Nos últimos anos, a popularização de dispositiv...nos últimos anos, a popularização de dispositivos eletrônicos e das redes de telefonia móvel têm gerado profundas mudanças nas rotinas e estruturas das famílias, impactando especialmente a experiência de aprendizado e lazer das crianças (takeuchi, 2011, lima, 2018, ). se, inicialmente, o uso de mídia eletrônica era restrito a espaços internos, o advento das tecnologias móveis permitiu que esse uso migrasse progressivamente para espaços públicos urbanos (de souza; silva, 2016, wilken; goggin, 2012), tornando-se muito comuns na casas, na escola e nas atividades diárias de deslocamento das crianças. neste contexto de grande consumo de conteúdos digitais, em especial livros infantis em dispositivos de interação móvel (dims) têm sido percebidos como uma oportunidade emergente para as crianças desenvolverem habilidades para o que significa ser alfabetizado no século xxi, como, por exemplo, manuseio de interfaces digitais, processamento e produção de textos multimídia (schugar et al., 2013). com o crescimento da produção e consumo de livros digitais para dims, cada vez mais a literatura para a infância tende a ser completamente criada e executada em sistemas computacionais e, por isso, sofre influência direta de outros formatos da cultura contemporânea, mesclando cada vez mais recursos tecnológicos presentes em jogos eletrônicos e incorporando novos arranjos narrativos e formatos estéticos de expressão artística provenientes das novas mídias mobile (høyrup, 2017, al-yaqout; nikolajeva, 2015). também, a inserção de tecnologias de locativas (kucirkova, 2017) com a simulação de espaços imersivos que mesclam mundo virtual e real (ramada prieto, 2017) já é vista como um dos caminhos futuros para os livros infantis digitais. a emergência destes “novos textos” demandam também novas perspectivas de letramento multimídia e digital, ocasionando no âmbito da infância uma nova ecologia de leitura digital (høyrup, 2017). no entanto, ainda há preocupações de que a leitura de livros em um dispositivo móvel possa gerar dependência tecnológica e comprometer a conexão da criança com o mundo social, estimular atitudes antissociais e / ou eliminar o vínculo afetivo familiar, característico da atividade de leitura mediada na infância (nodelman, 2017). problemas decorrentes, em parte, pela falta de familiaridade de pais e educadores com os artefatos digitais, e que se intensificam pela grande variedade e falta de padrão no design dos recursos interativos e multimídia desses livros, o que aumenta os impasses e desafios aos mediadores para aderir e selecioná-los para a leitura com crianças (lima, 2018). o rápido surgimento de uma variedade de novas plataformas e formatos de livros digitais têm deixado muitos pais e educadores, bem como pesquisadores e psicólogos, hesitantes e preocupados em relação às oportunidades oferecidas pelas novas tecnologias para o desenvolvimento sociocognitivo das crianças, principalmente das mais pequenas (kucirkova, 2011). por isso, especialistas (ibid.; frederico, 2016) identificam que há, ainda, lacunas no desenvolvimento de abordagens de caráter multimodal que contemple o modo como as crianças leem na era digital. também ainda não está claro como a leitura mediada pode ser adequadamente realizada (tseng, liu, liu, 2012), ou como as mídias locativas podem ser oportunamente integradas a estes livros (kucirkova, 2017). para um livro infantil digital ser bem feito é necessário “o grupo tradicional de profissionais do mundo editorial autores, editores, tradutores, ilustradores e designers gráficos, somado a compositores, locutores, programadores de jogos" (ramos, 2017, p. 238). contudo, “os profissionais e editores reconhecem que há falta de padrões e ausência de modelos dominantes nas publicações digitais das crianças” (sargeant, 2015, p. 29, tradução nossa). assim sendo, críticas têm sido feitas especialmente quanto ao uso indiscriminado e mal planejado de recursos multimídia e de interação (smeets; bus, 2012). as áreas de interação dos livros infantis para dims são, conforme apontado por uma revisão prévia da literatura científica (menegazzi, 2018), um dos elementos mais problemáticos, pois quando mal projetadas, inseridas indevidamente ou em excesso podem proporcionar estímulos indesejados, desviar a atenção e comprometer a experiência de leitura e mediação (morgan, 2013). com base no apresentado, este projeto propõe esforços de pesquisa direcionados a compreender como integrar tecnologias locativas e exercer o design de interação de livros infantis digitais em detrimento da experiência literária que conecta as crianças ao mundo social, aos espaços urbanos e de modo a promover a participação ativa dos pais ou outros mediadores de leitura? o objetivo principal é pesquisar, por meio de uma abordagem centrada no design, orientações de design para integrar tecnologias locativas e projetar a interação de livros infantis digitais para dims de modo a promover experiência literárias significativas às crianças e que as conectem como mundo social e espaços urbanos. o projeto é liderado pelo docente, prof. dr. douglas menegazzi e inicialmente conta com a participação da pesquisadora laryssa tarachucky, mestra em design e estudante de doutorado em engenharia do conhecimento (egc/ufsc), que conduz pesquisas sobre o os usos de tecnologias locativas no contexto das mídias digitais. espera-se que o projeto possa interessar alunos de graduação e pós graduação, especialmente do curso de design, a ingressar como voluntários ou, ainda, que o projeto possa ser contemplado futuramente com bolsas de pesquisas para ofertar atividades remuneradas.