
Universidade Federal de Santa catarina (UFSC)
Programa de Pós-graduação em Engenharia, Gestão e Mídia do Conhecimento (PPGEGC)
Detalhes do Documento Analisado
Centro: Filosofia e Ciências Humanas
Departamento: História/HST
Dimensão Institucional: Pesquisa
Dimensão ODS: Institucional
Tipo do Documento: Projeto de Pesquisa
Título: A “DEMOCRACIA” NO BRASIL, ATRAVÉS DOS JORNAIS FOLHA DE SÃO PAULO E JORNAL O GLOBO ( 2012- 2018).
Coordenador
- ROSELANE NECKEL
Participante
- ROSELANE NECKEL (D)
Conteúdo
As contribuições de friedrich nietzsche, em sua...as contribuições de friedrich nietzsche, em sua obra “humano demasiado humano”, escrita no século xix, são importantes para refletir sobre “cultura política” e as “práxis políticas” cotidianas de grupos de extrema direita, direita, esquerda, extrema esquerda ou quaisquer enquadramentos que se impõe às ideias e posicionamentos políticos nos dias atuais (nietzche, 2005, p. 221-222).em tempos em que se questiona a democracia, buscamos refletir sobre os conceitos de “política” e “político” através de autores que problematizam temas como a democracia; a participação política; a desmoralização da política; ceticismo e decepção em relação ao modelo liberal de democracia; a cultura política do clientelismo; a criminalização da política e o modelo agonístico da democracia. a democracia agonística, é uma possibilidade de confrontar a “decepção” contemporânea com os políticos e a política; e como essa decepção com a política e com os políticos abre brechas para discursos xenófobos, nazifascistas e autoritários. refletindo sobre as relações entre o fortalecimento dos princípios do mercado e o reforço da subjetividade, em detrimento da cidadania, conduzindo os seres humanos ao hedonismo. as diversas análises teóricas fortaleceram nossa compreensão de que é necessário ultrapassar o debate sobre a incompatibilidade entre democracia e capitalismo, democracia participativa e os modelos de democracia popular. a partir das leituras efetuadas chegamos à conclusão que deveríamos insistir em compreender a constituição da “democracia hedonista”, em que o atendimento dos interesses individuais, ou de seu grupo é o que orienta os interesses dos “indivíduos” pela política no momento presente. porque de um lado o patrão detentor do capital e dos meios de produção, nunca aceitaria democratizar, por tanto compartilhar com seus empregados os recursos que detinha a propriedade – eis aí o principal impedimento do emprego da democracia no capitalismo, posto que sua principal matriz de poder, não poderia ser compartilhada com aqueles que detinham apenas a força de trabalho (santos& avritzer, 2003,p. 35)apesar do intenso debate sobre a democracia participativa e os modelos de democracia popular nos países da europa do leste e a democracia desenvolvimentista dos países recém-chegados à independência no pós-guerra, o que se propaga na última década do século xx é o “modelo hegemônico liberal”, no sul da europa ainda nos anos de 1970, e posteriormente para a américa latina e europa do leste (santos &avritzer, 2003, p.35). outra questão vem à tona: “ o problema da forma da democracia e da sua variação”. com a expansão da democracia liberal, de “baixa intensidade”, constituiu-se uma crise que ficou conhecida como “dupla patologia” (idem, p. 37). a patologia da participação, em vista do aumento dramático do abstencionismo; e a patologia da representação, o fato dos cidadãos se considerarem cada vez menos representados por aqueles que elegeram. a desmoralização da política, “o desinteresse por tudo que é público, a privatização exacerbada das relações sociais e do próprio estado - tudo leva a uma crise política, induzida pela corrosão da estrutura social e da cultura pelas relações mercantis sem contrapeso da ação até um certo momento reguladora do estado” (sader, in. in. santos &avritzer, 2003,p. 541). os discursos “neoliberais” que preconizam a iniciativa individual e privada contra a ineficiência do estado e dos “políticos”. a "desmoralização da política" “joga a favor do império sem contrapesos da economia, favorecendo a financeirização do estado, a destruição dos direitos e das formas de regulação estatal. a mídia faz jogar ‘mercado’ contra ‘política’, aquela como portadora da ‘racionalidade’ enfrentada ao ‘corporativismo’, à ‘incompreensão’, à incompetência dos políticos” (idem, p. 543).
diante do ceticismo de um crescente número de pessoas em relação a ao modelo liberal democrático na sociedade contemporânea, o debate sobre os parâmetros nos quais a democracia pode ser potencializada precisam ser impulsionados. para tanto, chantal mouffe propõe um debate sobre democracia agonística e cidadania democrática radical, tendo como pressuposto, o pluralismo político, trazendo o confronto entre o liberalismo e o republicanismo. chantal mouffe, propõe que a política consiste, pois, em domar a hostilidade, que o outro não seja visto como inimigo a ser destruído, mas como um adversário a ser combatido nas suas ideias, mas sem negar-lhe o direito de defendê-las. inspirada por gramsci, para mouffe a política é uma luta por hegemonia (mouffe, 2005). a questão que coloca, “não é de como tentar chegar a um consenso sem exclusão, dado que isso acarreta a exclusão do político”, dimensão do antagonismo inerente as relações humanas, já a “política busca a criação da unidade em um contexto de conflitos e diversidade; está sempre ligada à criação de um ‘nós’ em oposição a um ‘eles’, sem perceber os que pensam diferentes como inimigos, mas sim como adversários (idem p.20). uma “democracia em bom funcionamento demanda um embate intenso de posições políticas (...). muita ênfase no consenso e a recusa da confrontação levam a apatia e ao desapreço pela participação política (idem). o que nos leva a pensar sobre os reflexos na democracia brasileira do “mito da brasilidade” e da tradição inaugurada por sérgio buarque de holanda dos “brasileiras/os genéricos como sujeitos “cordiais”, invisibilizando a ação das classes sociais e seus interesses, e que de acordo com jessé de souza é “arrasadoramente influente até hoje” (souza, 2017, p. 35-36). estes também são elementos importantes para compreender a democracia construída no brasil e o “encobrimento da desigualdade” e dos conflitos (idem, p. 45). portanto, chantal mouffe questiona os parâmetros da democracia liberal e apresenta uma proposta de “pruralismo agonístico” onde os conflitos e as paixões não foram excluídos da política e enfatizando “a impossibilidade de estabelecer um consenso sem exclusão” (mouffe,2005, p. 22). segundo a autora, a proposta questiona a ilusão de que “democracia perfeitamente bem-sucedida possa ser alcançada”, mantendo “viva a contestação democrática” reconhecendo que a sociedade é dividida, onde a coexistência humana é de natureza conflitiva (idem). as reflexões realizadas por chantal mouffe, ampliaram nossas perspectivas de análise sobre o alheamento de muitos cidadãos/cidadãs da política, quando amplia as explicações centradas na constituição da sociedade reflexiva e individualista como responsáveis pela “decepção política” de muitas pessoas e aponta caminhos. essa “decepção” com os políticos e a política, também abre brechas para discursos populistas e xenófobos de extrema direita”. no brasil, desde o “golpe parlamentar” de 2016 que a desmoralização e criminalização da política está sendo realizada, de modo intensivo pelos meios de comunicações e por agentes públicos que contribuem para disseminar ideias, tanto para o cidadão comum e até para alguns setores intelectualizados, de que o mundo da política e o estado estão carcomidos e que a solução é entregar tudo às leis de mercado, privatizar tudo e se entregar aos arroubos autoritários de quem tiver mais força, mais poder (souza, 2018).
portanto, é necessário que as reflexões e os trabalhos de pesquisa em torno de modelos de democracia avancem, pois são essenciais para desconstrução de uma cultura política autoritária, violenta e conservadora, como a que se prenuncia em nossos dias. para tanto, consideramos importante realizar um levantamento dos editoriais, artigos, notícias de jornais de de grande circulação nacional, os jornais folha de são paulo e jornal o globo, entre 2012 (e as eleições de 2018, buscando perceber as construções discursivas em torno dos conceitos de política, políticos e democracia que foram divulgados por estes jornais, buscando compreender a retórica anti política, o populismo de combate a corrupção e o crescimento das posturas antidemocráticas, que estão se fortalecendo, colocando em risco os direitos e garantias fundamentais de um regime democrático, como o direito a “liberdade de manifestação política”.
bibliografia básica:
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Pós-processamento: Índice de Shannon: 0.67706
ODS 1 | ODS 2 | ODS 3 | ODS 4 | ODS 5 | ODS 6 | ODS 7 | ODS 8 | ODS 9 | ODS 10 | ODS 11 | ODS 12 | ODS 13 | ODS 14 | ODS 15 | ODS 16 |
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ODS Predominates


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