A vida dos jovens no brasil é atravessada pela condição de classe, a qual determina o lugar no mundo do trabalho, a moradia e os estudos. os jovens das periferias urbanas estão expostos aos piores empregos (ou estão desempregados), têm menor grau de escolaridade e desde muito cedo passam da condição de filhos para a de referência familiar. o acesso ao ensino superior, embora tenha crescido nas últimas décadas, indica antes uma exigência das novas configurações do mundo do trabalho – sob graus de exploração cada vez mais acentuados – do que uma possibilidade de ascensão social. a partir deste contexto, objetivamos com esta pesquisa analisar os limites e possibilidades de engajamento político entre os jovens do cursinho podemos mais heliópolis, situado na comunidade de heliópolis, na cidade de são paulo e vinculado à rede nacional de cursinhos populares podemos mais (rede podemos mais) organizada pelo levante popular da juventude (levante). para a análise de nosso objeto – os jovens do cursinho podemos mais heliópolis – fizemos um levantamento bibliográfico para compreender a situação atual dos jovens no brasil e buscamos compreender a sociedade de classes no contexto latino-americano e brasileiro, bem como as possibilidades de engajamento político entre os jovens neste cenário. além disso, consultamos documentos oficiais do levante e realizamos entrevistas com membros da secretaria da rede podemos mais e com os sujeitos participantes do cursinho – militantes do levante, educadores e educandos. ao longo da análise buscamos elucidar o papel da rede podemos mais na luta do levante popular da juventude e descrevemos a condição social e as expectativas dos jovens do cursinho podemos mais heliópolis. percebemos que o cursinho apresenta potencial para o engajamento político e social e também tem proporcionado ao levante se aproximar de moradores e organizações de luta existentes no bairro, tendo em vista constituir-se como referência no local. por outro lado, a experiência do cursinho aponta limitações relevantes quanto à aproximação e participação dos jovens – cujas condições de trabalho insatisfatórias, exposição à violência, condições precárias de moradia, cultura, lazer e educação não lhes permite fazer um cursinho ou quando fazem, não lhes deixa tempo e energia para engajar-se politicamente.