participação discente da graduação e pós-graduação tanto no trabalho de campo em epidemiologia, quanto na análise e publicação dos resultados. por fim, o diagnóstico trazido pelo estudo “nascer no brasil” será importante para orientar políticas públicas do ministério da saúde na área da saúde da mulher e da criança e sua continuidade é fundamental para monitorar os resultados perinatais, e o acompanhamento continuado desses indicadores.