
Universidade Federal de Santa catarina (UFSC)
Programa de Pós-graduação em Engenharia, Gestão e Mídia do Conhecimento (PPGEGC)
Detalhes do Documento Analisado
Centro: Filosofia e Ciências Humanas
Departamento: Psicologia/PSI
Dimensão Institucional: Pesquisa
Dimensão ODS: Institucional
Tipo do Documento: Projeto de Pesquisa
Título: POLÍTICAS DO CORPO: PSICANÁLISE E ARTE
Coordenador
- ANA LUCIA MANDELLI DE MARSILLAC
Participante
- ANA LUCIA MANDELLI DE MARSILLAC (D)
Conteúdo
Este é um projeto de pesquisa guarda-chuva, que...este é um projeto de pesquisa guarda-chuva, que agrega duas linhas de pesquisa. ambas se localizam na interface entre os campos da psicanálise e das artes e têm como foco a articulação entre os temas da política, do corpo, da clínica e da criação.
são elas:
linha 1) clínica psicanalítica: o corpo na clínica - análise de experiência e estudos de casos clínicos, na perspectiva da clínica psicanalítica, que coloquem em questão o tema do corpo e do ato analítico.
linha 2) leitura de obras: o corpo na arte contemporânea - pesquisa e análise de obras de artistas visuais contemporâneos que abordam o tema do corpo e do ato criativo.
as políticas do corpo pautam-se nas concepções e posicionamentos de diferentes saberes no que se refere ao corpo. elas estão presentes na epistemologia, na ética, nos fazeres e nos ideais. são balizadas por seus contextos históricos e manifestam-se nas subjetividades, nos movimentos sociais, na legislação, nos fazeres técnicos, nas obras de arte, nos hábitos, nos valores, nos desejos e perspectivas de futuro.
ao se debruçar sobre a prática clínica psicanalítica e a prática artística, buscaremos dar visibilidade às perspectivas políticas que esses dois campos sustentam em relação ao corpo. psicanálise e arte são campos de saber que buscam uma reflexão crítica aos seus contextos e, paradoxalmente, o constituem, instituindo novas realidades.
este projeto, sustentado pela ética e pela metodologia da psicanálise, sublinha a complexidade dos fazeres de psicanalistas e artistas. busca analisar os produtos de suas práticas, ou seja, casos clínicos, relatos de experiência, obras e/ou projetos desenvolvidos, que permitirão aprofundamentos sobre as interfaces entre a clínica psicanalítica e os processos criativos. essas práticas refletem e produzem políticas do corpo na contemporaneidade.
a dimensão política da pesquisa também se efetiva na escolha teórico-metodológica. pautada em uma perspectiva crítica em relação aos ideais dominantes de corpo na contemporaneidade, foca sua busca nas práticas que se dão nas fronteiras entre saberes e espaços. vamos, então, pela arte e pela clínica psicanalítica, para uma dimensão da experiência bem diferente da que governa a lógica contemporânea, que se centra na técnica e evita deparar-se com a falta. sustentamos que é a partir do foco no sujeito e do encontro com o estranho, que podemos fazer furo na repetição, desfazer a forma, tornando-se impossível sustentar uma unidade que não há.
enfatizar a singularidade do corpo, através dos saberes da arte contemporânea e da psicanálise, pode contribuir para questionar a lógica da homogeneização das diferenças tão presente na atualidade. além disso, esse encontro possibilita destacarmos o valor da enunciação, sublinhando a dimensão inconsciente que constitui o sujeito e seu corpo.
objetivos:
ampliar a reflexão teórica sobre a temática do corpo e da política no campo da psicanálise e da arte contemporânea;
ampliar a visibilidade sobre a clínica psicanalítica e às suas análises sobre a temática do corpo;
ampliar a visibilidade às práticas de artistas que se debruçam sobre a temática do corpo;
subsidiar as práticas transdisciplinares entre o campo da psicanálise e da arte contemporânea.
procedimentos de pesquisa:
linha 1) clínica psicanalítica: o corpo na clínica - análise de experiência e estudos de casos clínicos, conduzidos por psicanalistas ou estudantes de psicanálise, que coloquem em questão o tema do corpo. esta linha será atrelada a estratégias de extensão e ensino, que vem sendo desenvolvidas no serviço de atenção psicológica da ufsc (sapsi) e no hospital universitário da ufsc (hu), com o foco no atendimento clínico psicanalítico e a propostas a serem desenvolvidas por orientandos.
pretendemos produzir conhecimento com essas importantes experiências clínicas. freud, já alertava (1912) que o trabalho com o material clínico é de maior riqueza, quando desenvolvido a posteriori do encerramento do caso, uma vez que as preocupações de pesquisa podem vir a confrontarem-se com a riqueza do material clínico a ser produzido sem foco específico. além disso, a solicitação de consentimento do paciente para pesquisa do material clínico pode interferir na relação transferencial e na livre associação. nesse sentido, trabalharemos com relatos de experiência clínicas e não com entrevistas diretas aos pacientes, através de diários de campo e revisão bibliográfica. cabe destacar que a pesquisa em psicanálise, sustenta que o caso é uma ficção, pois não é possível reproduzir o acontecimento concreto. é a partir da construção do caso, que se possibilita uma análise metapsicológica de um tratamento (fédida, 1991) e a interpelação entre prática e teoria.
pretendemos analisar também o ato analítico e suas proximidades ao ato criativo, entendemos que através da técnica de escuta e intervenção, o analista auxilia o paciente a constituir novas relações do seu corpo, com sua subjetividade e seu contexto.
o saber-fazer do artista e do psicanalista aproximam-se por seus métodos, nos quais o “como fazer” vai sendo moldado à medida em que se faz. no ato criativo, artista, obra e recepção dialogam desde a origem do fazer e o ato de conclusão não significa um ponto final, pois uma das potências das obras é produzir deslocamentos, diálogos entre a imagem e a palavra. na clínica psicanalítica não há protocolos, é a partir do encontro entre analista e analisando, que se desdobra a relação transferencial e é a partir dela que o analista modula sua intervenção. o ato analítico se afirma por seus efeitos, no a posteriori, pois guarda um não saber em sua origem, que afirma a concepção do inconsciente que constitui os sujeitos.
linha 2) leitura de obras: o corpo na arte contemporânea - pesquisa e análise de obras de artistas visuais contemporâneos que abordam o tema do corpo. as obras nos permitem elaborações teóricas, pois se colocam a frente do seu tempo, destacando elementos, que muitas vezes, ainda não se colocaram de forma discursiva no campo social.
pensar a obra em associação ao conceito de sinthome possibilita uma metodologia de base psicanalítica na leitura das obras. essa perspectiva, vem buscando se afastar de uma suposta psicopatologia do artista, tendo como foco a leitura da obra e de sua contingência. detemo-nos ante ao paradoxo da forma/obra, entre sua superfície e profundidade, analisando os conteúdos manifestos e latentes, que constituem a obra e se vinculam com o artista e seu contexto. nessa via, a obra é um sinthome, que indica o saber-fazer do artista, a partir da articulação real, simbólica e imaginária, que é contingente ao ato criativo. assim, o sinthome não é uma invenção ex-nihilo, criação que viria do nada, pelo contrário é a amarragem que articula os 3 registros (lacan, 1975-76).
a obra/sinthome, pode ser pensada como forma, através da qual o ato criativo se apresenta em sua densidade imaginária, simbólica e real. ela nos interpela, se impõe e paradoxalmente, nos escapa, revelando sua falta de sentido. é o saber inconsciente, que interrompe o curso da representação, segundo uma lei que resiste à observação banal, lei subterrânea que compõe durações múltiplas, tempos heterogêneos e memórias entrelaçadas; lógica da rede, sustentada por condensações e deslocamentos. o sinthome/obra nos apresenta esta estranha conjunção de diferença e repetição.
o teórico georges didi-huberman (2006) sustenta que cabe ao analista resgatar a montagem de tempos heterogêneos que se encontram nas obras. para tanto, a linearidade da história se mostra equivocada, sendo necessário um olhar anacrônico da história. desta forma, partimos de uma necessária impureza. nosso levantamento, dessa forma, não será sistematizado por local de exposição, nacionalidade do artista, mas terá como recorte conceitual obras de arte contemporâneas, produzidas após o ano 2000 aos dias atuais. essas obras serão elencadas pelo diálogo que podem estabelecer com a temática em questão.
analisamos que toda obra pode ser pensada como metáfora de um corpo (didi-huberman, 1998): entre sua capacidade de fazer volume e sua capacidade de se oferecer ao vazio, de se abrir; com suas entradas e saídas, relacionadas ao outro, revelando sua forma e, paradoxalmente, escondendo seu suposto conteúdo pleno. obra/corpo em seu perpétuo movimento de produção de sentidos, no contra fluxo de uma suposta estabilidade da forma. toda obra é corpo que se cria e que produz novos sentidos por sua existência.
Índice de Shannon: 3.56633
Índice de Gini: 0.878293
ODS 1 | ODS 2 | ODS 3 | ODS 4 | ODS 5 | ODS 6 | ODS 7 | ODS 8 | ODS 9 | ODS 10 | ODS 11 | ODS 12 | ODS 13 | ODS 14 | ODS 15 | ODS 16 |
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3,33% | 4,48% | 10,28% | 6,63% | 7,37% | 3,50% | 2,90% | 6,74% | 5,87% | 2,71% | 4,70% | 3,39% | 3,10% | 3,45% | 3,10% | 28,45% |
ODS Predominates


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