
Universidade Federal de Santa catarina (UFSC)
Programa de Pós-graduação em Engenharia, Gestão e Mídia do Conhecimento (PPGEGC)
Detalhes do Documento Analisado
Centro: Socioeconômico
Departamento: Economia e Relações Internacionais/CNM
Dimensão Institucional: Pesquisa
Dimensão ODS: Institucional
Tipo do Documento: Projeto de Pesquisa
Título: NEORREPUBLICANISMO E ECONOMIA POLÍTICA INTERNACIONAL
Coordenador
- MARCOS ALVES VALENTE
Participante
- MARCOS ALVES VALENTE (D)
Conteúdo
O presente projeto é decorrente de estudos que ...o presente projeto é decorrente de estudos que iniciaram a partir da constituição do núcleo de estudos sobre o pensamento político (cfh-ufsc), onde se realizam pesquisas e estudos no campo da história das ideias, no qual desenvolvi minha tese de doutorado. inicialmente o núcleo tratou de analisar minuciosamente os debates metodológicos centrados na escola de cambridge, em torno da obra de quentin skinner e john pocock, cuja contribuição fundamental para os estudos de teoria política e história das ideias se desdobraram em vários programas de pesquisa que vão da metodologia à teoria política normativa e ao pensamento político. estes estudos nos conduziram ao tema do retorno ao republicanismo que foi a base sobre a qual desenvolvi a tese de doutoramento intitulada “celso furtado e os fundamentos de uma economia política republicana” (ppgsp-cfh-ufsc, 2009).
seguiram-se estudos sobre o desenvolvimento do debate neorrepublicano centrado na obra de philip pettit e quentin skinner e de economia política internacional (epi). o objetivo geral de investigar com detalhes o avanço dos debates no seio do neorrepublicanismo sobre a esfera das relações internacionais, dando prioridade aos aspectos relativos às relações econômicas internacionais e seus vínculos com o tema das desigualdades na hierarquia do sistema de estados nacionais no mundo contemporâneo.
tema e problema de pesquisa
phillip pettit, o mais influente intelectual contemporâneo no campo do neorrepublicanismo, define esta perspectiva na teoria política em seu próprio projeto de pesquisa como uma busca por uma nova filosofia pública em substituição ao liberalismo. o republicanismo provém de uma tradição de pensamento político que tem suas origens nas experiências da república romana, mais tarde recuperada pelos intelectuais da renascença italiana, especialmente maquiavel, e que através deste foi apropriada pelos estudiosos envolvidos nos processos revolucionários da inglaterra e dos estados unidos durante os séculos xvii e xviii. além de maquiavel, na europa são figuras como john milton, harrington, sidney na inglaterra, montesquieu e blackstone, entre outros e nos estados unidos os pais fundadores da constituição, especialmente jefferson e madison.
essa tradição considera uma república (res publica) como um sistema político em que não há um governo de um ou de um grupo social sobre outros, mas de uma condição onde a igualdade na cidadania é caracterizada sob o governo da lei. nesse sentido o neorrepublicanismo é essencialmente igualitário, como veremos, não apenas politicamente, mas também em termos da distribuição da riqueza social. esse aspecto essencial no republicanismo o diferencia do liberalismo, o qual subordina a igualdade em relação à noção de liberdade.
após um longo período de debates, o conceito neorrepublicano de liberdade evoluiu para se conformar atualmente pela ideia normativa de “liberdade como não-dominação”.
mais recentemente estudiosos passaram a analisar os mercados e as relações internacionais tanto como possibilidades quanto como limites à realização daquele ideal de liberdade, novamente confrontando com o liberalismo uma perspectiva neorrepublicana do papel das relações econômicas diante das instituições políticas (kalyvas & katznelson, 2008).
sendo a desigualdade nas relações de poder e nas relações econômicas um dos temas essenciais das teorias que formam o campo da economia política internacional, o presente projeto procura abordar essa teorização sob a luz do neorrepublicanismo. muitos são os trabalhos realizados no âmbito do neorrepublicanismo sobre o tema das relações econômicas internacionais, mercados, desigualdade, entre outros.
para isso será efetuada uma revisão da bibliografia pertinente ao campo do neorrepublicanismo que podem contribuir para dar à economia política internacional (epi) possibilidade de se tornar uma contribuição decisiva à ideia de liberdade como não-dominação no seio dos debates sobre a epi. já é longa a tradição de estudos de epi na investigação dos problemas relativos à desigualdade de poder e riqueza. o objetivo desse trabalho é investigar minuciosamente as possíveis contribuições do neorrepublicanismo a essa perspectiva mapeando o campo teórico da epi com o intuído de estabelecer os pontos de contato entre as duas perspectivas.
o republicanismo, diferentemente do liberalismo, procura equiparar os conceitos e os fenômenos da igualdade e da liberdade na sua teorização e na busca de instituições que realizem o ideal democrático da liberdade como não-dominação. um dos objetivos do trabalho é perscrutar o campo da epi procurando indagar sobre sua permeabilidade a essa reflexão crítica ao liberalismo que opõe liberdade e igualdade como ideias inconciliáveis. maquiavel, o expoente na teorização republicana em sua vertente neorromana, afirmou que “onde existe igualdade, não se pode criar um principado; e onde ela não existe não se pode criar uma república (maquiavel, 2007, p. 158). mesmo rousseau afirma séculos mais tarde, que “nenhum cidadão seja assaz opulento que possa comprar o outro, e nenhum tão pobre que seja constrangido a vender-se” (rousseau, 2003, p. 63).
nesse sentido pergunta-se em que medida pode o ideal de liberdade neorrepublicano fornecer as bases para instituições internacionais e internas aos estados capazes de superar os limites impostos pela desigualdade à realização daquele ideal de liberdade republicana? em que medida pode o republicanismo estabelecer um ponto de vista crítico que contribua para o avanço dos estudos em epi dentro do campo das relações internacionais? como permitir que a igualdade material entre indivíduos, grupos sociais e estados nacionais possa se ampliar como meio de viabilizar a ampliação das liberdades sem comprometer o potencial de geração de riqueza próprio dos mercados? como evitar que os mercados, em seu dinamismo e decorrente instabilidade, continuem sendo fonte da desigualdade material que se viu ampliar progressivamente desde os primórdios do capitalismo até os dias atuais? na ausência de uma perspectiva crítica do capitalismo antes fornecida pela perspectiva socialista agora obscurecida pela derrocada de todas as experiências reais, como poderia o neorrepublicanismo assumir essa tarefa consistentemente?
objetivo geral
interpretar as clássicas e recentes contribuições do republicanismo para a relação entre os ideais de igualdade e de liberdade, estabelecendo a partir daí parâmetros para abordar as teorias de economia política internacional surgidas no seio dos debates contemporâneos sobre a dependência, desigualdade de poder e riqueza, o desenvolvimento das nações nas relações internacionais.
específicos
1. estudar as visões clássicas e contemporâneas do republicanismo apresentando a evolução do conceito de liberdade como não-dominação.
2. estudar o neorrepublicanismo com o objetivo de apreender suas contribuições para análise das relações econômicas internacionais, com foco no tema do desenvolvimento sócioeconômico e desigualdade de riqueza material.
3. estudar a economia política internacional no intuito de interpretar as visões principais sobre o tema da desigualdade e sua relação com a liberdade política ou seja, classicamente tratada na literatura através dos temas do desenvolvimento econômico (desigualdade, pobreza, riqueza) e dependência (dominação interna e externa às nações).
4. investigar como na literatura de epi são tratados os temas de liberdade econômica e liberdade política.
metodologia
em se tratando de uma disputa pelo significado do conceito de liberdade, o presente trabalho se beneficia das contribuições de walter gallie através da metodologia dos conceitos essencialmente contestados. um conceito é essencialmente contestado quando é reconhecido como legítimo pelos protagonistas dos conceitos com que rivaliza (gallie,1956, p. 193; silva, 2013). para gallie, é necessário interpretar os conceitos sociais e políticos através da reconstituição das disputas em torno da autoridade para expressar o conteúdo dos seus significados. essa metodologia é complementada pelas contribuições advindas da história do pensamento político, a partir dos debates originados na escola de cambridge, segundo as quais os significados dos conceitos e suas alterações ao longo do tempo só podem ser interpretados como fruto do diálogo intertextual e político entre as diferentes perspectivas em contextos históricos específicos. além disso, o significado dos conceitos para historiadores das ideias ligados à essa escola decorrem em grande medida dos seus usos em contextos específicos (skinner, 1969). utilizaremos ainda as contribuições de mark bevir para esse debate metodológico, para quem os significados históricos dos textos, conceitos e teorias, para os historiadores das ideias, “tem de derivar de um significado hermenêutico, porquanto apenas os significados hermenêuticos possuem existência temporal” e “deriva das intenções da pessoa para quem o texto tem esse significado” (bevir, 2008).
Índice de Shannon: 1.21689
Índice de Gini: 0.319717
ODS 1 | ODS 2 | ODS 3 | ODS 4 | ODS 5 | ODS 6 | ODS 7 | ODS 8 | ODS 9 | ODS 10 | ODS 11 | ODS 12 | ODS 13 | ODS 14 | ODS 15 | ODS 16 |
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ODS Predominates


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