O objetivo geral desta pesquisa foi inventariar e analisar a constituição e consolidação de um movimento na educação física (ef) brasileira que há pouco mais de vinte anos vem se aproximando e se relacionando com um conjunto de saberes, práticas e investigações que tem na mídia e nas tecnologias (aqui entendido como um subcampo no campo da ef) seu foco de interesse e intervenção, além de compreender o papel dos agentes e os habitus que vão sendo produzidos e incorporados àqueles que acessam, mantém-se e alimentam o subcampo e o próprio campo. a pergunta que elaboramos para pautar essa pesquisa foi a seguinte: dentro de uma perspectiva da sociologia do conhecimento, como podemos compreender mecanismos que envolvem a configuração de um subcampo científico (que se dedica às mídias e tecnologias) que opera uma série de ações e estratégias em vista de seguir a luta pela consolidação e legitimidade da ef como campo científico? para isso, operamos um estudo de caso de característica qualitativa, em que realizamos uma sociologia histórica procurando “desenhar” o campo da ef para entender seus contornos e as condições de possibilidades. assim, realizamos (1) uma análise genealógica das fontes produzidas, analisadas e publicadas pelos agentes deste campo científico; e (2) entrevistas com nove agentes que ocuparam/ocupam estruturas de poder no interior do subcampo, coordenando o grupo de trabalho comunicação e mídia do cbce. a partir das entrevistas, foi possível organizar cinco eixos interpretativos, relacionados aos três conceitos bourdieusianos que deram sustentação epistemológica à pesquisa (campo, habitus e illusio): (1) o subcampo das mídias e tecnologias no campo da ef brasileira: origem, conflitos, contemporaneidade; (2) a legitimidade social e acadêmica da ef; (3) formação cultural e aspectos interdisciplinares: o habitus e as implicações na universidade e na escola; (4) sociodinâmica cultural e implicações na universidade e na escola; (5) afeto como interesse desinteressado: decodificação de mecanismos da illusio. concluímos que todo esforço de capitalização desse “jogo científico” realizado pelos agentes enquanto uma rede de sociabilidades que vai dando destaque ao subcampo não tem como pretensão “criar um novo campo”, mas são estratégias e um esforço coletivo de seguir de maneira intensa o objetivo de procurar dar uma maior legitimidade acadêmica, científica e social à ef brasileira, agora com as contribuições das ciências sociais e humanas.