Estudos em humanos com sobrepeso ou obesidade têm mostrado que prebióticos e simbióticos podem ter efeito benéfico em marcadores inflamatórios e em indicadores bioquímicos e antropométricos do estado nutricional. no entanto, o número de estudos que avaliaram o efeito destes produtos alimentares nestes desfechos em indivíduos com sobrepeso ou obesidade é limitado. neste sentido, o objetivo desta tese de doutorado foi avaliar o efeito de prebiótico ou simbiótico em marcadores inflamatórios e indicadores do estado nutricional em indivíduos com obesidade mórbida. uma revisão sistemática foi realizada a fim de recuperar da literatura científica todos os ensaios clínicos randomizados e controlados que investigaram o efeito de prebióticos e simbióticos nos desfechos avaliados nesta presente pesquisa. os resultados mostraram que nenhum estudo avaliou o efeito de fruto-oligossacarídeo (fos) em citocinas inflamatórias e de simbióticos contendo fos em citocinas anti-inflamatórias, além de nenhum estudo ter sido conduzido em indivíduos com obesidade mórbida. adicionalmente, os estudos apresentavam importantes fragilidades e heterogeneidade metodológicas. a partir dos resultados obtidos, um ensaio clínico randomizado, placebo-controlado e triplo cego foi conduzido em 22 indivíduos adultos. um grupo recebeu prebiótico 11g/dia de fos, um grupo recebeu 11g/dia de simbiótico (fos, lactobacillus paracasei lpc-37 (2x109 ufc/dia), lactobacillus rhamnosus hn001 (2x109 ufc/dia), lactobacillus acidophilus ncfm (2x109 ufc/dia) e bifidobacterium lactis hn019 (2x109 ufc/dia)) e um grupo recebeu 11g de placebo (maltodextrina) durante 30 dias. marcadores inflamatórios (proteína c-reativa (pcr), il-1¿, il-6, il-8, il-10, il-12p70 e tnf-¿) e indicadores bioquímicos e antropométricos do estado nutricional (colesterol total, ldl-colesterol, hdl-colesterol, triglicerídeos, glicemia e insulina de jejum, hemoglobina glicada, índice homa-ir, peso corporal, índice de massa corporal (imc) e circunferência da cintura) foram avaliados. as análises não mostraram diferenças significativas entre os grupos após a suplementação. nas avaliações intra-grupo, houve redução significativa no colesterol total (-15,0 mg/dl; p=0,002), ldl-c (-17,0 mg/dl; p=0,030), hdl-c (-3,0 mg/dl; p=0,040), peso corporal (-2,6 kg; p=0,028) e no imc (-1,1 kg/m²; p=0,022) no grupo placebo, embora este grupo tenha apresentado a maior redução na ingestão energética (-17.000 kcal/mês). no grupo prebiótico houve aumento significativo na il-10 (+0,8 pg/ml; p=0,025), na il-12p70 (+42,1 pg/ml; p=0,036) e no tnf-¿ (+3,0 pg/ml; p=0,036). por outro lado, houve redução significativa no peso corporal (-2,0 kg; p=0,028) e no imc (-0,8 kg/m²; p=0,006), em proporção similar ao grupo placebo, no entanto, a redução na ingestão energética foi menor no grupo prebiótico (-1.000 kcal/mês). mesmo sem significância estatística, o grupo prebiótico apresentou o menor aumento de il-8 (+0,4 vs +2,0 vs +2,3 pg/ml), foi o único grupo que apresentou redução de il-6 (-0,7 vs +0,1 vs +1,1 pg/ml), além de ter apresentado a maior redução de pcr (-2,0 vs -1,5 vs -1,2 mg/l). no grupo simbiótico, foi observada redução significativa da circunferência da cintura (-3,0 cm; p=0,031), também com redução da ingestão energética menor que o grupo placebo (-8.500 kcal/mês). em conclusão, a suplementação de fos ou de simbiótico contendo fos podem representar potenciais adjuvantes no tratamento da obesidade mórbida por meio da redução de indicadores antropométricos e do aumento da il-10 plasmática.