Os resultados e discussões aqui relatados partem de uma pesquisa localizada no âmbito dos estudos sobre a biopolítica e dos mecanismos regulatórios do poder. a proposta foi compreender como se articulam determinados discursos e a partir de quais enunciados se configuram uma determinada verdade sobre a noção de família. para tanto, problematizou-se e foram colocados em análise mecanismos de saber/poder a partir da análise sobre o projeto de lei 6583/13 (estatuto da família) e de seu campo de correlações de forças. o operador analítico escolhido foi o projeto de lei estatuto da família e, principalmente, o parecer favorável que foi emitido em comissão especial. ambos foram compreendidos como instrumentos utilizados diante de uma estratégia para a regulação dos corpos e sexualidades, a partir da construção de uma verdade sobre o dispositivo “família”. verificou-se a heteronormatividade como uma forma de poder, que opera como um mecanismo de sujeição marcado pela estratégia regulatória do que é compreendido, ou não, como família para o estado brasileiro. criticou-se, por fim, as concepções essencialistas e totalizantes de família e sexualidade nos dispositivos analisados, apontando uma discriminação que se apresenta a nível de intencionalidade e que produz efeitos políticos, culturais e subjetivos.