Desde a constituição federal de 1988, a disputa por um projeto educacional hegemônico entre distintos setores da sociedade vem ganhando novos contornos e atores. acreditamos que a disputa pela hegemonia de um projeto educacional significa também uma disputa sobre os sentidos sobre ciência e tecnologia (c&t) que circulam nas escolas. levando em consideração a grande abrangência da confederação nacional da indústria (cni) no território nacional e seu papel dinâmico e interventivo na formulação de políticas públicas para a educação, o presente trabalho tem por objetivo analisar os sentidos sobre c&t no discurso da entidade industrial com vistas a compreender os efeitos sobre a estruturação da formação científica e tecnológica na educação básica nacional. para tal, investigamos os principais documentos emitidos pela organização: “a indústria e o brasil: uma agenda para crescer mais e melhor” de 2010; “educação para o mundo do trabalho: documento conceitual” de 2013 e “educação para o mundo do trabalho: a rota para a produtividade” de 2014. estes documentos versam sobre a importância e os desafios da formação educacional do trabalhador frente aos avanços tecnológicos e ao sistema de acumulação flexível de produção pautado nos princípios da inovação, produtividade e competitividade que demandam outras habilidades e competências do trabalhador. diante deste contexto, ao nos alinharmos a uma perspectiva crítica e transformadora de educação, temos também por objetivo compreender a constituição contextual e epistêmica dos documentos da cni com o intuito de refletir sobre a possibilidade da construção de uma cidadania sociotécnica e de uma educação científica e tecnológica (ect) decolonizada. de acordo com esta perspectiva, será traçado um diálogo entre os estudos sociais da ciência e da tecnologia (esct) latino-americanos, os estudos de colonialidade do saber e do poder, com o aporte teórico-metodológico da análise de discurso (ad) de linha francesa.