Uma das primeiras abordagens metafísicas acerca...uma das primeiras abordagens metafísicas acerca da natureza das entidades quânticas, atualmente chamada de “concepção recebida” (received view), propunha que entidades quânticas são entidades desprovidas de individualidade. isto é, em contraposição ao que ocorre com as entidades descritas pela física clássica, as entidades descritas pela física quântica não são indivíduos em algum sentido do termo. tradicionalmente, essa ausência de individualidade tem sido entendida como sendo estreitamente relacionada com a identidade numérica: não-indivíduos seriam entidades para as quais, em algum sentido, a noção de identidade não se aplica. todavia, a noção de individualidade pode receber diferentes tratamentos em metafísica, concernindo, em termos intuitivos, aquilo que faz com que uma entidade seja aquilo que ela é, em oposição a qualquer outra coisa. trata-se de uma noção com poder explicativo, fornecendo uma explicação da natureza dos indivíduos. nesse sentido, se essa é a restrição sobre um princípio de individualidade, diversos candidatos surgem para o papel de princípio de individuação na história da filosofia, e muito deles ainda são considerados como plausíveis atualmente. nossa proposta consiste em investigar como noções diversas de individualidade e de sua falta, principalmente, poderiam ser empregadas para se fundamentar a noção de não-indivíduo de modo condizente com os ditames da mecânica quântica. além disso, pretendemos investigar quais dessas noções podem ser formuladas sem que seja necessário abandonar a identidade, como tradicionalmente se tem feito. com isso, seria possível fundamentar a concepção recebida de modo rigoroso sem que a noção de identidade seja perdida. há muitas vantagens em se proceder deste modo, entre as quais podemos listar brevemente a manutenção da lógica da identidade tradicional e uma simplificação que decorre de não se necessitar revisar os conceitos que de algum modo dependem da identidade para sua formulação ou compreensão. essas vantagens, bem como outras consequências delas, parecem falar em favor de uma abordagem mais conservadora na noção de não-indivíduos, não envolvendo a falha da identidade, conforme investigaremos neste projeto.