Populações naturais de algas estruturadoras vem sendo ameaçadas por forçantes antrópicas em todo planeta. entre as alterações humanas no ambiente marinho, aquelas relacionadas com as mudanças globais, como o aquecimento das águas e marine heatwaves destacam-se pela interação que exercem com estressores locais, como a eutrofização costeira. para entender como populações de diferentes províncias biogeográficas adaptam-se ao cenário interativo de estressores, o presente estudo avaliou experimentalmente os efeitos que ondas de calor marinhas (marine heatwaves) e eutrofização exercem sobre duas populações de sargassum cymosum (c. agardh, 1820). foram utilizadas amostras da província temperada quente de florianópolis (sc) e da província tropical de fernando de noronha (pe), para compreender os mecanismos de aclimatação das populações e prever o cenário de possível expansão de habitat da população tropical para regiões temperadas. as algas foram expostas por 12 dias aos tratamentos com duas temperaturas (25 ºc e 31 ºc) e duas condições de nutrientes (condição atual (can) e futura (cfn)). taxa de crescimento, análise in vivo da fluorescência da clorofila a e concentração do metabólito secundário fucoxantina das duas populações foram avaliadas em ambos tratamentos. ao avaliar o crescimento relativo das duas populações, observou-se que ambas apresentaram diferentes respostas para cada tratamento, porém ambas tiveram uma perda de biomassa quando expostas à elevada temperatura e maior concentração de nutrientes. em relação à eficiência fotossintética, não foi possível observar uma diferença significativa entre os tratamentos e populações. já na análise de fucoxantina, ambas as populações produziram maior concentração desse carotenoide quando expostas aos tratamentos com temperatura de 31°c. a partir dos dados observados neste trabalho, pode-se inferir que populações de sargassum cymosum localizadas em áreas mais pristinas e de menores latitudes teriam dificuldade de se fixarem em regiões de maiores latitudes e sob efeito de eutrofização. porém é importante observar que a interação entre o aumento de temperatura e do processo de eutrofização podem intensificar as mudanças abióticas. com isso, a avaliação da interação entre ambos os estressores é fundamental para a conservação de áreas de ocorrência de algas formadoras de dossel. especialmente, porque a redução dos efeitos da eutrofização mostra-se importante contribuinte à manutenção dos bancos de sargassum e de outras algas pardas estruturadoras, formadoras das florestas submersas no atlântico sul.