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Universidade Federal de Santa catarina (UFSC)
Programa de Pós-graduação em Engenharia, Gestão e Mídia do Conhecimento (PPGEGC)
Detalhes do Documento Analisado

Centro: Filosofia e Ciências Humanas

Departamento: Geociências/GCN

Dimensão Institucional: Pesquisa

Dimensão ODS: Social

Tipo do Documento: Projeto de Pesquisa

Título: LOCALIZAÇÕES EPISTEMOLÓGICAS NA CONSTRUÇÃO DO CAMPO DAS GEOGRAFIAS FEMINISTAS LATINO-AMERICANAS: ETAPA 2.

Coordenador
  • MARIA HELENA LENZI
Participante
  • ANA CAROLINA SANTOS BARBORSA
  • BARBARA CIBELE DE CEZARO EBERHARDT
  • CAMILA MADRID ROZA
  • MARIA HELENA LENZI (D)

Conteúdo

Trata-se da segunda etapa do projeto que já vem...trata-se da segunda etapa do projeto que já vem sendo desenvolvido desde 2017. objetivos e metas: com este projeto de pesquisa, intitulado localizações epistemológicas na construção do campo das geografias feministas latino-americanas, temos por intuito compor os debates epistemológicos acerca da construção do pensamento geográfico latino-americano, além de aprofundar as interfaces entre os estudos feministas e a perspectiva decolonial, visto ser esta uma discussão escassa na geografia brasileira. nosso objetivo geral é analisar a construção do campo das geografias feministas latino-americanas, especialmente as localizações epistemológicas que fundamentam as pesquisas que o compõem. descrição sucinta do problema e relevância na área: a perspectiva feminista questiona preconceitos e violências fundamentados na diferença de gênero e na superioridade masculina, seja por um viés epistemológico, seja a partir dos movimentos sociais. desse modo, as denominadas fases ou “ondas” do feminismo são, ao mesmo tempo, giros teóricos marcados pelas conquistas e lutas dos movimentos sociais feministas fora da academia. a perspectiva feminista dentro da academia questiona não somente os objetos de pesquisa mas também as epistemologias dominantes no que diz respeito aos seus aspectos teóricos e metodológicos, problematizando a sociedade patriarcal e as relações de classe; as relações de poder e de gênero; as questões étnicas; as afirmações relativas à universalidade das categorias de análise, como homem, mulher, cultura, espaço e ocidente; a neutralidade e a objetividade das teorias e métodos de pesquisa; a localização e a posição das/os pesquisadoras/os; entre outros aspectos tidos como verdadeiros e universais para a ciência moderna. é no âmbito da chamada “terceira onda” do feminismo que a hegemonia das epistemologias eurocêntricas e estadunidenses, que partiam, predominantemente, de mulheres brancas e de classe média, começa a ser revisada e questionada, trazendo à tona uma diversidade de lutas e construções teóricas localizadas, ou seja, que não mais refletem somente o pensamento hegemônico. desde então, algumas abordagens dentro dos estudos feministas estão ancoradas na discussão do pensamento decolonial. a perspectiva descolonial problematiza a “geopolítica do conhecimento”, tal como denomina maldonado-torres (2010) ao refletir sobre a espacialidade na produção dos saberes. quijano (2005), por sua vez, trabalha o conceito de “colonialidade” para discutir o padrão de poder que funda uma perspectiva cognitiva eurocentrada e também questiona as noções a-históricas de sociedade, de totalidade, de sujeito coletivo, entre outras tantas, que são bases para a estruturação do pensamento filosófico e científico eurocentrado e universalizante. consideramos que a matriz colonial do saber, a epistemológica, não pode ser desconectada da matriz colonial do poder, que diz respeito às relações sociais em suas múltiplas formas, como econômicas, políticas e culturais. os questionamentos a respeito da colonialidade do conhecimento (re)produzido localmente, portanto, incidem sobre as relações de poder-saber, entendimento este já amplamente debatido pelos estudos feministas, sobretudo a respeito das relações desiguais de gênero, etnicidades e sexualidades. questionar as filiações epistemológicas significa também enfrentar as formas contemporâneas de colonialidade, mais diversas e camufladas do que as explícitas relações entre impérios e colônias nos séculos passados. nesse sentido, emergem as perguntas iniciais que organizam os questionamentos deste estudo sobre as filiações epistemológicas na construção de um campo de pesquisa: quais são os traços da matriz hegemônica do feminismo na produção geográfica latino-americana? quais são as novas possibilidades teórico-metodológicas que essas geografias vêm construindo localmente? as pesquisas realizadas por silva, s. (2009), silva, ornat e chimin jr. (2013), silva et. al. (2013) e silva e ornat (2016), demonstram que a produção desse campo está em expansão no brasil, mas ainda de forma restrita a poucos centros de pesquisa e necessariamente se posicionando como resistência às temáticas, aos crivos dos periódicos de prestígio nacional e aos referenciais teóricos tradicionais da geografia brasileira. como narram silva, ornat e chimin jr. (2013), questionar a “ordem do discurso” vigente tem sido um desafio árduo e cotidiano para quem pesquisa temas e abordagens consideradas marginais e menos importantes epistemologicamente, como as questões de gênero e sexualidades, dentro das abordagens feministas e queer, por exemplo. silva, j. (2009) mostra como a abordagem feminista na geografia problematiza os privilégios epistêmicos de gênero e raça, bem como o universalismo do saber moderno eurocêntrico. a partir de uma análise sobre a orientação epistemológica, a produção feminina e a ausência da perspectiva de gênero, silva, j. (2009) analisa que o discurso científico da geografia brasileira está mergulhado no saber colonial, de base eurocêntrica, que ainda considera o espaço como um objeto a ser conquistado e que parte de um sujeito universal e genérico, ou seja, sem atentar para a diversidade de saberes, de espacialidades e de grupos sociais e corpos que não se enquadram nos padrões da ciência moderna. entendemos que, apesar da discussão a respeito da descolonialidade do saber ser uma das marcas das discussões feministas contemporâneas na américa latina, a geografia brasileira e, até onde alcança nossa revisão bibliográfica atual, a latino-americana, está escassamente presente nela. consideramos isso um desafio a ser vencido, visto que essa desconexão gera tanto a ausência do brasil nesse debate quanto o descompasso com relação à produção de epistemologias localizadas e que deem conta de traduzir a realidade localmente vivida. procedimentos metodológicos e resultados esperados: análise do material para identificar as matrizes epistemológicas utilizadas, seus referenciais e procedimentos metodológicos, suas temáticas, seus objetivos e lacunas de pesquisa, visando trabalhar os objetivos previamente expostos; elaboração de um banco de dados para organizar e compartilhar os resultados. os principais resultados esperados são de contribuir com o aprofundamento do campo das geografias feministas latino-americanas, ao problematizar sua diversidade e conexões epistemológicas; com a ampliação e difusão da perspectiva descolonial, ainda incipiente na geografia brasileira; com o questionamento das epistemologias universalistas, eurocêntricas e norte-americanas; e com a construção de referenciais teóricos localizados e de acordo com as especificidades espaço-temporais e problemas sociais latino-americanos.

Índice de Shannon: 3.67077

Índice de Gini: 0.898332

ODS 1 ODS 2 ODS 3 ODS 4 ODS 5 ODS 6 ODS 7 ODS 8 ODS 9 ODS 10 ODS 11 ODS 12 ODS 13 ODS 14 ODS 15 ODS 16
3,60% 5,92% 3,80% 5,30% 19,68% 2,84% 4,90% 4,21% 7,10% 4,76% 4,17% 4,14% 3,19% 4,24% 3,73% 18,42%
ODS Predominates
ODS 5
ODS 1

3,60%

ODS 2

5,92%

ODS 3

3,80%

ODS 4

5,30%

ODS 5

19,68%

ODS 6

2,84%

ODS 7

4,90%

ODS 8

4,21%

ODS 9

7,10%

ODS 10

4,76%

ODS 11

4,17%

ODS 12

4,14%

ODS 13

3,19%

ODS 14

4,24%

ODS 15

3,73%

ODS 16

18,42%