O julgamento das prestações de contas dos administradores públicos passa pela avaliação técnica dos tribunais de contas. no entanto, o desenho institucional estabelecido constitucionalmente, que coloca as cadeiras de conselheiros como cargos de indicação por representantes políticos, permite a possibilidade influência político-partidária (lobby) na fase técnica de análise das contas. essa pesquisa tem como objetivo analisar a influência do lobby político na apreciação das contas dos governos municipais pelo tribunal de contas do estado de santa catarina. para tanto, utiliza-se a análise de regressão logística com dados em painel, em uma amostra das prestações de contas de prefeitos dos 100 maiores municípios catarinenses, num universo temporal de 2012 a 2018. os resultados indicam que existe influência política na apreciação das contas, tanto por meio da verificação do reflexo da convergência políticopartidária entre prefeito e relator, quanto pela análise do efeito da natureza do cargo do relator – se titular conselheiro ou substituto auditor. a pesquisa apontou que relatores conselheiros indicados politicamente rejeitam menos contas do que relatores auditores de carreira. quando pertencentes ao mesmo partido político dos prefeitos, o efeito aumenta a probabilidade de aprovação das contas em quase 68%. verifica-se ainda que conselheiros proferem voto divergente para aprovar contas opinadas inicialmente pela rejeição, situação que não ocorre com auditores de carreira – inclusive, estes não discordam entre si. os resultados corroboram com pesquisas anteriores sobre a existência de influência política no processo de prestação de contas e levantam a discussão acerca da forma com que o controle externo é exercido no brasil.