A urbanização acelerada das cidades normalmente...a urbanização acelerada das cidades normalmente acarreta problemas de drenagem urbana. a impermeabilização das áreas urbanas promove o aumento do escoamento superficial durante as precipitações, tendo por consequência alagamentos que trazem prejuízos e propiciam a disseminação de doenças de veiculação hídrica. os escorregamentos de parcelas de solos são também consequências deste ciclo associado ao processo de ocupação do espaço urbano. a crescente urbanização experimentada pelo brasil nas últimas décadas tem agravado estes problemas nas cidades brasileiras. nas bacias hidrográficas urbanizadas o ciclo hidrológico sofre grandes alterações com relação a uma bacia em estado natural ou não urbanizada. uma das etapas do ciclo que mais sofre influência é a infiltração em função da impermeabilização crescente que normalmente acompanha o processo de urbanização. além da alteração quantitativa do ciclo hidrológico, a urbanização pode promover a alteração qualitativa das águas subterrâneas e superficiais. o escoamento pluvial tem sua qualidade alterada em função do efeito de lavagem que as águas promovem nas áreas impermeabilizadas. se estas águas tiverem a oportunidade de infiltrar no solo podem contaminar os aquíferos. a drenagem urbana é uma das principais fontes de poluição difusa contendo vários poluentes como: compostos orgânicos traços, metais pesados, nutrientes em especial fósforo, sedimentos contaminados e patógenos. este tipo de poluição é de difícil controle e contribui para a degradação da qualidade dos corpos receptores (chocat et al, 2001). de luca et. al. (1991) mostra com seu estudo que a qualidade da água de drenagem urbana é mais impactante que o efluente de um sistema de tratamento de esgotos secundário. um objetivo a ser percorrido em um sistema de drenagem urbana que apresente grande fluxo superficial é a diminuição do pico do hidrograma que representa o escoamento na bacia. há duas grandes linhas de ação para o controle da drenagem urbana que são as obras de detenção e o controle na fonte. uma das alternativas para diminuição do volume de água a ser drenado pelo sistema de drenagem é a infiltração da água em estruturas como pavimentos permeáveis, trincheiras de infiltração, meio fio permeável e bacias de infiltração dentre outras. estas alternativas, apesar de serem eficazes no controle do volume da cheia urbana podem acarretar outros problemas. a qualidade destas águas, especialmente nos primeiros instantes da precipitação pode ser muito ruim, havendo presença de hidrocarbonetos, metais e sólidos em suspensão. assim, estas estruturas que visam o aumento da infiltração acarretam uma maior entrada de água para o solo e o aquífero, podendo inserir poluentes presentes na drenagem superficial no ambiente subterrâneo. no intuito de controlar o problema do excesso de fluxo superficial da drenagem urbana através da infiltração, pouco tem sido feito no sentido de avaliar o impacto destas estruturas de controle na qualidade e nos volumes dos aquíferos urbanos receptores destas águas normalmente contaminadas. através deste projeto pretende-se aprimorar a avaliação destas questões em especial da qualidade das águas pluviais e o transporte de contaminantes nas estruturas de controle alternativo da drenagem urbana. este objetivo vem sendo perseguido pelos projetos do grupo de pesquisa em drenagem urbana da universidade federal de santa catarina em seus projetos nos últimos anos. nesta nova proposta pretende-se continuar os monitoramentos iniciados em uma vala de infiltração e em um microreservatório, já que a geração séries de dados de mais longo prazo é determinante para o estudo dos eventos hidrológicos. ao mesmo tempo pretende-se iniciar o monitoramento de um tipo de estrutura ainda muito pouco usado no brasil, mas que vem se popularizando em outros países que são os sistemas de bioretenção para controle da poluição das águas de drenagem urbana. nesta proposta para este novo projeto seguiremos avaliando os impactos qualitativos que dizem respeito à percolação de contaminantes para o aquífero nas estruturas compensatórias, propondo alternativas para tornar estas estruturas mais seguras e iniciar os estudos com as estruturas do tipo bioretenção. apesar do aumento da preocupação com o impacto das águas de drenagem urbana quando infiltradas no solo e da melhora na compreensão do fenômeno ainda há muitas lacunas a serem investigadas. principalmente devido à complexidade da percolação das águas no meio poroso e sua capacidade de transportar os poluentes ou não. soma-se a esta complexidade a contradição da necessidade de uma boa condutividade hidráulica para tornar a estrutura de infiltração o mais eficiente possível e o fato desta condutividade hidráulica alta ser a maior responsável pela migração de contaminantes no solo. assim é de esperar que quando se instala uma estrutura deste tipo se consiga um equilíbrio entre volumes infiltrados e proteção dos solos e recursos hídricos subterrâneos. desta forma é preciso avançar na compreensão dos fenômenos de transporte dos contaminantes no solo de forma a tornar o dimensionamento e a operação de estruturas de controle baseadas na infiltração, mais seguro e eficaz. em especial nos países tropicais com solos que apresentam características diferenciadas e clima da mesma forma com regime pluvial bastante diferente dos países aonde a maior destes estudos vem sendo conduzidos. em termos de brasil, souza (2002) afirmava que o uso sistemático dos dispositivos de infiltração como elemento de drenagem urbana no brasil ainda é muito restrito, sendo difícil encontrar trabalhos publicados relatando essa utilização. enquanto nos países da europa, nos estados unidos e na austrália o paradigma da drenagem urbana tradicional já foi amplamente superado e substituído/complementado pelo uso de técnicas alternativas e compensatórias, no brasil o panorama é bem distinto. a pesquisa nacional de saneamento básico (ibge, 2008) traz a informação sobre o uso de dispositivos de controle coletivo de drenagem urbana que muitas vezes são compostos pelas técnicas compensatórias, especialmente os que tem localização fora do curso d’água, visto que dentro do curso d’água são basicamente os reservatórios com zona de amortecimento de cheias. apenas 11,95% dos municípios utilizam este tipo de dispositivo. mesmo com a promulgação da política nacional de saneamento básico que fez avançar os outros setores pouco interferiu na situação da drenagem urbana até o momento. a base de dados no snis (sistema nacional de informações sobre o saneamento) somente começou a considerar o módulo de drenagem urbana neste ano de de 2017. apesar do crescimento verificado na pesquisa das técnicas compensatórias nos últimos anos no brasil essa área precisa ainda avançar bastante, especialmente na questão do controle da qualidade das águas de drenagem e do risco de contaminação subterrânea. este projeto visa usar os conhecimentos do ambiente subterrâneo e da qualidade das águas superficiais da proponente e coloca-los a serviço da integração entre a hidrologia de superfície e a hidrogeologia. desta forma pretende-se que o estudo da drenagem urbana e do controle das enchentes através das estruturas de infiltração forçada seja avaliado em termos do impacto que gera no ambiente subterrâneo e no solo. de uma maneira ampla este projeto tem como objetivo fazer avançar a pesquisa em técnicas compensatórias somando-se ao esforço de fazer com que esta concepção de controle da drenagem urbana seja difundida no brasil. mais especificamente o projeto visa a pesquisa hidrológica e de controle da poluição em 3 tipos de técnicas compensatórias: as valas de infiltração, os microreservatórios e os sistemas de bioretençao. o objetivo é monitorar três tipos de estruturas de controle da drenagem com sua área de drenagem respectiva ocupação do solo e regime pluviométrico e associa-las à entrada e transporte de poluentes no solo até o aquífero. as inter-relações abrangem os compartimentos do ciclo hidrológico precipitação, escoamento superficial na bacia urbana, infiltração e recarga do aquífero tendo como foco principal a qualidade da água no aspecto de transporte de poluentes dentro do ciclo. outro objetivo é de re-adequar as técnicas compensatórias de forma que passem a fazer o controle e a remoção dos poluentes de forma mais eficaz. as principais inovações são no sentido de associar a hidrologia de superfície com a hidrogeologia e a de trabalhar o ciclo hidrológico na perspectiva da qualidade da água contribuindo para fazer o estudo da hidrologia mais interdisciplinar. a aplicação dos resultados deste estudo incluem a) o subsídio à gestão dos recursos hídricos e à gestão do saneamento no aspecto da drenagem urbana e b) o avanço científico da compreensão da transferência da poluição associada às técnicas de engenharia permite traçar diretrizes para que os projetos destas técnicas sejam mais eficientes e ambientalmente adequados.