Baptista, sheyla de liz. efeito do consumo de açaí (euterpe oleracea mart.) e de juçara (euterpe edulis mart.) sobre biomarcadores metabólicos e de estresse oxidativo em indivíduos saudáveis – um ensaio clínico randomizado cruzado de 4 semanas. tese (doutorado em nutrição). programa de pós-graduação em nutrição, universidade federal de santa catarina, florianópolis, 2020. açaí (e. oleracea) e juçara (e. edulis) são berries considerados fonte de compostos bioativos, especialmente antocianinas e ácidos graxos insaturados, com atividades reconhecidas de promoção da saúde. estudos em humanos que investigaram os efeitos biológicos da ingestão de açaí e juçara têm mostrado que esses alimentos podem exercer efeitos benéficos em marcadores do estresse oxidativo, metabólico e de inflamação. no entanto, são limitados os ensaios clínicos que avaliaram o efeito do consumo desses berries nestes desfechos, além da ausência de um ensaio clínico de médio / longo prazo investigando os efeitos do consumo de juçara sobre atividade antioxidante, perfil lipídico e glicêmico, bem como comparando os efeitos da ingestão desses alimentos. diante disso, o objetivo desta tese de doutorado foi avaliar os efeitos da ingestão de açaí e de juçara na glicemia de jejum, perfil lipídico e biomarcadores do estresse oxidativo em indivíduos saudáveis. um ensaio clínico randomizado cruzado com intervenção alimentar por quatro semanas foi conduzido entre julho e dezembro de 2016, em florianópolis-sc, com 30 indivíduos adultos saudáveis. os participantes receberam 200 ml / dia de polpa de açaí ou de juçara durante quatro semanas, com um período de intervalo também de quatro semanas entre o consumo das polpas. antes e após cada intervenção nutricional, foram avaliados: glicemia de jejum, colesterol total, triglicerídeos, lipoproteína de alta densidade-colesterol (hdl-c), lipoproteína de baixa densidade-colesterol (ldl-c), ldl-c pequena e densa (sd-ldl-c), capacidade antioxidante total (tac), estado oxidante total (tos), índice de estresse oxidativo (ieo), ácido úrico e atividade das enzimas superóxido dismutase (sod), catalase (cat) e glutationa peroxidase (gpx). os biomarcadores não foram diferentes significativamente entre as intervenções com açaí e juçara (p > 0,05). na avaliação intra-grupo, açaí e juçara aumentaram as concentrações de hdl-c em 7,7% [62,5 (3,5) vs. 67,3 (3,5) mg/dl, p = 0,049] e 11,4% [62,3 (3,6) vs. 69,4 (3,4) mg/dl, p = 0,018], respectivamente. em comparação ao basal, a ingestão de açaí promoveu aumento significativo de 66,7% na tac [0,3 (0,0) vs. 0,5 (0,0), p < 0,001], 275,1% na cat [ 112,8 [98,3; 483,9] vs. 423,1 [364,4; 536,2], p = 0,005], 15,3% na gpx [7,2 (0,4) vs. 8,3 (0,3), p = 0,011], e diminuição de 55,7% no ieo [41,1 [21,4; 88,1] vs. 18,2 [12,8; 28,6], p = 0,002]. a ingestão de juçara aumentou em aproximadamente 15,0% a atividade de cat [392,9 [96,3; 554,9] vs. 450,4 [343,3; 560,6], p = 0,017], em relação ao basal. em conclusão, a ingestão regular de açaí ou de juçara pode representar impacto positivo nos níveis de hdl-c, bem como na atividade das enzimas antioxidantes, com efeitos antioxidantes mais pronunciados após o consumo de açaí, podendo contribuir para a saúde cardiovascular. além do estudo original, uma revisão integrativa de literatura, com busca sistemática, foi realizada a fim de identificar os ensaios clínicos publicados que avaliaram os efeitos biológicos da ingestão de açaí e / ou juçara no organismo humano. foram identificados 23 ensaios clínicos que avaliaram alguma atividade biológica após a ingestão de açaí e / ou juçara, publicados até 12 de abril de 2020. os estudos avaliaram os efeitos biológicos do açaí (n = 17), juçara (n = 5) ou de ambos simultaneamente (n = 1; estudo publicado com os resultados originais da presente tese). os resultados sugerem que ambos os berries podem contribuir para melhorar a defesa antioxidante e atenuar o estresse metabólico e a inflamação, porém ainda é reduzido o número de estudos em humanos. adicionalmente, observou-se que os estudos apresentavam heterogeneidade metodológicas e poucos estudos exploravam os efeitos dos compostos bioativos presentes na matriz alimentar fornecida nas intervenções. futuras pesquisas devem ser realizadas a fim de fortalecer as evidências atuais nos desfechos já investigados, incluindo análises comparativas entre açaí e juçara.