O quotidiano da criança com transtorno do espectro autista (tea) e sua família é envolvido por singularidades, adaptações, (re)descobertas que permeiam as cenas da vida, propiciando cenários mais ou menos saudáveis. sabe-se que o tea é um transtorno invasivo do neurodesenvolvimento que vem aumentando sua incidência nos últimos anos. segundo estimativas internacionais, o tea atinge uma em cada 45 crianças tendo como características diagnósticas, déficits persistentes na comunicação social e na interação social em múltiplos contextos e padrões restritos e repetitivos de comportamentos, interesses ou atividades. por ser uma condição com características singulares, faz-se necessário buscarmos modos de cuidar que atendam as necessidades apresentadas por esse público e que possibilitem um cuidado sensível, propiciando melhor qualidade de vida a estas crianças e suas famílias. neste sentido, buscouse uma estratégia de cuidado que venha ao encontro das singularidades e sensibilidade que uma criança com tea demanda, como é o caso da intervenção assistida por animais (iaa). a iaa consiste em uma intervenção, com objetivos claros, e avaliação do processo, conduzida por profissionais qualificados, que utiliza o animal como parte integrante do processo terapêutico. assim, busca-se responder a seguinte questão de pesquisa: como é o quotidiano da criança com transtorno do espectro autista e de sua família que vivenciam a intervenção assistida por animais e qual é sua relação com a promoção da saúde? este estudo teve por objetivo compreender o quotidiano das crianças com tea e de suas famílias em vivência de intervenção assistida por animais e a sua relação com a promoção da saúde. trata-se de uma pesquisa de abordagem qualitativa, descritiva e exploratória, tendo como método o estudo de casos múltiplos holístico, fundamentada no referencial teórico da sociologia compreensiva e do quotidiano de michel maffesoli. o cenário deste estudo foi uma clínica particular em um município do sul do brasil. os participantes foram familiares de crianças com tea que fazem a iaa e profissionais que atenderam a criança e sua família na referida clínica, totalizando 16 participantes. a produção de dados ocorreu de setembro à dezembro de 2018, e teve como como fontes de evidência a entrevista aberta, o diário de campo e a análise de registro fotográfico. a análise de dados foi por meio da análise de conteúdo temática proposta por bardin com as etapas: pré-análise, exploração do material e tratamento dos resultados, inferência e interpretação. foram respeitados os preceitos éticos conforme resolução 466/2012. os resultados emergiram a partir de cinco categorias evidenciadas no estudo, possibilitando a compreensão do fenômeno que se deu, de maneira retrospectiva, retrocedendo na memória dos participantes do estudo ao relembrar os primeiros sinais até o diagnóstico do transtorno do espectro autista, alinhavado pela convivência e exclusão no quotidiano da família da criança com tea, sendo a primeira categoria analisada. a segunda categoria evidenciou o familiar que se apresenta como ser cuidador de criança com transtorno do espectro autista e o quotidiano da família e d e profissionais. a terceira categoria apresenta o quotidiano da família e criança com transtorno do espectro autista em terapia assistida por animais. a quarta categoria apresentou-nos as potências da intervenção assistida por animais no quotidiano da criança com transtorno do espectro autista e de sua família. a quinta categoria fez conhecer a dinâmica das sessões de intervenção assistida por animais com criança em condição de tea. os resultados deste estudo nos remetem à necessidade de uma visão ampliada, quando se aborda a criança com tea e sua família. evidencia-se a necessidade de acompanharmos as famílias desde os primeiros sinais de desenvolvimento atípico da criança, perpassando pelo diagnóstico, até a orientação, para a maneira mais adequada de realizar o cuidado, incluindo todo o grupo familiar. nesse contexto, a iaa se mostrou afetiva, portanto efetiva para o bem estar da criança e da família ao delinear uma maneira de cuidar, que integra os animais e respeite os modos de ser, sentir e conviver das crianças e famílias em situação de tea, colaborando para a promoção de um quotidiano mais saudável.