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Universidade Federal de Santa catarina (UFSC)
Programa de Pós-graduação em Engenharia, Gestão e Mídia do Conhecimento (PPGEGC)
Detalhes do Documento Analisado

Centro: Ciências da Educação

Departamento: Estudos Especializados em Educação/EED

Dimensão Institucional: Pesquisa

Dimensão ODS: Institucional

Tipo do Documento: Projeto de Pesquisa

Título: O “NEOFASCISMO” NO BRASIL E SEUS IMPACTOS NA EDUCAÇÃO PÚBLICA

Coordenador
  • JEFERSON SILVEIRA DANTAS
Participante
  • JEFERSON SILVEIRA DANTAS (D)

Conteúdo

Os retrocessos históricos que vêm ocorrendo sis...os retrocessos históricos que vêm ocorrendo sistemática e deliberadamente no brasil nos últimos anos, especialmente com o golpe ocorrido em 2016 sustido pela mídia hegemônica tradicional, parlamento, judiciário e empresariado bolsonarista, denotam e/ou evidenciam que as crises cíclicas do capital podem prescindir sem qualquer pudor da democracia liberal e alçar ao poder personalidades sociopatas, como é o caso do capitão reformado do exército, jair messias bolsonaro. algumas dessas reflexões e estudos já foram discutidos por nós nessa atual conjuntura (dantas, 2020a; dantas, 2020b; dantas, 2019; dantas e santos, 2018). contudo, a ascensão da extrema-direita é um fenômeno de contornos globais, algo jamais visto desde a década de 1930: “trump, nos estados unidos, modi, na índia, erdogan, na turquia, urban, na hungria, duterte, nas filipinas, e bolsonaro, no brasil. alguns partidos de extrema-direita na europa (...) têm uma base eleitoral expressiva” (d’angelo, 2020, p. 100). porém, nada acontece da noite para o dia. a direita ou a extrema-direita brasileira vem se (re)articulando desde meados da década de 1980, onde se intensificaram as ações de diversos grupos neonazistas. além dessa tendência mais violenta, ou seja, o neonazismo, diversas publicações negacionistas e/ou revisionistas sobre o holocausto passaram a circular no brasil por meio da editora revisão, fundada em porto alegre/rs em 1985. essa publicação difundia o antissemitismo, além de articular determinadas organizações vinculadas a grupos integralistas (caldeira neto, 2020, p. 128). de fato, a partir de 2008, o capitalismo ingressa em mais um período de crise sistêmica, ainda que se saiba que as crises do capital não representem nenhuma novidade, já que são estruturantes do modo de produção vigente. o que se configura, contudo, em tal conjuntura num país de capitalismo dependente como é o caso do brasil é o cariz extremamente autoritário com que o capital e frações da classe burguesa procuram responder à crise. uma escalada autoritária e persecutória representada pelo bolsonarismo e pelo governo bolsonaro, especialmente por meio do fenômeno das fake news , já que esse último elemento vem se propagando de maneira assustadora incitando o medo, o ódio, a mentira contumaz (mitomania) e ataques frequentes à classe trabalhadora (rola; sakurada, 2021, p. 83). no cerne dessa investigação ora aqui apresentada procuramos compreender do ponto de vista conceitual se o bolsonarismo é um ‘fascismo de novo tipo’ ou, como preferem determinados pesquisadores/as, um ‘neofascismo’. não se trata de mero preciosismo teórico, mas tal categorização é fundamental para entendermos as ações bolsonaristas em vários setores da vida pública, com destaque para o campo educacional. para a historiadora virgínia fontes (2021), o governo implantado no brasil em 2019 tem viés ‘proto-fascista’, portanto, diferenciar-se-ia de uma categorização assertiva como ‘neofascista’. para fontes (2021) o bolsonarismo é lastreado por um anticomunismo primário, uma verdadeira ‘caça às bruxas’. o lema ou slogan do governo bolsonaro (deus, pátria e família) lembraria o velho integralismo da década de 1930, que veio a desaparecer em 1970 sendo absorvido por outros partidos de direita ou com perspectivas ideológicas de extrema-direita. o núcleo duro do bolsonarismo, segundo fontes (2021), é formado por uma vertente ultraliberal pragmática sob a batuta do chicago boy, paulo guedes, e a teologia da prosperidade, representada pela vertente reacionária neopentecostal, conectada com a defesa dos valores morais patriarcais e, evidentemente, com a acumulação de capital. aliás, os ministérios do governo bolsonaro foram implantados de maneira autocrática e sob a autoridade direta do capitão reformado do exército, com influência de seus filhos carlos, eduardo e flávio bolsonaro, paulo guedes, olavo de carvalho, onyx lorenzoni (que ocupava a pasta da casa civil), gustavo bebianno (que ocupava a secretária-geral da presidência e que, antes de falecer, se desentendeu com o clã bolsonaro) e sérgio fernando moro (ex-ministro da justiça e agora desafeto de bolsonaro e do bolsonarismo, profundamente implicado no favorecimento eleitoral do capitão reformado do exército em 2018). por fim, fontes (2021) assevera que bolsonaro não teve qualquer hostilidade da mídia hegemônica burguesa tradicional ou dos grupos empresariais jornalísticos. muito pelo contrário. houve um profundo silenciamento nos editoriais da mídia hegemônica, notadamente em 2019, sobre a gravidade de seus pronunciamentos contra os direitos humanos e sociais e contra o meio ambiente, ou seja, uma adesão sem peias à cartilha ultraliberal de guedes. já armando boito júnior (2020, p. 111) compreende que o brasil vivencia, atualmente, um governo com traços neofascistas, mas não propriamente uma ditadura fascista. para tanto, boito júnior procura diferenciar o ‘fascismo histórico’ do ‘neofascismo’. o sociólogo aponta ainda que, diante da deterioração da democracia burguesa, as instituições brasileiras se fragilizaram bastante, especialmente o supremo tribunal federal (stf), tutelado pelas forças armadas, particularmente pelo exército . todavia, o bolsonarismo ou as frações de classe que apoiaram o projeto bolsonarista foram fundamentais para o êxito eleitoral do capitão reformado do exército . segundo o sociólogo sávio cavalcante (2020, p. 123) o fato de bolsonaro não liderar um partido de massas com base social organizada e de ser abertamente pró-capitalista não permite afiançar que se trata de um governo fascista nos moldes do fascismo histórico. por outro lado, cavalcante (2020, p. 123) considera que a classe média, ativa ou passivamente, aceitou como legítima a candidatura de bolsonaro e naturalizou o discurso típico do fascismo, onde “a nação precisaria ser purificada (o mesmo valendo para a família) e a esquerda deveria não apenas ser descartada, mas eliminada”. sávio cavalcante (2020, p. 123) destaca ainda que o reacionarismo da classe média, de forma orgulhosa e estrepitosa, defendeu de maneira enfática o apartidarismo (sem partido), já que o único partido a ser considerado seria o brasil. tal ‘campo de sentido’ alavancou grupos ultraconservadores (movimento brasil livre, vem pra rua, etc.) que, sob a bandeira genérica da anticorrupção, e com o apoio da mídia hegemônica tradicional, passaram a influenciar processos de reorientação curricular nas escolas públicas e até mesmo o plano nacional de educação (pne), corroborando com a implementação da contrarreforma do ensino médio e da base nacional comum curricular (bncc) sob os auspícios de um golpe (dantas, 2020a). logo, faz-se importante compreender e apontar quais são os grupos e/ou frações de classe que apoiam e sustentam o governo bolsonaro, que estão diretamente atuando contra a autonomia política e pedagógica das escolas e universidades públicas, utilizando-se de discursos ultraconservadores, que desqualificam a prática social de professores e professoras. além disso, tais grupos bolsonaristas – especialmente as milícias digitais – se beneficiam da desregulação das redes sociais e do fetichismo tecnológico (leher, 2020, p. 52) para atacar desafetos (pretensos/as professores/as doutrinadores/as), partidos e movimentos sociais de esquerda.a militarização da política e, por extensão, da sociedade, ganhou enormes espaços nas escolas públicas, igrejas evangélicas e na burocracia estatal (d’angelo, 2020, p. 117). além disso, os três ministros da educação (vélez, weintraub e ribeiro) nomeados por bolsonaro, representaram e representam o que há de mais indigente em termos morais e intelectuais na história da educação republicana desse país. vélez, por exemplo, foi defensor ferrenho das escolas cívico-militares, um projeto inédito que nem mesmo foi realizado durante a ditadura civil-empresarial-militar (1964-1985); um “esboço tão amplo e evidente da tutela da educação básica via militarização de seus espaços e sujeitos” (rebuá, 2020, p. 175). a escola sob a ótica da militarização é vista como espaço de controle social; uma verdadeira cruzada contra corpos e utopias. em nosso país uma das maiores representações de tais políticas neofascistas é o movimento escola sem partido (esp), que já tivemos a oportunidade de analisar em outro estudo (dantas, 2019). objetivo geral - analisar os efeitos políticos e sociais do ‘neofascismo’ na educação pública brasileira. objetivos específicos - compreender, epistemologicamente, se o conceito de ‘neofascismo’ pode ser empregado como recurso analítico sobre os fenômenos sociais vigentes e hodiernos num país de capitalismo dependente como é o caso do brasil; - analisar os efeitos da militarização (escolas cívico-militares) e dos grupos fundamentalistas religiosos na educação pública, com especial atenção à educação básica; - reconhecer e sistematizar os grupos ultraconservadores ou grupos de ódio que atuam nas redes sociais contra escolas/universidades públicas e professores/as.

Índice de Shannon: 3.06533

Índice de Gini: 0.790766

ODS 1 ODS 2 ODS 3 ODS 4 ODS 5 ODS 6 ODS 7 ODS 8 ODS 9 ODS 10 ODS 11 ODS 12 ODS 13 ODS 14 ODS 15 ODS 16
4,87% 2,35% 1,84% 13,26% 7,16% 1,66% 2,23% 3,45% 2,99% 6,46% 4,27% 1,85% 2,03% 1,57% 2,45% 41,57%
ODS Predominates
ODS 16
ODS 1

4,87%

ODS 2

2,35%

ODS 3

1,84%

ODS 4

13,26%

ODS 5

7,16%

ODS 6

1,66%

ODS 7

2,23%

ODS 8

3,45%

ODS 9

2,99%

ODS 10

6,46%

ODS 11

4,27%

ODS 12

1,85%

ODS 13

2,03%

ODS 14

1,57%

ODS 15

2,45%

ODS 16

41,57%