O presente projeto de pesquisa tem por objeto d...o presente projeto de pesquisa tem por objeto de investigação as novas configurações da educação e da escola no contexto do novo ensino médio, seus efeitos sobre os projetos de futuro dos jovens trabalhadores e para a reprodução da juventude enquanto classe. pretendemos compreender as determinações econômicas e sociais que orientaram a última reforma curricular do ensino médio (lei 13.415/2017), bem como os pressupostos políticos e pedagógicos que passaram a direcionar a formação escolar e, por extensão, também o trabalho docente, redesenhando o futuro da juventude trabalhadora. trata-se de uma pesquisa qualitativa, exploratória e descritiva, de tipo documental e de campo, que se fundamenta nos pressupostos do materialismo histórico-dialético, em especial nas contribuições de marx, engels, gramsci e outros estudiosos da tradição marxista no campo da educação. dentro dessa perspectiva, considera-se fundamental a relação entre trabalho, educação e política, ou seja, entre o modo de produção de existência humana sob a forma social do capital e os projetos de hegemonia que disputam o direcionamento da política educacional e seus desdobramentos no âmbito da educação básica. uma vez que as políticas educacionais para a educação básica concorrem para o processo de privatização, mercantilização, mercadorização e subsunção da educação ao capital (motta; andrade, 2020), conduzindo e subordinando, cada vez mais, a formação ofertada pela escola pública ao trabalho simples (martins; neves, 2015), as novas configurações da formação propostas pelo novo ensino médio, expressando esse conjunto de interesses e relações de poder, ao promoverem alterações sobre o projeto de escolarização dos jovens, definem o futuro da juventude que aí é educada, contribuindo para sua reprodução enquanto classe, problema que se quer elucidar por meio desta investigação. objetivo geral como objetivo geral da pesquisa matricial (guarda-chuva), buscamos compreender os determinantes históricos, sociais, políticos e pedagógicos do projeto do capital para a educação básica e seus desdobramentos para o futuro da juventude trabalhadora, a partir da problematização do componente curricular projeto de vida, em sua articulação com as noções de escola acolhedora e educação integral, analisados com base nas transformações pelas quais vem passando o ensino médio e seus efeitos sobre a reprodução da juventude como classe trabalhadora. pressupõe, portanto, um estudo em vários níveis, uma vez que os projetos correlatos poderão construir abordagens que delimitem questões que se relacionam, por exemplo, com o ensino médio regular ou com o ensino médio integrado (ofertado pelos institutos federais), assim como recortes que se interessem também pelas instituições públicas e/ou privadas, com destaque para a escola s (do sistema indústria). outras abordagens poderiam dar mais ênfase à problemática da formação e do trabalho docente (exploração e intensificação do trabalho, precarização, digitalização, plataformização, animação pedagógica e aconselhamento docente, entre outros temas), ou ainda mais especificamente às questões relacionadas ao conhecimento escolar (aprendizagem flexível e ao longo da vida, pragmatismo e recuo da teoria, etc.), às competências e habilidades cognitivas, técnicas e socioemocionais (sua relação com as novas tics, com a flexibilidade e superfluidade dos processos produtivos, ou ainda com as formações psicoterapêuticas etc.). objetivos específicos: por ora, queremos identificar como o componente projeto de vida interfere, ou pode interferir, na formulação de expectativas de futuro e/ou projetos profissionais dos estudantes do ensino médio, alargando ou estreitando os horizontes de inserção dos jovens no mundo do trabalho na sociedade contemporânea e de que modo colabora para a reprodução da juventude enquanto classe trabalhadora. para tanto, estabelecemos ainda: - apreender, teoricamente, o processo de reprodução da juventude enquanto classe trabalhadora diante das atuais configurações do mundo do trabalho; - compreender as mudanças operadas na finalidade, no conteúdo e na forma escolar a partir das políticas educacionais atuais, em especial a bncc e a reforma do ensino médio, bem como suas implicações para a reprodução da juventude trabalhadora; - escrutinar as concepções político-pedagógicas das noções de projeto de vida, escola acolhedora e educação integral nos documentos do novo ensino médio; - analisar a finalidade, os objetivos, os conteúdos e os processos pedagógicos envolvidos no componente projeto de vida e suas repercussões e ou influências sobre a formulação de expectativas de futuro e projetos profissionais dos jovens estudantes; - identificar as relações entre a construção do projeto de vida e a definição do futuro da juventude trabalhadora metodologia para dar conta dos objetivos propostos, prevemos a realização desta pesquisa pelo período de três anos, e temos em vista fazer, fundamentalmente, um diálogo com a bibliografia do campo, uma análise de documentos específicos sobre o novo ensino médio, particularmente, em santa catarina, o acompanhamento, em duas escolas-campo, do processo de implementação do novo currículo, por meio de observações e registros em diário de campo, oportunidade na qual pretendemos, ainda, conversar e escutar professores e jovens estudantes acerca do lugar e das configurações do projeto de vida como componente da formação e da definição do futuro da juventude trabalhadora. trata-se de uma pesquisa qualitativa, exploratória e descritiva (triviños, 1987), que se vale de revisão bibliográfica, análise de documentos, observações e entrevistas individuais e coletivas com professores e estudantes. o corpus documental que comporá parte da empiria da pesquisa se constituirá, basicamente, dos documentos da bncc (brasil, 2018) e dos 5 volumes do cbtcem – currículo base do ensino médio do território catarinense. poderão integrar o corpus documental da pesquisa outros documentos de organismos multilaterais – oms, entre outras fontes e registros que se fizerem necessários. as observações, por sua vez, serão assistemáticas, porém, seguirão um roteiro prévio que organizará a entrada, a permanência e os registros em diário de campo (tura, 2011). as entrevistas coletivas serão organizadas sob a rubrica de “grupo focal”. para a organização dos grupos focais e entrevistas, levar-se-á em conta os seguintes aspectos: quanto aos grupos focais: - realização dos grupos, preferencialmente, por adesão dos jovens (fazer o convite ao conjunto dos jovens que potencialmente interessam para a pesquisa nesta etapa). - considerar os diferentes turnos e turmas. - os temas poderão ser definidos a partir do diálogo com as escolas no momento da apresentação da pesquisa ou em outras situações de contato e discussão com as escolas. - definir e divulgar o tema do grupo focal com antecedência. - preparar o roteiro que orientará a discussão. - o número de participantes dos grupos focais não poderá ultrapassar 15 pessoas. - ponderar a presença de professores e/ou outros sujeitos “estranhos” ao grupo focal (diretores, funcionários, familiares, etc). - tomar cuidado para não induzir as respostas dos estudantes; - preparar com antecedência a atividade “disparadora do debate”, bem com o material e os equipamentos a serem utilizados para não depender das escolas. - transcrever a gravação dos grupos focais. quanto às entrevistas - identificar os sujeitos potencialmente interessantes para as entrevistas; - as entrevistas poderão ser realizadas com jovens estudantes ou com professores que atuam junto ao componente curricular projeto de vida; - preparar com antecedência o roteiro da entrevista e o gravador de voz; - transcrever a entrevista; - o foco da entrevista é o trabalho pedagógico (objetivo e avaliação; conteúdo e método, tempos e espaços pedagógicos) desenvolvido dentro do componente projeto de vida. se a entrevista for realizada com professores, enfocar mais a realidade atual da escola, mas perguntar também pela história e pelas diferenças entre o ontem e o hoje. vale dizer que o projeto de pesquisa será submetido ao comitê de ética da ufsc e obedecerá a todas as recomendações sobre ética na pesquisa, sigilo, respeito e anonimato dos sujeitos participantes, os quais serão convidados a participar da pesquisa por adesão e “livre consentimento”, embora possam também deixar de participar a qualquer momento, conforme a sua decisão e vontade. as escolas-campo da pesquisa, por sua vez, serão consultadas sobre a possibilidade de sediarem a pesquisa e, em caso positivo, serão encaminhados documentos e autorizações que regulamentem os processos de coleta de dados e comprometam os pesquisadores com as normas e princípios éticos de condução da pesquisa, permanência no estabelecimento educacional e respeito às unidades escolares e seus sujeitos.