é possível afirmar que uma obra pode ser consid...é possível afirmar que uma obra pode ser considerada como tal a partir do momento em que ela existe para o mundo. isso acontece quando ela é publicada e atinge um público leitor, provocando inclusive a crítica que se constrói em torno dela. e a obra, para ser publicada, tem que se cercar de elementos exteriores ao texto, que o tornam um livro. esses elementos são denominados por gerard genette de paratextos. o estudioso pensa o paratexto como uma zona indecisa entre o dentro e o fora do texto, ou, como diz philippe lejeune, como franja do texto, que pode comandar a leitura que se faz de uma determinada obra (genette, 2009, p. 10). a presente pesquisa intenciona analisar as funções do paratexto, principalmente nos livros de poesia, buscando identificar neles a assinatura do autor da forma como a concebe giorgio agamben: assinatura como dispositivo que desencadeia uma função decisiva, que domina não somente a exegese e a interpretação de textos, mas que também identifica a relação entre o homem e o universo (agamben, 2010, p. 30). essa ideia acaba evidenciando a necessidade de uma arqueologia (foucault) e de uma genealogia (nietzche), que não buscam construir conceitos, mas procura assinaturas que mudam de lugar conceitos e signos, de uma esfera para outra, sem a intenção de redefini-los. a assinatura que é concebida não como conceito, mas como marca, que reflete uma nova interpretação. tal percepção determinaria interrogar o discurso literário a partir de seu exterior, aqui representado pelos paratextos. para genette, de forma mais ampla, paratexto é tudo aquilo que acompanha, prolonga ou está em torno do texto, contribuindo para a edição do livro e sua recepção enquanto tal. os paratextos autorais são aqueles de responsabilidade do autor do texto, e indicam elementos definidos e controlados por ele. esses paratextos poderiam permitir a identificação de estratégias utilizadas pelos escritores na construção de seus textos assinaturas pré-identificadas e pré-definidas pelo próprio autor como, por exemplo, as dedicatórias e o "aviso ao leitor", advertências, prefácios.