As duas últimas décadas têm testemunhado uma cr...as duas últimas décadas têm testemunhado uma crescente preocupação científica sobre os efeitos adversos, potenciais, que podem resultar da exposição ao grupo de substâncias químicas que têm capacidade de alterar o funcionamento normal do sistema endócrino nos animais selvagens e seres humanos (kendall at al, 1998). as preocupações em relação à exposição a esses desreguladores endócrinos (dec) são devidas, principalmente, a efeitos adversos observados em certos animais selvagens e ecossistemas, a incidência aumentada de certas doenças endócrinas em humanos e a desregulação endócrina resultante da exposição a certas substâncias químicas ambientais observada em animais de laboratório. o termo desreguladores endócrinos (dec) abrange uma variedade de classes de produtos químicos, incluindo hormônios naturais e sintéticos, constituintes de plantas, pesticidas, compostos usados na indústria de plásticos e em produtos de consumo e alimentos, e outros subprodutos industriais. elas estão muitas vezes difusas e dispersas no meio ambiente. efluentes da produção de celulose e papel também podem conter compostos que alteram a relação hormonal, em especial, de hormônios envolvidos na reprodução, em peixes expostos aos mesmos. em que pese o intenso esforço realizado, nas últimas duas décadas, para identificar os compostos químicos ativos responsáveis pelas anomalias reprodutivas em peixes expostos a este tipo de efluente, os resultados das pesquisas são inconclusivos e contraditórios (milestone et al, 2012, hewitt et al, 2008). no entanto, assume-se que vários compostos podem contribuir para os efeitos incluindo ?-sitosterol, outros esteróis, lignanas, estilbenos e ácidos resinosos, que são compostos com atividade estrogênica fraca (mellanen et al, 1996). outros compostos possíveis são estigmastanol e um produto de degradação de ?-sitosterol que têm propriedades androgênicas (rosa-molinar e williams, 1984). uma breve revisão mostra que a desregulação endócrina que está, sem dúvida, ocorrendo em populações de peixes selvagens na américa do norte, ásia, austrália, europa e, provavelmente, no brasil, pode ser causada por uma variedade de mecanismos, incluindo interações com receptores hormonais, pela interferência com a biossíntese de esteróides sexuais, e perturbações hormonais no controle pela hipófise sobre os processos reprodutivos e adrenal. no entanto, na maioria dos casos, os modos de ação exatos ainda são pouco compreendidos e os dados são essencialmente limitados à espécie. objetivo geral do projeto ora apresentado é estudar e compreender as possíveis relações entre a composição química de um efluente industrial, em especial papel e celulose, ou substâncias químicas contidas nesses efluentes, e seus possíveis efeitos na regulação do sistema endócrino de peixes, em condições de laboratório.