A aprendizagem da leitura é um marco na evoluçã...a aprendizagem da leitura é um marco na evolução cultural de nossa espécie tão significativo que provoca alterações neurocognitivas, gerando um efeito em diversos sistemas, incluindo o visual, o de memória, o atencional e o linguístico. os estudos que detectam alterações resultantes da aprendizagem da leitura mostram que esta habilidade, que pode ser tomada um sistema cognitivo e linguístico secundário, traz benefícios para a nossa arquitetura neurocognitiva, contribuindo, por exemplo, para o desenvolvimento da memória trabalho verbal, para a consciência fonêmica e outras habilidades metafonológicas e para o processamento sintático, por meio dos processos de antecipação. ao que parece, trata-se de um caso em que um sistema linguístico culturalmente aprendido (a leitura) influencia a configuração de um sistema neurobiológico adquirido naturalmente. na presente proposta busca-se investigar (1) o processamento de estruturas morfológicas e sintáticas complexas por crianças e adultos em processo de alfabetização e (2) a relação deste processamento com os sistemas de memória (de longo prazo e de trabalho) e com o controle e regulação da atenção. serão conduzidos experimentos comportamentais e eletrofisiológicos (registro de potenciais evocados relacionados a eventos) com dois grupos – 1 grupo composto por 20 adultos em fase inicial de alfabetização e 1 grupo composto por crianças, também em fase inicial de aprendizagem da leitura (possivelmente no primeiro ano do ciclo de alfabetização). as comparações serão feitas internamente aos grupos (within-groups). não haverá comparação entre crianças e adultos, em função das diferenças maturacionais entre os dois grupos. para a investigação do processamento linguístico, o paradigma experimental a ser adotado é o de priming morfológico e sintático, com o uso de técnicas comportamentais e de eeg/erp. para os testes cognitivos, uma bateria será adotada. os resultados do experimento serão discutidos à luz do modelo memória, unificação e controle (hagoort, 2005; 2016).