O fruto juçara provém da palmeira euterpe eduli...o fruto juçara provém da palmeira euterpe edulis martius (arecaceae), uma palmeira tropical nativa da mata atlântica encontrada principalmente nas regiões sul do nordeste, sudeste e sul do país. a palmeira juçara possui um alto valor comercial devido a produção de um palmito de excelente qualidade, entretanto, devido a exploração extrativista incontida na década de 70, principalmente nas regiões sul e sudeste do brasil, hoje encontra-se na lista vermelha das espécies da flora do brasil sob risco de extinção do conselho nacional de conservação da flora. assim, é crescente o apelo à utilização dos frutos da palmeira juçara para consumo, visto que a retirada destes não culmina na morte da palmeira, podendo contribuir para a preservação da espécie, bem como para a geração de renda. as propriedades nutricionais dos frutos da palmeira euterpe edulis martius vêm chamando a atenção de pesquisadores nos últimos anos em virtude de sua semelhança com os frutos de açaí (euterpe oleracea martius e euterpe precatória maritus), principalmente pela presença de ácidos graxos monoinsaturados e compostos bioativos, especialmente as antocianinas. as antocianinas têm sido associadas a benefícios para saúde pelos seus efeitos antioxidantes, que podem neutralizar a produção de espécies reativas de oxigênio (eros) durante o exercício exaustivo. espécies reativas são produtos do metabolismo celular e relacionam-se com processos fisiológicos no organismo, no entanto, quando em excesso e em desequilíbrio com a neutralização dessas substâncias pelas defesas antioxidantes, podem levar ao estresse oxidativo, provocando a oxidação de biomoléculas e, consequentemente, levar a perda de funções biológicas e/ou desequilíbrios homeostáticos. a capacidade antioxidante das antocianinas pode reduzir o estresse oxidativo durante o exercício. durante o exercício exaustivo, a produção de eros pode ter um efeito negativo sobre a bomba de sódio e potássio e a captação de cálcio pelo retículo sarcoplasmático diminui a concentração de cálcio intracelular, podendo causar fadiga. portanto, é provável que o processo de fadiga durante o exercício relacionado à produção de eros possa ser influenciado pela ingestão de antocianinas. as antocianinas atuam no endotélio vascular e aumentam a atividade da enzima endotelial óxido nítrico sintase com a produção de óxido nítrico, que contribui para a vasodilatação do músculo esquelético. por conseguinte, as antocianinas aumentam o fluxo sanguíneo periférico durante o exercício e potencialmente reduzem os efeitos dos mecanismos de fadiga periférica pela remoção de lactato através de maior captação pelo fígado, coração, rins e músculos esqueléticos. assim, um atraso no início do acúmulo de lactato sanguíneo pode ter implicações positivas em exercícios prolongados de alta intensidade e pode ser preditivo para um aprimoramento do desempenho de exercícios de resistência, como o ciclismo. o ciclismo é, sem dúvida, uma das modalidades mais estudadas no âmbito da fisiologia do esforço e da nutrição e é um esporte que requer alta atividade metabólica prolongada que pode causar perturbações no estresse oxidativo e função muscular, podendo levar à fadiga e queda do desempenho. assim, faz-se necessário identificar estratégias eficientes para contrabalançar a fadiga e melhorar o desempenho, além de contribuir para a recuperação entre as sessões de treinamento intensivo. diante do exposto, o estudo justifica-se pelo crescente número de evidências científicas acerca dos benefícios do consumo de alimentos/bebidas/extratos derivados de frutos ricos em antocianinas no exercício, especificamente sobre os parâmetros de estresse oxidativo, fadiga e desempenho. além disso, o presente estudo elucidará os potenciais efeitos do consumo do fruto juçara no contexto do exercício, considerando a escassez de publicações sobre os efeitos do fruto juçara neste contexto, havendo apenas um estudo encontrado até o momento. considera-se, ainda, importante a popularização do fruto juçara perante à população, estimulando sua produção, promoção e valorização, contribuindo para a sustentabilidade ambiental e, também, para o setor econômico das regiões onde se cultiva.