A docência no ensino superior, como tema de pesquisa, tem atraído crescente atenção de pesquisadores em educação em ciências, sendo a pedagogia universitária um campo teórico de reflexão e de proposições ao enfrentamento desse tema. a docência universitária remete a diferentes contextos de formação, dentre os quais os cursos de licenciatura, bacharelados, pós-graduações stricto sensu e lato sensu. considerando a importância desse tema para a formação de professores, nosso trabalho buscou investigar e problematizar a constituição da docência no ensino superior a partir de situações-limite inerentes ao curso de mestrado nacional profissional em ensino de física – universidade federal de rio grande (mnpef-furg). a pesquisa foi organizada numa sequência de etapas cíclicas, por meio de atividades de natureza teórica e empírica: i) levantamento de pesquisas na área da educação em ciências, tanto com foco na docência no ensino superior quanto na docência na física e o seu ensino; ii) estudo do contexto, em que se visou a leitura e análise de documentos que preconizaram a criação do mnpef; iii) levantamento e estudo sobre quem são os formadores que atuam no mnpef polo situado na furg e; iv) entrevistas semiestruturadas reflexivas. a análise partiu do estudo de possíveis situações-limite inerentes ao mnpef, as quais subsidiaram discussões das categorias analíticas que emergiram do contexto e falas dos sujeitos, com base na análise textual discursiva. as categorias “identidade formativa e profissional no reconhecimento do ser docente de física no ensino superior” e a denominada “a busca pelo ser mais – constituição da docência em física no mnpef-furg” exprimem indicativos de que a docência no ensino superior se constitui à medida que os próprios docentes percebem os problemas que emergem das relações pedagógicas estabelecidas com os professores-mestrando, alunos do curso. a identificação de tais problemas possibilitou, nesta pesquisa, o seu aprofundamento enquanto situações-limite, as quais foram denominadas “condições de trabalho” e “conteúdo e pesquisa”. nesse sentido, estas situações-limite reforçam nossos pressupostos iniciais de que parece haver um contrassenso organizar um mestrado profissional em ensino de física, deixando de reconhecer essa dimensão centrando-se apenas na falta do domínio de conteúdo de física. preocupação essa que é reforçada pelas reflexões de alguns dos docentes entrevistados, justificando que é isso o preconizado pelo mnpef. muito embora essa preocupação apareça, enquanto espaço formativo o mnpef-furg se mostrou profícuo em fazer emergir situações formativas significativas no tocante à relação docente – professor (mestrando), as quais extrapolam a formação desse segundo grupo de sujeitos, pois oferece ao docente formador de professores a possibilidade de refletir e buscar transformar sua própria prática docente. todavia, há que se reconhecer que mudanças na prática docente não são fáceis e rápidas, pois a consciência crítica não ocorre de modo instantâneo e isolado, é num processo coletivo (nesse caso, na forma de micro-coletivos). é nesse contexto pedagógico-formativo do mnpef-furg que identificamos as duas situações-limite conforme segue: i) condições de trabalho no mnpef-furg e ii) conteúdos formativos e pesquisa, que quando foram problematizadas no processo de diálogo oferecido por nossa investigação, fizeram com que os docentes do ensino superior resgatassem e refletissem sobre problemas de sua identidade profissional. ainda que esse momento possa ter sido pontual, ele demonstrou a potencialidade do processo formativo vivido no mnpef-furg. portanto, o mesmo sinaliza à possibilidade de o mnpef (em todo o seu conjunto de polos regionais) ser um importante espaço para à constituição e desenvolvimento da docência de formadores de professores, cuja formação é em contexto, isto é, na relação universidade-escola. também sinaliza que processos formativos em um contexto de pesquisa na área de ensino e em diálogos com professores-mestrando em atuação na educação básica possibilita ao docente universitário se reconhecer enquanto docente-formador de professor.