Entre 1956-1959, uma nova esquerda política e social formou-se no reino unido da grã-bretanha e irlanda do norte. a new left britânica surgiu a partir da recusa de militantes e intelectuais em acatar as determinações do “comunismo oficial” ditado pela urss, do resgate de tradições revolucionárias anteriores, e do desenvolvimento de um marxismo considerado “não-ortodoxo” e “dissidente” que tentava incorporar várias das demandas trazidas pelos novos movimentos sociais que apareceram em meados do século xx. porém, o ímpeto militante que o movimento apresentava durante o começo da década de 1960 foi confrontado pela realidade de uma população que, em meio à bonança econômica, mostrava-se avessa a mudanças radicais na estrutura socioeconômica. após transições importantes entre 1962-1963 e depois entre 1967-1968, o movimento passou a estar, na prática, dividido entre a primeira e a segunda geração de seus militantes e intelectuais. cada uma dessas gerações possuía diferentes perspectivas sobre militância política, socialismo, revolução e transformação social. durante as décadas seguintes, ambas buscaram intervir na realidade britânica, discutindo conceitos, vivenciando eventos e experimentando processos históricos nos quais estiveram inseridas e tentaram influenciar até sua completa dissolução entre 1989-1991. considerando a new left britânica ter sido simultaneamente um projeto intelectual e político, e analisando as ideias em seus respectivos contextos, pode-se vislumbrar sua influência na reformulação da cultura política socialista e nas transformações da própria ideia de socialismo ao longo do período.