
Universidade Federal de Santa catarina (UFSC)
Programa de Pós-graduação em Engenharia, Gestão e Mídia do Conhecimento (PPGEGC)
Detalhes do Documento Analisado
Centro: Não Informado
Departamento: Não Informado
Dimensão Institucional: Pesquisa
Dimensão ODS: Social
Tipo do Documento: Projeto de Pesquisa
Título: PREDICAÇÃO DO FEMININO E PRÁTICAS CLÍNICAS: APORTES PARA A ESCUTA DO SOFRIMENTO PSÍQUICO A PARTIR DO PÓS-ESTRUTURALISMO.
Coordenador
- MERITI DE SOUZA
Participante
- MERITI DE SOUZA (D)
Conteúdo
A possibilidade de buscar referências nas leitu...a possibilidade de buscar referências nas leituras pós-estruturalistas é importante para ampliar as perspectivas teóricas e metodológicas voltadas à escuta do sofrimento psíquico, de forma específica para a escuta do feminino, por consideramos que os pressupostos tradicionais hegemônicos modernos utilizados na maioria das teorias psicológicas e psicanalíticas, e suas práticas decorrentes, desqualificam o denominado feminino, dentre outras modalizações subjetivas. entendemos, por um lado, que as teorias e práticas psicológicas hegemônicas se alicerçam nos pressupostos modernos, como da identidade, substância, não contradição, lógica formal, dentre outros. por outro lado, entendemos que as práticas psicanalíticas rompem com alguns dos pressupostos modernos, porém, elas mantêm as referências falologocentradas. de forma específica, interessa apontar que pressupostos hegemônicos modernos sustentam teorias e práticas que recorrem ao binarismo e a matrizes identitárias, que tendem a manter os jogos de poder que predominam no cenário ocidental contemporâneo, estabelecendo valores e hierarquias para os pares denominados como: masculino e feminino; natureza e cultura; concreto e simbólico, afeto e razão, dentre outros (bachelard, 1996; blanché, 1983; foucault, 1985, 1988, 1990; derrida, 1971, 1975, 2001, 2004a; santos, 2010; canguilhen, 1992; 1977; ullmo, 1967; vergely, 1997; chauí, 1996; prigogine, 1996).
a partir dessa leitura, nos interessa produzir pesquisas que problematizem pressupostos que possam auxiliar na construção de referências teórico-metodológicas necessárias à sustentação de práticas clínicas para além dos modelos tradicionais de intervenção calcados nas modalidades de subjetivar e de conhecer hegemônicas no cenário ocidental. espera-se, dessa forma, que novas teorias e práticas possam oferecer escuta não apenas as pessoas alijadas dos consultórios particulares e das grandes redes privadas de assistência, mas também as pessoas que se encontram discriminadas por marcadores binários e hierárquicos de sexualidade, raça-etnia, gênero, classe social, geração, dentre outros. em outras palavras, entendemos que a leitura e a interpretação sobre essas pessoas também estão atreladas a específicas teorias e leituras psicológicas e psicanalíticas subjugadas pelos modos de conhecer e de subjetivar hegemônicos no mundo ocidental, considerando que elas tendem a colocar, por exemplo, o homem como superior a mulher; o branco como superior ao negro, o afeto como superior a razão, dentre outras modalidades de usufruto do poder (souza, 2006, 2011; butler, 1993, 2005; birman, 1999, 2001; collin, 1991; derrida, 2004b; haraway, 1995; kehl, 2016).
ainda, as teorias associadas aos pressupostos modernos tendem a adotar o falo como metáfora para a potência, substância, razão, dentre outros predicados, sobrepondo a subjetivação masculina a referência fálica. no extremo, a predicação do feminino é associada à falta, ao vazio, a impotência, ao afeto. essas teorias são denominadas de falologocentradas por diversos autores que criticam essas referências e a predicação de modalidades subjetivas a partir de binarismos e valorizações estabelecidas a priori (derrida, 1978, 2004b; derrida e roudinesco, 2001; birman, 1999; butler, 2003; souza, 2011; áran, 2006).
conforme apontamos anteriormente, entendemos que as práticas clínicas demandam a adoção de teorias sobre a constituição do psiquismo e sobre as estratégias de intervenção calcadas em concepções sobre o feminino que extrapolem sua associação ao vazio, à culpa, à impotência. em outras palavras, a maioria das estratégias de intervenção psicológicas e psicanalíticas ancora-se em teorias epistêmicas e ontológicas que concebem a constituição subjetiva e a elaboração do conhecimento a partir do binarismo, da disjunção, da hierarquia, da substantivação, do falologocentrismo. dessa forma, teorias que problematizem essa referência epistêmica e ontológica podem sustentar práticas que contemplem o saber excluído pela tradição ocidental e ancorar a diversidade e a diferença das configurações subjetivas. considerando a amplitude do tema abordado, bem como, a amplitude de autores denominados pós-estruturalistas, nesta pesquisa qualitativa e teórica, faremos um recorte trabalhando de forma específica com a modalidade subjetiva do feminino, bem como, recortaremos o autor nos atendo a obra de derrida no que esse autor se debruça sobre a constituição psíquica do feminino e do inconsciente. assim, para lidar com esta proposta nesta pesquisa interessa problematizar o tema do feminino e o tema do inconsciente em derrida, nos textos do autor a partir do contraponto que ele realiza com os pressupostos modernos hegemônicos ao recorrer nas suas análises a termos como indecidível, escritura, khôra, différance. interessa investigar os temas do inconsciente e do feminino na obra derridiana procurando verificar como eles podem se aliar a teorias sobre a constituição do feminino e do inconsciente que se sustentem a partir das perspectivas do indecidível, escritura, différance; khôra, dentre outros. em outras palavras, utilizaremos o recurso de problematizar nos textos de derrida sobre os temas do inconsciente e do feminino, pois, o autor endereça aos pressupostos hegemônicos modernos uma crítica ampla e sistemática, consoante à crítica direcionada aos conceitos de mesmidade, identidade, substância. o trabalho de desconstrução dos pressupostos modernos empreendido pelo autor é reconhecido no cenário contemporâneo (luhmann, 1992, 1996; sloterdijk, 2009). na seqüência, interessa recorrer aos aportes derridianos sobre o feminino e o inconsciente para problematizar teorias sobre a constituição subjetiva e as estratégias de intervenção calcadas na crítica à predicação binária e hierárquica que retira a potência e desqualifica o feminino.
o objetivo dessa pesquisa é produzir conhecimento crítico visando estabelecer e consolidar pressupostos teóricos e metodológicos necessários à implementar práticas psicológicas que possam dar conta da escuta das modalidades e das manifestações do sofrimento psíquico associados a leituras pós-estruturalistas sobre do feminino. para abordar tal impasse e questionar a predicação do feminino, entendemos ser necessária uma visada pós-estruturalista que possa sustentar a escuta do sofrimento psíquico a partir de contextos e instituições diversas, e que possa sustentar a escuta e a abordagem do sofrimento psíquico realizado a partir de teorias e estratégias para além dos pressupostos modernos que não desqualifiquem o feminino a priori. de forma específica interessa: (a) problematizar o conhecimento tradicional hegemônico que sustenta a prática clínica apoiado nos pressupostos hegemônicos modernos da presença, lógica linear e causal, binarismos, substantivação da realidade e da subjetividade; (b) analisar o conhecimento produzido nas teorias de derrida priorizando os conceitos de différance; khora; escritura, indecidível, associando-os a estratégias de intervenção clínica direcionadas à escuta do feminino e do inconsciente; (c) pesquisar as manifestações do sofrimento psíquico a partir dos modos pós-estruturalistas de produção da subjetividade e do conhecimento que oferecem novas leituras sobre o feminino e sobre o inconsciente.
por fim, acreditamos que essa pesquisa possa auxiliar na elaboração de ações voltadas à produção de conhecimentos e sua divulgação, o que inclui escrita de artigos e de livros ou capítulos de livros, bem como, a produção de referências para implementar práticas voltadas a escuta do sofrimento psíquico associado a populações e grupos marcados por indicadores que produzem a predicação e desqualificação do feminino. em outras palavras, desenvolver uma pesquisa que também se direcione a produção de artigos, livros, comunicações científicas, trazendo resultados que viabilizem referências teóricas e metodológicas necessárias à escuta psicológica a partir das referências pós-estruturalistas. espera-se, ainda, a produção de investigações, seminários, redes de estudos, e divulgação científica de propostas de atendimento a população que experimenta sofrimento psíquico associado à referência feminina.
Índice de Shannon: 3.89437
Índice de Gini: 0.927786
ODS 1 | ODS 2 | ODS 3 | ODS 4 | ODS 5 | ODS 6 | ODS 7 | ODS 8 | ODS 9 | ODS 10 | ODS 11 | ODS 12 | ODS 13 | ODS 14 | ODS 15 | ODS 16 |
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ODS Predominates


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