
Universidade Federal de Santa catarina (UFSC)
Programa de Pós-graduação em Engenharia, Gestão e Mídia do Conhecimento (PPGEGC)
Detalhes do Documento Analisado
Centro: Filosofia e Ciências Humanas
Departamento: Antropologia/ANT
Dimensão Institucional: Pesquisa
Dimensão ODS: Institucional
Tipo do Documento: Projeto de Pesquisa
Título: INCESTO E REDES MATRIMONIAIS ARARA: ALGUNS PROBLEMAS E UM ROTEIRO DE INVESTIGAÇÃO
Coordenador
- MARNIO TEIXEIRA PINTO
Participante
- MARCIO FERREIRA DA SILVA
- MARNIO TEIXEIRA PINTO (D)
- MIRIAM FURTADO HARTUNG (D)
Conteúdo
Dos temas que constituíram o repertório clássic...dos temas que constituíram o repertório clássico da antropologia ao longo de sua história, o incesto, os problemas que suscita, a interdição que anuncia certamente ocupam os lugares mais controversos. é bem ali, na disputa das interpretações sobre as causas de sua existência, seu estatuto, sua natureza e a função a que serve no rol das coisas que ocupam a razão e a sociedade humanas que se clivam a sociologia da psicanálise, a antropologia moderna da tradição evolucionista, o estruturalismo das psicologias reducionistas (ver, por exemplo, pulman 2012). nas diferentes interpretações dos problemas do incesto constituíram-se diferentes disciplinas. passados mais de cem anos da constituição das disciplinas, a configuração do debate não é muito diferente: sociobiólogos de um lado (fox 1990; leavitt 1990), fundamentalistas da cultura de outro (schneider 1976, 1979; wagner 1972)), e estruturalistas resistentes (héritier 1989; héritier et al. 1994; héritier 1994; de heusch 1996) desafiam-se a partir de diferentes trincheiras, num fogo cruzado em que não escapam sequer aqueles que procuraram uma suposta neutralidade no campo da história (kuper 2002, 2010; archibald 2001; barnes 2002), ou aqueles que escolheram jogar no terreno mais seguro das descrições e análises etnográfica (coelho de souza 2004; fischer 1950; fischer et al. 1976; hooper 1976; hutchinson 1985; kiste e rynkiewich 1976; evans 2010; storrie 2003; xanthakou 1999), nem os que pediram a proteção ancestral pelo reavivamento dos clássicos da matéria (spain 1987), e nem mesmo os que transbordaram para as fronteiras interdisciplinares evitando os bombardeios lançados ao centro de cada aldeia (hsieh 2005; meigs e barlow 2002; naouri 1994; patterson 2005; read 2014). todos, de algum modo, são ainda afetados pelas mesmíssimas dificuldades de enfrentar a “vexata questio” em que a questão do incesto sempre se configurou.
na história recente dos arara 2 há pelo menos duas situações em que relações matrimonais foram entendidas, mesmo que em graus variados, como verdadeiramente incestuosas. com uma população pequena, e que se viu em crescente processo de isolamento causado pela ocupação invasiva da região em torno da transamazônica entre o final dos anos de 1960 e início da década de 1980, os arara viveram durante décadas uma realidade de endogamia efetiva.
os dados genealógicos, demográficos e populacionais recentemente obtidos no dsei/altamira chegam até o ano de 2011, e incluem toda a população arara assistida nos programas de saúde, recenseada por aldeia, por casa e por aquilo que o órgão chama de “família”. a ampliação do corpus genealógico já disponível é fundamental para esta retomada das questões sobre parentesco e organização social dos arara, a quem acompanhei desde os primeiros anos da situação pós-contato.
tais dados são utilíssimos para a compreensão de todo o processo histórico mais recente a que foram submetidos os arara, no que tange aos efeitos sobre seus modos tradicionais de se organizar, as mudanças já sabidas em seu regime residencial e em suas práticas matrimoniais por exemplo. apenas o tratamento dos dados brutos obtidos para seu aproveitamento na análise (transformação em tabelas utilizáveis pelos softwares) já demandará um esforço notável. ao lado de todo esse preparo, a releitura da bibliografia teórica desde o nascimento da antropologia sobre o lugar do “incesto” nos fundamentos de nossas teorias e compreensão sobre a natureza do que compreendemos como “social” propriamente dito também ocupará um momento inicial importante.
com o material preparado para o processamento computacional, a rede matrimonial arara poderá mostrar-se em ainda em maior complexidade e revelar – com todo o trabalho de simulação, manipulação, modelamento e formulação de hipóteses descritivas que os programas atuais permitem (maqpar, puck, pajek) – algumas possibilidades analíticas não antevistas a olho nu e que poderão dar nova compreensão aos problemas etnográficos que mencionamos acima, bem como uma nova dimensão a algumas das discussões teóricas em torno do incesto, que recentemente voltaram a povoar o imaginário teórico das ciências humanas.
nesta pesquisa, pretende-se levar adiante o duplo exercício de descrever a rede em seus contornos gerais e algumas de suas particularidades relacionadas às práticas de incesto e, manipulando-a por modelação, simular o modo como ela se comportaria se dela fossem suprimidas (ou aprofundadas em suas consequências) as relações incestuosas. tais exercícios, mais do que registrar a busca de um simples algoritmo para um divertissement metodologicamente rico mas etnograficamente pouco interessante, talvez permita lançar outras luzes e reflexões sobre o fenômeno do incesto e, ao mesmo tempo, ajudar a demonstrar algumas potencialidades (e limites) que ferramentas computacionais podem introduzir na reflexão teórica sobre parentesco e casamento.
Pós-processamento: Índice de Shannon: 3.92103
ODS 1 | ODS 2 | ODS 3 | ODS 4 | ODS 5 | ODS 6 | ODS 7 | ODS 8 | ODS 9 | ODS 10 | ODS 11 | ODS 12 | ODS 13 | ODS 14 | ODS 15 | ODS 16 |
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ODS Predominates


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