
Universidade Federal de Santa catarina (UFSC)
Programa de Pós-graduação em Engenharia, Gestão e Mídia do Conhecimento (PPGEGC)
Detalhes do Documento Analisado
Centro: Ciências da Saúde
Departamento: Patologia/PTL
Dimensão Institucional: Pesquisa
Dimensão ODS: Social
Tipo do Documento: Projeto de Pesquisa
Título: QUALIDADE ÓSSEA E OS EFEITOS DA RADIOTERAPIA: AVALIAÇÃO DE PARÂMETROS MICROARQUITETURAIS, MORFOMÉTRICOS E PRESENÇA DE MICRODANOS NO OSSO SUBMETIDO À RADIAÇÃO IONIZANTE
Coordenador
- LILIANE JANETE GRANDO
Participante
- AIRA MARIA BONFIM SANTOS (D)
- BIANCA CARLA BIANCO (Di)
- GUSTAVO DAVI RABELO (D)
- HEITOR FONTES DA SILVA
- LILIANE JANETE GRANDO (D)
- MARIAH LUZ LISBOA (Di)
Conteúdo
o câncer de boca é um dos dez tipos de câncer... o câncer de boca é um dos dez tipos de câncer mais comuns no mundo (xiu et al., 2015). os pacientes acometidos por carcinoma epidermóide oral são, geralmente, homens brancos, com idade entre a sexta e sétima décadas de vida, que fazem uso de cigarro e/ou álcool (marocchio et al., 2010). recentemente, foi reportado um ligeiro aumento no número de casos em adultos jovens que fogem ao padrão de homens entre quinta e sétima décadas de vida, como exemplo pacientes com média de 40 anos de idade e/ou pacientes do sexo feminino não tabagistas ou etilistas (who, 2017).
os tratamentos disponíveis para o carcinoma epidermóide oral englobam cirurgia, radioterapia e quimioterapia, geralmente indicando uma associação entre estas modalidades. a radioterapia para o câncer de boca, geralmente utiliza doses médias de 50 a 70 greys, estando indicada em pacientes com doença de alto risco, que apresentam comprometimento das margens cirúrgicas identificado pela microscopia, além do envolvimento de linfonodos regionais (sher et al., 2011; crombie et al., 2012). a dose necessária de radiação varia conforme a gradação histológica e localização anatômica do tumor (freitas et al., 2011; crombie et al., 2012).
previamente à terapia antineoplásica, a avaliação odontológica é fundamental, pois permite o levantamento das necessidades de tratamento odontológico e a manutenção da saúde bucal do paciente; prevenindo, assim, sequelas da radioterapia, como por exemplo a osteorradionecrose (orn) (freitas et al.,2011; batinjan et al., 2014).
a orn é uma sequela grave da radioterapia realizada na região de cabeça e pescoço, geralmente irreversível, que atinge maxila e/ou mandíbula, causando exposição óssea que não cicatriza por um período de pelo menos 3 meses. geralmente ocorre de 4 meses a 3 anos após a radioterapia, mas pode ocorrer a qualquer momento durante a vida do paciente submetido à radioterapia de cabeça e pescoço (robard et al., 2014; batinjan et al, 2014). esta lesão causa grande preocupação devido seu comportamento agressivo (freitas et al., 2011; batinjan et al., 2014). a mandíbula é mais acometida que a maxila não somente pela sua densa configuração óssea como também pelo seu tipo de suprimento sanguíneo (freitas et al., 2011, almeida et al., 2012).
os aspectos clínicos que podem ser observados nesta doença são: ulceração ou necrose da mucosa com exposição de osso necrótico podendo ser acompanhada de sintomas como dor e possível parestesia. a progressão da condição pode levar a fratura óssea, infecção local com formação de fístula intra e extraoral e, infecção disseminada ou sistêmica (epstein et al., 1987; freitas et al., 2011). os aspectos radiográficos incluem diminuição da densidade óssea, por vezes com áreas de fraturas patológicas, destruição da cortical e perda de trabeculado, podendo apresentar regiões de radiopacidade irregular indicativas de sequestros ósseos (epstein et al., 1987, grimaldi et al., 2005).
embora as características clínicas da orn sejam reconhecidas há décadas, sua fisiopatologia é pouco conhecida (delanian et al., 2011). meyer (1970) propôs sua teoria de origem da orn: radiação, trauma, infecção e sugeriu que a lesão é a porta de entrada à invasão da microbiota oral no osso irradiado. esta teoria tornou-se a base para o uso de cirurgia e antibióticos para tratar orn (nadella et al, 2014). marx et al. (1983) propuseram a hipótese de que a orn ocorre devido à tríade: hipocelularidade, hipóxia e hipovascularidade do tecido ósseo. em 2004, delanian & lefaix postularam que a radioterapia possivelmente levaria a lesões teciduais, proporcionaria a instalação de um processo inflamatório local, além de causar a morte de osteoblastos e dificultar o repovoamento de componentes celulares ósseos (delanian e lafaix, 2004). esse tecido enfraquecido teria alto risco para o desenvolvimento da orn e a ocorrência de trauma químico ou físico mínimo poderia desencadear uma resposta inflamatória tardia que causaria a necrose tecidual (ribeiro et al., 2018).
o tratamento da orn ainda é um desafio para o clínico. as particularidades de cada caso e de cada paciente exigem terapias combinadas, incluindo antibióticos e corticosteroides, oxigenoterapia hiperbárica, debridamento ósseo e ressecção cirúrgica seguida por reconstrução (grimaldi et al., 2004). ribeiro et al., 2018 utilizou a fotobiomodulação com laser de baixa potência para o estímulo e fechamento da mucosa em torno de pequenas áreas de exposição e encontraram resultados positivos como terapia adjuvante no tratamento da orn. atualmente, parece consenso que a orn deve ser tratada, inicialmente, de maneira conservadora, com debridamento e limpeza das feridas cirúrgicas com soluções antimicrobianas, antibioticoterapia e sequestrectomia (grimaldi et al., 2004; david et al., 2016). mais recentemente, a ozonioterapia - terapia com ozônio (o3), e a laserterapia - terapia a laser de baixa potência, têm sido propostas como alternativas para prevenção e tratamento da orn (grimaldi et al., 2004; batinjan et. al., 2014).
para entender melhor a orn, deve-se também entender a fisiologia e metabolismo ósseo, partindo do princípio que o desenvolvimento desta sequela ocorre neste tecido, é preciso entender suas peculiaridades. o tecido ósseo é um tecido conjuntivo especializado, formado por células e material extracelular calcificado - a matriz óssea. as células presentes neste tecido são os osteócitos, osteoblastos e osteoclastos. os osteócitos se situam em lacunas encontradas na matriz óssea e são essenciais na manutenção da mesma. os osteoblastos se situam na parte orgânica da matriz e sintetizam colágeno do tipo i e outras proteínas da matriz, além de concentrar fosfato de cálcio, participando do processo de mineralização. já os osteoclastos, células gigantes multinucleadas, têm a função de reabsorver tecido ósseo, além de serem fundamentais no processo de remodelação óssea (junqueira; carneiro, 2013).
num estudo histomorfométrico em ossos e tecidos moles maxilares, curi et al. (2016) perceberam que os tecidos irradiados se tornam hipocelularizados, hipovascularizados e hipóxicos, além de perceberem estes danos maiores em tecido ósseo quando comparados aos danos sofridos pelos tecidos moles. dekker et al. (2018) também concluíram que a radioterapia causa uma diminuição no número e densidade de vasos sanguíneos na medula óssea mandibular e sugeriram que doses de radiação superiores a 50gy podem afetar principalmente os vasos menores (dekker et al., 2016). mendes et al. (2019) num estudo em coelhos concluíram que há comprometimento no reparo ósseo de ossos irradiados, onde estes apresentam alterações arquitetura óssea como trabéculas finas, na composição óssea com menos colágeno e ainda alterações na quantidade de osteócitos em lacunas. em um estudo em mandíbulas humanas, dekker et al. (2020) observaram que a radiação ionizantereduz drasticamente a capacidade de remodelação óssea, bem como encontraram alterações arquiteturais nos ossos irradiados.
na literatura ainda há escassez de estudos dos danos da radiação ionizante em ossos humanos. diante disso, são importantes estudos laboratoriais para entender as alterações sofridas pela matriz óssea irradiada, objetivando melhor entender os eventos envolvidos na patogênese da orn e embasar seus possíveis tratamentos. diversas técnicas permitem avaliar os parâmetros da qualidade do tecido ósseo. a microtomografia é um método extremamente útil para o estudo do tecido ósseo humano associado a diferentes condições e doenças. através dela é possível obter informações sobre a microarquitetura e a composição do tecido (irie, et al., 2018). outra análise possível de ser utilizada na avaliação dos parâmetros de qualidade é a identificação da presença de microdanos, que são caracterizadas como lesões microscópicas que interrompem a comunicação célula-célula dos osteócitos, levando à morte celular destas células, e ativando o processo de remodelação alvo-direcionada. ainda, para análises complementares, a histomorfometria pode ser realizada como método recomendado para análises morfológicas por meio de diversas técnicas de coloração, como por exemplo: tricrômio de mallory, hematoxilina-eosina, picrosirius e von kossa.
objetivos:
- avaliar a microarquitetura dos ossos da maxila e mandíbula submetidos à radioterapia e de regiões de orn;
- avaliar a presença e a extensão dos microdanos presentes no osso irradiado, comparando ao osso não irradiado e osso de regiões de orn;
- avaliar o conteúdo mineral do osso irradiado, comparando ao do osso não irradiado e ao do osso com orn;
- comparar os resultados das análises do conteúdo mineral do osso irradiado, comparando ao do osso não irradiado e ao do osso com orn, correlacionando com os aspectos clínicos e dados biodemográficos;
- avaliar o perfil clínico do paciente submetido à radioterapia de cabeça e pescoço atendido no noh/hu/ufsc.
Índice de Shannon: 2.77425
Índice de Gini: 0.696034
ODS 1 | ODS 2 | ODS 3 | ODS 4 | ODS 5 | ODS 6 | ODS 7 | ODS 8 | ODS 9 | ODS 10 | ODS 11 | ODS 12 | ODS 13 | ODS 14 | ODS 15 | ODS 16 |
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ODS Predominates


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